Atletas profissionais e amadores estão imunes ao desenvolvimento de coágulos sanguíneos?

DO TEXTO: Atletas e praticantes regulares de atividade física também podem sofrer com trombose.

Atleta agarrando a perna.

Ao contrário do que se pensa, atletas e praticantes regulares de atividade física também podem sofrer com trombose.

São Paulo – novembro 2022 - A trombose venosa profunda é uma condição caracterizada pelo desenvolvimento de um coágulo sanguíneo no interior das veias das pernas que impede a passagem do sangue e, em casos mais graves, pode se desprender da parede da veia e correr pela circulação até chegar ao pulmão, causando uma embolia pulmonar que pode resultar até mesmo em morte súbita. De acordo com a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita*, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, um dos principais cuidados que auxilia na prevenção desses coágulos sanguíneos é a prática regular de atividade física. Isso não quer dizer, porém, que atletas amadores e até mesmo profissionais estejam livres do risco de desenvolverem trombose. “Na verdade, atletas, principalmente os profissionais, possuem um risco maior de desenvolverem a doença devido a fatores como fraturas e lesões causadas pela prática esportiva e longas viagens de avião para participar de campeonatos internacionais”, alerta a médica.

Em 2011, por exemplo, a tenista e medalhista olímpica Serena Williams, considerada uma das maiores e melhores atletas de todos os tempos, teve complicações de um coagulo sanguíneo após sofrer uma lesão no pé. O resultado foi uma embolia pulmonar e a atleta teve que passar por uma cirurgia para extração do coágulo presente nos pulmões. “Essa situação pode acometer indivíduos que sofreram fraturas e lesões tanto por conta do impacto nos vasos sanguíneos causado pelo acidente quanto pelo alto risco do problema em pacientes hospitalizados, que passaram por cirurgias ou que estão em longos períodos de imobilidade devido a uma deficiência na circulação sanguínea”, explica a especialista. “As longas viagens frequentemente realizadas por atletas também contribuem para o problema já que, durante o trajeto, as pernas tendem a permanecer na mesma posição por muito tempo, o que faz com que o sangue não circule corretamente, pois não há contração dos músculos da panturrilha. Esta circulação incorreta faz com que o sangue migre das veias para pequenos espaços nos tecidos ao redor, ocasionando inchaço e, consequentemente, coágulos sanguíneos, trombose ou até mesmo embolia pulmonar.”

Embora Serena Williams tenha se recuperado do quadro, essa não é uma realidade para todos que sofrem com trombose. Na verdade, 1 em cada 4 pessoas morrem de complicações relacionadas ao desenvolvimento de coágulos sanguíneos. Por isso, é importante investir em cuidados que visem a prevenção de coágulos sanguíneos, como utilizar meias esportivas de compressão, levantar-se e exercitar as pernas durante voos longos e beber muita água. Além disso, a Dra Aline ressalta que é importante ficar atento aos sinais da trombose, que, além de dor na perna, principalmente na região da panturrilha, também incluem inchaço persistente, calor, sensibilidade e vermelhidão. Mudança de cor na região e dificuldade de locomoção também podem indicar a presença de um coágulo sanguíneo nas pernas. “E a atenção com a doença deve ser redobrada por aqueles atletas que possuem outros fatores individuais que agravam o risco de trombose, como tabagismo, uso de hormônios e pílulas anticoncepcionais, portadores de câncer e varizes, maior predisposição a coagulação sanguínea e gestantes”, alerta.

Então, caso você note tais sintomas, o mais importante é que você consulte um cirurgião vascular, que poderá prescrever um tratamento individualizado para evitar que a doença evolua para uma embolia pulmonar, que possui como sintomas dor no peito, tosse, cansaço e falta inesperada de respiração. “Geralmente, o tratamento da doença inclui o uso de medicamentos anticoagulantes, que vão ajudar na redução da viscosidade do sangue e na dissolução do coágulo, impedindo assim que esse cresça e avance para outras regiões e também evitando a ocorrência de novos quadros de trombose. Porém, no caso de atletas, principalmente daqueles que praticam esportes de contato, o retorno às atividades físicas e treinos deve ser realizado apenas após liberação médica, já que alguns medicamentos desse tipo, quando utilizados por atletas de certas modalidades, podem favorecer o aparecimento de sangramentos e hemorragias durante a prática física que podem oferecer risco à vida”, finaliza a Dra. Aline Lamaita.

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*DRA. ALINE LAMAITA -  Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular

 


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