Após aborto espontâneo, é hora de buscar ajuda profissional

DO TEXTO: Estima-se que de 15 a 25% de todas as gestações possam terminar em abortos. Alguns são muito precoces, com poucos dias de atraso menstrual, e a mulher

Mulher e feto


Em caso de aborto de repetição, tratamentos específicos devem ser recomendados. A técnica da Fertilização in Vitro, por exemplo, pode ajudar a selecionar embriões cromossomicamente normais

 
 
São Paulo – 08/03/2023 - Os abortos compreendem um dos momentos mais tristes e delicados na vida de uma mulher. Além dos riscos para a saúde física, são grandes causas de frustrações e problemas emocionais. “Infelizmente, os abortos são muito comuns, mais do que se imagina. Estima-se que de 15 a 25% de todas as gestações possam terminar em abortos. Alguns são muito precoces, com poucos dias de atraso menstrual, e a mulher talvez nem soubesse que estava grávida. A maioria dos abortos acontece por causas genéticas e são bem no início da gravidez. Mas temos outras causas, que são múltiplas, desde malformações do útero, passando por problemas de coagulação, de imunidade, hormonais, chegando a outras possibilidades, como infecções”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. “Se a mulher tem mais de dois abortos consecutivos, chamamos de abortos de repetição, ela deverá procurar um médico especialista para descobrir a causa e prevenir novas ocorrências”, acrescenta. Técnicas de reprodução assistida podem ajudar nesse caso.

Segundo o médico, há inclusive situações em que o aborto não acontece por completo e a placenta não é eliminada totalmente, o que é chamado de aborto retido. “Esse material retido no útero pode ser muito perigoso e causar infecções, calcificações, tromboses, sangramentos intensos e, em casos extremos, pode ser letal”, explica. Assim, se o material não for eliminado totalmente do útero, pode ser necessário um procedimento médico, a curetagem ou uma aspiração com uma seringa especial, de plástico, a chamada AMIU (aspiração manual intrauterina). “Ela é realizada em ambiente hospitalar, com anestesia, e visa remover os tecidos da gravidez que ainda não se descolaram do útero”, diz o médico. Dependendo do tempo que o aborto aconteceu, da quantidade de material retido e de outras situações clínicas da paciente, a curetagem pode ter riscos de perfurações do útero ou mesmo de grudar suas paredes internamente. “Essas complicações de um aborto podem mesmo fazer a mulher perder o útero ou ter dificuldades para engravidar depois”, destaca o especialista.

No entanto, não há motivos para pânico. Descobertos bem no início e acompanhados por um médico, os abortos resolvem-se em segurança e sem deixar sequelas. “Ainda existe uma hipótese, não comprovada, de que a cada gravidez – mesmo que termine em aborto – o organismo materno passa a ‘reconhecer’ o material genético paterno presente no embrião. Um mecanismo similar à memória imunológica. Assim, com o tempo, uma nova gestação não será entendida mais como ‘corpo estranho’ e poderá se desenvolver sem terminar em aborto”, diz o médico. Mas os abortos devem sempre ser tratados com atenção. “Em caso de repetição, um tratamento específico deve ser procurado. O profissional de Reprodução Assistida será capaz de ajudar o casal a partir da identificação das causas. Descobrindo a causa, o tratamento pode ser iniciado e realizado de diversas formas, de acordo com a necessidade de cada paciente. Dependendo das causas do aborto de repetição, pode ser recomendada uma mudança de hábitos, mas também pode ser necessário realizar uma FIV (Fertilização in vitro) para que a mulher tenha condições de engravidar novamente – e a técnica pode ajudar a selecionar embriões cromossomicamente normais. A gestação deve ser minuciosamente acompanhada pela equipe de especialistas”, destaca o médico.

A boa notícia é que, independentemente das causas do aborto de repetição, mulheres que passaram por esta situação possuem 70% de chance de engravidar e ter uma gestação saudável. “O mais correto a se fazer é procurar um especialista”, finaliza o Dr. Fernando.
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*DR. FERNANDO PRADO  - Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres - Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita - Reprodução Humana.

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