A melhor forma de matar uma pessoa é subtrair-lhe o futuro

DO TEXTO: Às vezes, só de saber com antecedência, o que o futuro nos reserva, já ficamos mal ou nos sentimos bem.

Há alguns anos li uma frase: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo” de Peter Drucker e, inspirada nela resolvi escrever este artigo, pois entender que a melhor forma de matar uma pessoa é subtrair-lhe o futuro, é fundamental para pensar nossa educação emocional (principalmente de forma assertiva) e os entraves do dia a dia. Isso porque nós, seres humanos, vivemos o hoje baseando-nos na projeção de nosso futuro.

Por: Marilene Lima*

Há alguns anos li uma frase: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo” de Peter Drucker e, inspirada nela resolvi escrever este artigo, pois entender que a melhor forma de matar uma pessoa é subtrair-lhe o futuro, é fundamental para pensar nossa educação emocional (principalmente de forma assertiva) e os entraves do dia a dia. Isso porque nós, seres humanos, vivemos o hoje baseando-nos na projeção de nosso futuro. 

A propósito do meu trabalho em clínica, sala de aula e como escritora, pautada na leitura psicanalítica e analítica dos Contos de Fadas, lembro aqui que, com a jovem sem mãos (conto dos irmãos Grimm) não foi diferente, vemos sua trama ou seu destino na história de muitas e muitos que por nós passam ou, algumas vezes no nosso próprio roteiro de vida.

No conto, por causa de certa ganância do pai da Jovem, ele promete a um desconhecido “o que está atrás da macieira”. O que ele não sabia, contudo, era que se tratava se sua filha e, o homem com o qual pactuou era ninguém mais ninguém menos que o diabo, na forma de despretensioso benfeitor, e mais, ao não querer pagar sua “dívida” para com ele, este o ordena que então, corte as mãos de sua filha. Isso mesmo: as mãos de sua filha única. O que o pai fez mesmo contrariado.

O que o diabo tirou da donzela, na verdade, foi o domínio sobre seu futuro. Muitas vezes não é o nosso presente que determina nosso estado de ânimo ou nossa energia e felicidade, e sim nosso futuro. Já reparou que muitas pessoas dizem: "Estou infeliz, mas não sei o porquê”; “Tá tudo bem, tá tudo corrido, mas correndo normalmente"; ou "Nem tempo de pensar na vida tenho, mas sei e sinto que estou triste". Muitas e muitos vieram a mim nos últimos 25 anos reclamar sua dor.

Por que isso acontece? Vida líquida, tempo efêmero e qualidade de vida duvidosa? Porque às vezes o que você queria não era isso: era mais, ou era menos!

O futuro projetado na nossa cabeça é que costuma levar o ser humano (único ser vivente capaz de projetar o futuro) a ficar triste ou alegre no presente, de acordo com o futuro que ele mesmo projeta. Vou exemplificar para você: se eu penso num fim de semana radiante, eu fico feliz; se eu penso num fim de semana melancólico, eu fico triste. Quando a jovem do conto (que ainda não era sem mãos) estava ali "levando a vida e deixando a vida lhe levar", varrendo o quintal de um lado para o outro, sem estímulos, sem pensar na vida que queria e, portanto, entediada, fazia o que a dinâmica da casa estipulava e não o contrário (não era ela quem estipulava a dinâmica da casa) e algo parecido acontecia também ao seu pai, que foi presa fácil para o demônio e suas artimanhas. 

Às vezes, só de saber com antecedência, o que o futuro nos reserva, já ficamos mal ou nos sentimos bem. Assim acontece quando estamos instalados no passado e depressivos, ou quando mudamos o foco e simplesmente encetamos metas e olhamos para o futuro, aquilo que imaginamos que vai acontecer já nos faz felizes ou tristes, truculentos ou carinhosos, animados e entusiasmados ou acabrunhados e carrancudos. 

O ser humano não é só memória, ele é também evocação. Supomos que você possa estar “comendo o pão que o diabo amassou” num determinado mês do ano, mas sabe que, em breve, as férias chegarão e que para dezembro já está tudo preparado e você estará desfrutando suas férias descansando em uma praia paradisíaca, você logo se tornará radiante novamente, pois não é seu presente que te determina e sim o seu futuro (ou a projeção que você faz dele). Pense nisso!

(*) Marilene Lima - Psicóloga com foco no autoconhecimento através da Psicanálise dos Contos de Fadas e em auxiliar a decifrar a Si mesmo/a e as pessoas através deles, também é Neuropsicóloga, Psicanalista e Mestre em Educação com foco na Educação Emocional Assertiva, com mais de 30 mil atendimentos e 25 mil alunos nos 25 a 30 anos de profissão. Autora de 11 livros, dentre eles do “Decifra-te! E as pessoas...” pela Literare Books. Preside o Instituto Edukaleidos onde supervisiona e coordena atualmente os projetos “Divã Popular”, “Equoterapia” e“PetitPierrot:DiferentesLinguagens”.Instagram: @marilene.lima.psi - Instituto Edukaleidos: https://www.institutoedukaleidos.org.br/


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