A pesquisa sugere que pessoas com mutações genéticas raras podem ter 54% menos probabilidade de desenvolver obesidade. Estudo foi publicado na revista científica Science em julho
São Paulo – 12/01/2022 - Cientistas identificaram um grupo de variantes genéticas raras que ajudam a proteger as pessoas contra a obesidade, seguindo um dos estudos mais abrangentes até hoje sobre a genética por trás da doença.Pesquisadores do Regeneron Genetics Center analisaram dados genéticos de mais de 640.000 pessoas do México, Estados Unidos e Reino Unido para encontrar novos insights sobre a base genética da obesidade. “O estudo, publicado na revista Science em julho, descobriu que pessoas com mutações genéticas raras no gene GPR75 tinham um risco 54% reduzido de obesidade e, em média, tendiam a pesar cerca de 5 quilos a menos do que aquelas sem as mutações”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady*, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene. “A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Define-se um indivíduo como obeso quando este apresenta índice de massa corporal (IMC) maior que 30, sendo que as principais causas para esse problema incluem uma alimentação desbalanceada, principalmente rica em açúcar e gorduras, e o sedentarismo, ou seja, a falta de prática regular de atividades físicas”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Segundo o geneticista, estima-se que de 40 a 70% da variação na suscetibilidade à obesidade e perda de peso seja determinada pelos genes. “O tipo genético de cada organismo ajuda a explicar o motivo de diferentes pessoas ganharem ou perderem peso de forma distinta mesmo seguindo uma dieta igual e praticando a mesma quantidade de exercícios físicos”, destaca o Dr. Marcelo Sady. O geneticista destaca que a obesidade é responsável por uma carga substancial e crescente de doenças em todo o mundo. “A adiposidade corporal é altamente hereditária e os estudos genéticos humanos podem levar a descobertas biológicas e terapêuticas”, conta.
No estudo, os pesquisadores sequenciaram os exomas (fração do genoma que codifica os genes) de 645.626 indivíduos do Reino Unido, EUA e México e estimaram as associações de variantes de codificação raras com o índice de massa corporal (IMC), uma medida da adiposidade geral usada para definir a obesidade na prática clínica. Eles identificaram 16 genes para os quais a carga de variantes raras estava associada ao IMC em significância estatística. “Enquanto variantes raras de proteínas nos genes UBR2, ANO4 e PCSK1 foram associadas a chances mais de duas vezes maiores de obesidade, variantes no gene GPR75 levam a maior resistência ao aumento de peso e melhor controle do índice glicêmico. Esses resultados sugerem que a inibição de GPR75 pode ser uma estratégia terapêutica para a obesidade e ilustram o poder do sequenciamento de exoma em grande escala para a identificação de associações de variantes de codificação de grande efeito e alvos de medicamentos”, diz o geneticista.
Tratamento – Para quem já sofre com obesidade, o ideal é consultar um médico nutrólogo. “Evite a todo custo receitas milagrosas para emagrecer e dietas extremamente restritivas encontradas na internet, já que, além de não serem realmente eficazes no emagrecimento, essas mudanças drásticas nos hábitos alimentares, como restrição de grupos alimentares e diminuição de calorias e refeições, podem oferecer riscos à saúde quando realizadas sem acompanhamento médico”, alerta a especialista Dra. Marcella Garcez*. Esses episódios de restrição, geralmente, são seguidos de compulsão alimentar, o que piora a chance de manutenção do peso adequado. “O médico especializado é capacitado para prescrever um plano de emagrecimento e combate à obesidade realmente eficaz e saudável, levando em conta as necessidades e características de cada indivíduo”, diz a Dra. Marcella Garcez.
Conhecer as alterações genéticas de cada indivíduo e basear-se nos genes para elaborar uma abordagem nutricional personalizada também pode ser extremamente interessante para ajudar a controlar o peso corporal, diminuir o risco de obesidade e otimizar a perda de peso, segundo o geneticista Dr. Marcelo Sady. “O laudo do exame de nutrigenética fornece justamente informações detalhadas sobre o seu DNA e genes de cada pessoa, que podem ser interpretadas pelo médico nutrólogo para que as recomendações de dieta, nutrição e prática de atividade física sejam específicas para as necessidades e características de seu organismo, auxiliando assim na otimização do controle do peso e na prevenção de doenças. A partir do momento em que entendemos as alterações genéticas que possuímos, podemos realizar mudanças pontuais em nossos hábitos para balancear a ação dos genes e garantirmos a manutenção de nossa saúde”, finaliza o especialista.
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.
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