O seu DNA deve determinar como deve ser sua rotina de cuidados com a pele?

DO TEXTO: O nosso estilo de vida, nossa alimentação, nível de atividade física e nível de estresse modulam a nossa suscetibilidade genética a desenvolver doença

Todos os dias, pessoas entram em farmácias e escolhem produtos com base nos apelos de marketing e rótulos, de acordo com a alteração que acreditam ter na pele. Pode dar certo, mas há uma chance grande de dar errado. É o famoso método da ‘tentativa e erro’. Mas esse é realmente o melhor caminho?


No mundo, a tendência ganha destaque com o lançamento da marca baseada na personalização pelo DNA, Know Beauty, da atriz Vanessa Hudgens com a cantora Madison Beer. Mas saiba que o melhor a fazer é procurar um dermatologista e depois um exame de dermatogenética


São Paulo – 24/08/2021 - Todos os dias, pessoas entram em farmácias e escolhem produtos com base nos apelos de marketing e rótulos, de acordo com a alteração que acreditam ter na pele. Pode dar certo, mas há uma chance grande de dar errado. É o famoso método da ‘tentativa e erro’. Mas esse é realmente o melhor caminho? “A orientação do dermatologista é fundamental, já que ele pode definir o que é melhor para cada pele e ajudar a organizar a rotina de cada um de acordo com as suas necessidades”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Mas, além do dermatologista, há o exame de dermatogenética, que consegue dar mais informações ao médico para prescrever a melhor rotina ao paciente. “Somos resultados da interação dos nossos genes com fatores ambientais. O nosso estilo de vida, nossa alimentação, nível de atividade física e nível de estresse modulam a nossa suscetibilidade genética a desenvolver doenças e alterações, inclusive de pele. Mas sabemos que qualquer suscetibilidade genética pode ser amenizada com hábitos saudáveis, principalmente uma alimentação adequada e personalizada com base no nosso Genótipo, e no caso da pele, uma rotina de skincare com produtos altamente personalizados, que permitem uma melhor estimativa das nossas necessidades individuais”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene, responsável pelo exame de dermatogenética. Saber as características genéticas da nossa pele é importante, inclusive, para traçar um plano com procedimentos em consultório médico.

No mundo, a tendência ganha destaque com o lançamento da marca Know Beauty, da atriz Vanessa Hudgens com a cantora Madison Beer. A proposta da marca é justamente oferecer uma linha de cuidados baseada na personalização do DNA – e você compra um kit para o teste genético antes de receber os produtos. “Os nossos genes estão especialmente envolvidos em diversas alterações da pele. Algumas pessoas contam com menor atividade de um determinado gene, que está envolvido na síntese de colágeno ou na atividade antioxidante, por exemplo”, explica a farmacêutica Maria Eugenia Ayres, Gestora Técnica da Biotec. No Brasil, o teste está disponível e serve de substrato para os dermatologistas orientarem as rotinas de cuidados. “Através da saliva, os exames analisam o DNA de sua pele e apontam especificidades como propensão à acne ou ao fotoenvelhecimento, nível de sensibilidade e reatividade e até mesmo a capacidade de cicatrização do tecido cutâneo. A vantagem é que eles ajudam o dermatologista a indicar o que é melhor para a pele de cada paciente levando em consideração seu gene, o que faz com que seja possível uma abordagem mais precisa para a rotina de cuidados com a pele de cada um, com produtos e tratamentos específicos para oferecer o que o tecido cutâneo mais necessita”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff.

Segundo o Dr. Marcelo Sady, é possível avaliar minuciosamente a composição genética de cada paciente, quais são as mutações que ele apresenta, se estas são totais (com os dois alelos comprometidos) ou parciais (com apenas um dos alelos alterados), demonstrando quais são as predisposições a que essa pele está disposta pela herança hereditária que vem mapeada no código de cada um. “Por exemplo, o genótipo do gene MMP1 está relacionado a uma degradação do colágeno oito vezes maior que o normal após a exposição solar. É possível ver, além disso, a carência de genótipos de genes como SOD2 e CAT, o que compromete a capacidade antioxidante da pele em responder bem contra a ação dos radicais livres. Ou seja, essas características predispõem o paciente a ter mais rugas, sofrer mais com o fotoenvelhecimento”, afirma o Dr. Marcelo. “Existe também o genótipo do gene COL1A1, ligado à menor produção de colágeno. Isso tem alta influência no resultado de tratamentos cosméticos e também em consultório. Por isso, o médico pode turbinar esses tratamentos por meio da indicação de suplementos, que trarão substratos para maior produção de colágeno”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady. “Existem substâncias que podem agir para prevenir essas alterações. Usar cremes com antioxidantes como OTZ 10, Superox C e Alistin é uma boa opção. O silício orgânico biodisponível e a Vitamina C, por exemplo, são cofatores do colágeno, por isso a prescrição oral de Exsynutriment é interessante também nesses casos”, afirma a farmacêutica. Conjuntamente, a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, indica sessões de ultrassom microfocado para dar mais estímulo de colágeno e combater a flacidez. “Isso pode ser feito também de maneira preventiva, de modo a conquistar a poupança de colágeno”, explica a cirurgiã plástica. Outra opção é a aplicação conjunta do bioestimulador de colágeno, segundo a Dra. Paola. “Nesse protocolo, tanto o bioestimulador quanto o ultrassom agem estimulando a produção de novas fibras de colágeno para devolver sustentação, elasticidade e firmeza. Então, há um super estímulo da produção de colágeno. Esse protocolo tem excelentes resultados, que não são imediatos, já que pode demorar cerca de um a dois meses para a produção de colágeno proporcionada pelos procedimentos atingir seu ápice”, destaca a Dra. Paola.      

Mas não é só isso. Existem marcadores genéticos ligados a diversas alterações, como acne, pele desvitalizada, sensibilidade excessiva, somente para ilustrar alguns exemplos. “A pele possui uma barreira de proteção natural. Essa camada impede que as bactérias e substâncias nocivas entrem no organismo, além de restringir a perda de água e prevenir a desidratação. Esses processos mantêm a pele saudável e hidratada, conservando a sua elasticidade e firmeza. A pele pode ficar sensível por diversas razões e em qualquer momento da vida, desde a infância até a velhice”, explica a dermatologista Dra. Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Em algumas pessoas, essa barreira pode sofrer com alterações genéticas que a deixam mais suscetível. “A pele sensível ocorre quando a função protetora de barreira da pele fica comprometida, fazendo com que ela fique suscetível a fatores externos irritantes, como bactérias, substâncias químicas, alérgenos, entre outros. A pele sensível é um estado. Porém, essa sensibilidade da pele pode ser um sintoma de algumas doenças, que podem, por exemplo, alterar essa função de barreira protetora tornando a pele sensível. É o que ocorre nas dermatites seborreica e atópica”, acrescenta a médica Dra. Patrícia.

Também há genes ligados à perda de firmeza. “É possível perceber também uma forma de envelhecimento relacionada à flacidez quando esta tem a ver com a perda dos níveis de gordura e o envelhecimento estrutural, influenciados pelos genes LIPC, LPL e INSIG2”, diz o geneticista. “O preenchimento com gordura é indicado, nesses casos, para deixar o rosto ainda mais suave; respeitando as diversas estruturas, a técnica Fat Grafting garante uma aparência bem natural, como se você tivesse voltado de férias. Pequenas quantidades de gordura são removidas do corpo do paciente e injetadas em outras áreas. A chamada Nano Fat Graft permite que a gordura seja injetada na derme, parte superficial da pele. A palavra ‘nano’ é usada porque esta técnica transforma a gordura em partículas muito pequenas capazes de estimular o colágeno da pele. É um excelente procedimento para diminuir linhas finas, rugas e círculos escuros ao redor dos olhos”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance.

Além disso, é possível também fazer ajustes no estilo de vida, principalmente na dieta, o que ajudará a prevenir alterações de pele. “Uma alimentação equilibrada está entre os principais itens que ajudam a deixar a pele bonita, jovem e hidratada. São os alimentos que você consome regularmente que definem a aparência e qualidade do tecido cutâneo, não apenas em um mês, mas também em um, dois anos ou mais. A alimentação com perfil antioxidante é uma das principais formas de prevenção do envelhecimento, inclusive da pele, enquanto uma dieta rica em alimentos pró-inflamatórios pode causar diversas disfunções, desde acne ao aparecimento de rugas precoces”, afirma o médico nutrólogo Dr. Juliano Burckhardt, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Além dos macronutrientes fundamentais para uma dieta equilibrada e de vitaminas, nutrientes como fibras, magnésio, vitamina D e Ômega-3 também podem ser consumidos devido a seus efeitos anti-inflamatórios. “É possível acrescentar nessa lista também os alimentos e suplementos pré e probióticos, que melhoram o perfil inflamatório do organismo como um todo, por meio da manutenção da flora intestinal”, diz o médico Dr. Juliano.

O exame é feito por meio da coleta da saliva em um chip. Esse material genético é analisado e pode identificar as alterações, por exemplo, alguns genes que favorecem o aparecimento de rugas, manchas, gordura localizada. “Com o resultado do exame, a indicação médica é mais precisa para escolher os ingredientes ativos nas concentrações ideais para tratar essas alterações”, afirma o geneticista. A análise é realizada utilizando-se várias metodologias e a importância do genótipo é encontrada em vários bancos de dados, sendo os mais utilizados o PUBMED e o SNPEDIA. “Mas é fundamental procurar um médico. Somente ele poderá indicar os produtos mais recomendados para cada caso”, finaliza.

FONTES:
*DRA. PATRÍCIA MAFRA: Dermatologista, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), com estágio em Dermatologia pelo Grupo Santa Casa e acompanhamento do Serviço de Ginecologia e Sexologia do Hospital Mater Dei, Dra. Patrícia Mafra é expert em injetáveis e speaker em eventos nacionais e internacionais, palestrando sobre temas ligados à área de atuação. A dermatologista também foi preceptora de Medicina Estética do Instituto Superior de Medicina (ISMD). https://patriciamafra.com.br/
*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.
*DRA. BEATRIZ LASSANCE: Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. https://www.drapaola.me/
*DR. JULIANO BURCKHARDT: Médico Nutrólogo e Cardiologista, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal, atuou e atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. O médico tem certificação Internacional pela Harvard Medical School, para tratamento da Obesidade. É diretor médico do V'naia Institute. Diretor Científico Brasil da European Academy of Personalized Medicine.
*MARIA EUGENIA AYRES: Graduada em Farmácia Industrial pela Faculdade Oswaldo Cruz com Pós-Graduação em Farmacologia Clínica. Atua no Setor Magistral desde 2000 onde atualmente é Gestora Técnica da Biotec. CRF 33.424

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