Da dieta ao tipo de cueca, saiba como otimizar a fertilidade masculina

DO TEXTO: As principais causas de infertilidade masculina estão ligadas a hábitos de vida.

Representação de espermatozóides.


Mudança de hábitos pode ser a solução em alguns casos


Cerca de 30% dos casos de infertilidade corresponde a um fator exclusivamente masculino e 20% um fator masculino e feminino conjuntamente.

São Paulo – 17/08/2022 - Enquanto a idade é a principal causa da infertilidade feminina – já que o envelhecimento culmina na perda da reserva ovariana – nos homens, o estilo de vida pode estar mais correlacionado aos problemas de fertilidade. E alguns desses hábitos podem ir minando as chances de gravidez. “A chance de um casal normal conceber em três meses é de 20% a 37%, 75% em seis meses e 90% em um ano. Dos casais que não concebem no primeiro ano, cerca de 50% conceberão no ano seguinte. Casais que tentaram sem sucesso conceber devem consultar um especialista em fertilidade. Cerca de 30% dos casos de infertilidade são devidos apenas a um fator masculino. Outros 20% envolvem fatores masculinos e femininos, por isso ambos devem ser investigados”, destaca o Dr. Rodrigo Rosa*, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.

As principais causas de infertilidade masculina estão ligadas a hábitos de vida: obesidade, tabagismo, abuso de álcool, alimentação inadequada, sono não reparador e sedentarismo. Elas costumam influenciar na qualidade, quantidade e motilidade do espermatozoide. A primeira maneira de um médico avaliar a fertilidade masculina envolve um exame físico e histórico médico. “Depois disso, o sêmen é avaliado. O sêmen é normalmente coletado em um recipiente estéril por masturbação. O teste de sêmen fornece informações importantes sobre a quantidade, movimento e forma do esperma. Se a contagem de espermatozoides for normal e os espermatozoides tiverem forma normal e se moverem normalmente, o homem provavelmente não sofre com infertilidade. Se os resultados forem anormais, o esperma deve ser examinado. Doenças ou medicamentos ingeridos três meses antes podem prejudicar o esperma ejaculado no dia do exame. Exames de sangue hormonais também podem ser usados para ajudar a avaliar problemas de fertilidade masculina”, explica o médico.

Longos períodos de abstinência podem diminuir a qualidade do esperma, segundo o especialista. “Os casais devem ter relações sexuais pelo menos duas a três vezes por semana durante o período fértil. Um casal tem mais chances de gravidez se tiver relações sexuais a cada um ou dois dias durante a janela fértil, e uma gravidez é mais provável se um casal tiver relações sexuais dentro do período de seis dias que termina no dia em que um óvulo é liberado (ovulação)”, explica o Dr. Rodrigo.

Algumas causas de infertilidade masculina dizem respeito a problemas de saúde, como a varicocele, que é a dilatação e varizes das veias da bolsa testicular. Existem também fatores genéticos responsáveis pela ausência total ou presença de poucos espermatozoides. As técnicas de reprodução assistida podem ser indicadas nesses casos. Quando a questão é correlacionada a hábitos de vida, existem algumas orientações:

Dieta – A obesidade tem sido claramente associada a uma produção prejudicada de esperma. “Homens com excesso de peso interessados em otimizar a fertilidade devem tentar atingir um peso corporal ideal. No prato, antioxidantes como as vitaminas E e C são encontrados em frutas e vegetais e devem ser ingeridos com mais frequência. Eles têm relação com um ligeiro aumento na contagem de espermatozoides e de seus movimentos. A dieta deve ser equilibrada e saudável”, afirma o médico.

Tabagismo e uso de drogas recreativas – O tabagismo está associado à redução da qualidade do esperma. Homens que estão tentando ter um filho devem considerar parar de fumar imediatamente. “Além disso, drogas recreativas, incluindo esteroides anabolizantes e maconha, estão associadas à função prejudicada do esperma. Eles não devem ser usados”, explica o médico.

Shorts ou cuecas boxers influenciam – Alguns estudos sugerem que usar roupas íntimas curtas e apertadas pode aumentar a temperatura ao redor do escroto e causar uma diminuição na qualidade do esperma. “Escolher a cueca boxer é uma maneira de evitar isso. A evidência desses estudos é inconclusiva. Independentemente disso, evitar situações que aumentem a temperatura escrotal (como banheiras de hidromassagem ou laptops no colo) pode melhorar a quantidade e a qualidade do esperma. Da mesma forma, alguns medicamentos, juntamente com condições médicas crônicas e febres altas, podem prejudicar a capacidade do corpo de produzir esperma. Pergunte ao seu médico como seus medicamentos ou condições afetam seu potencial de fertilidade”, destaca o Dr. Rodrigo.

Outras recomendações – Como muitos aspectos de nossa saúde, a fertilidade de um homem melhora com a adoção de um estilo de vida saudável. Manter um peso ideal, uma dieta rica em antioxidantes (encontrados em frutas e vegetais), bem como multivitaminas podem melhorar a qualidade do esperma. “Reduzir o estresse e controlar condições médicas crônicas, como pressão alta e diabetes, também podem melhorar as chances de um homem engravidar sua parceira. Também é indicado começar uma atividade física, não só para controle do peso, como também para potencializar o sistema antioxidante endógeno e controle do estresse”, diz o médico. “Lembre-se de que tais mudanças no estilo de vida do homem levarão quase três meses para mostrar uma melhora no esperma. Casais com condições médicas ou genéticas subjacentes devem consultar um médico para que possam aprimorar sua saúde geral antes de conceber”, finaliza.

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*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

 


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