Pesquisadores desenvolvem teste caseiro para identificar nefrite e proteger os rins do lúpus

DO TEXTO: Como os surtos de nefrite são difíceis de reconhecer porque seus sintomas muitas vezes se confundem com resfriado, gripe ou apenas cansaço, o diagnóst

Homem com dores nos rins.


Equipe da Universidade de Houston criou novo método caseiro para diagnóstico precoce e monitoramento da nefrite lúpica, ou inflamação dos rins


São Paulo – março de 2023 - Pacientes que sofrem com lúpus eritematoso sistêmico podem ter uma série de problemas no organismo, uma vez que o sistema imunológico ataca os próprios tecidos e, em níveis avançados, pode atingir órgãos internos, como os rins. “Quando isso acontece, a inflamação é chamada de nefrite lúpica. Ela provoca inflamação e lesões nos pequenos vasos responsáveis por filtrar as toxinas do organismo. Dessa forma, o rim deixa de conseguir funcionar normalmente e surgem sintomas como sangue na urina, pressão alta e dores nas articulações”, detalha a Dra. Caroline Reigada*, médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Como os surtos de nefrite são difíceis de reconhecer porque seus sintomas muitas vezes se confundem com resfriado, gripe ou apenas cansaço, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar uma cascata de danos aos rins”, acrescenta a médica. A boa notícia é que uma equipe de  pesquisadores da Universidade de Houston desenvolveu recentemente um novo método caseiro para o diagnóstico precoce e monitoramento da nefrite lúpica.

Se você fez um teste de gravidez ou COVID-19 em casa, então você fez o que é cientificamente chamado de teste de fluxo lateral (LFA), uma ferramenta de diagnóstico amplamente utilizada por seus resultados rápidos, baixo custo e facilidade de operação. O teste criado pela equipe usa a mesma tecnologia para avaliar a nefrite lúpica, uma das complicações mais graves para pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. “O teste caseiro - com resultados lidos em um smartphone - destina-se a substituir eventualmente o padrão-ouro para o diagnóstico de nefrite lúpica ativa, uma biópsia renal invasiva. O teste avalia os níveis de um gene de codificação de proteína conhecido como ALCAM e é feito por meio da urina”, explica a Dra. Caroline.

O ALCAM urinário (uALCAM) mostrou alta precisão diagnóstica para atividade de patologia renal na nefrite lúpica ativa, segundo o estudo. "Os testes de fluxo lateral para uALCAM exibiram excelentes precisões na distinção entre nefrite lúpica ativa e controles saudáveis, segundo o estudo", conta a médica. O teste caseiro teve 86% de precisão para distinguir a nefrite lúpica ativa de todos os outros pacientes lúpicos. Utilizando os biomarcadores ALCAM, os pesquisadores criaram também o aplicativo para smartphone e o kit de teste com base na tecnologia subjacente aos testes de gravidez caseiros. "O monitoramento periódico do uALCAM usando este teste caseiro e fácil de usar pelo paciente pode potencialmente acelerar a detecção precoce de envolvimento renal ou exacerbações da doença em pacientes com lúpus e, portanto, reduzir a morbidade e a mortalidade", comemora a médica.

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, 65 mil pessoas sofrem com lúpus no Brasil, a maioria mulheres. "A importância de uma plataforma de teste caseira reside em seu potencial para capacitar os pacientes a monitorar seu estado de saúde com conveniência, permitindo assim o diagnóstico precoce e o monitoramento da progressão da doença. "Isso pode permitir a instituição proativa de estratégias terapêuticas e até mesmo preventivas na nefrite lúpica, minimizando os efeitos colaterais relacionados ao tratamento”, finaliza a nefrologista.
 
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*DRA. CAROLINE REIGADA: Médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A médica é especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, a Dra. Caroline Reigada participa periodicamente de cursos e congressos, além de ter publicado uma série de trabalhos científicos premiados. Participou do curso “The Brigham Renal Board Review Course” em Harvard. Atualmente é médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracar

 


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