Anticoncepcionais podem causar deficiências alimentares por dificultar absorção de nutrientes

DO TEXTO: Para milhões de mulheres que tomam anticoncepcionais, um efeito colateral pouco conhecido geralmente passa despercebido.

Você pode comer frutas e vegetais, fazer exercícios regularmente e tomar uma vitamina de vez em quando, mas isso pode não ser suficiente para alcançar a saúde ideal se você atualmente toma uma pílula anticoncepcional hormonal.


Anticoncepcionais podem causar deficiências alimentares

Para milhões de mulheres que tomam anticoncepcionais, um efeito colateral pouco conhecido geralmente passa despercebido.

São Paulo – Julho/2021 - Você pode comer frutas e vegetais, fazer exercícios regularmente e tomar uma vitamina de vez em quando, mas isso pode não ser suficiente para alcançar a saúde ideal se você atualmente toma uma pílula anticoncepcional hormonal. “Um dos efeitos colaterais menos conhecidos da pílula é a capacidade de causar deficiências em vitaminas e minerais essenciais como vitamina B6, magnésio, vitamina b12, ácido fólico, vitamina C e zinco, entre outros”, explica a ginecologista Dra. Eloisa Pinho, da Clínica GRU. “Os primeiros estudos que demonstraram esses efeitos colaterais dos contraceptivos ocorreram há mais de 50 anos. Ao longo dos anos foram relatadas variações dependendo da composição do anticoncepcional e da individualidade bioquímica de cada mulher que faz uso do método. Porém, para metabolizar alguns hormônios, o fígado requer quantidades extras de vitaminas do complexo B, vitamina C, magnésio e zinco, o que pode gerar uma deficiência, que acarreta diversos efeitos no corpo, como a diminuição da energia das mulheres”, diz a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia.

Alguns efeitos dessa deficiência podem ser vistos mais facilmente. A pílula pode aumentar o mineral cobre no corpo fazendo com que haja um desequilíbrio nos níveis de zinco. “E isso pode causar queda de cabelo. Quanto ao excesso de cobre, ele é depositado na pele, piorando manchas e aumentando o melasma (manchas escuras) em quem já tem pré-disposição”, diz a Dra. Marcella.

Segundo a Dra. Eloisa Pinho, as vitaminas B são "particularmente importantes para as mulheres em idade reprodutiva" e, além de prevenir a anemia, também desempenham um papel fundamental no "desenvolvimento normal do feto". “Algumas das vitaminas e minerais essenciais que as pílulas anticoncepcionais dificultam a absorção - como a vitamina C, por exemplo - podem levar a um aumento do estresse oxidativo, desencadeando uma potencial cascata de efeitos negativos. Especialmente porque o anticoncepcional é algo que as mulheres tomam por anos, às vezes décadas”, explica a ginecologista. “No caso do magnésio, uma alteração na relação cálcio/magnésio no organismo, relacionada ao uso dos anticoncepcionais de estrogênio, pode levar a complicações na coagulação sanguínea”, explica.

Por que o controle da natalidade afeta a biodisponibilidade desses nutrientes? A ciência aponta para uma variedade de causas: “A contracepção hormonal atua em muitos processos, desde o funcionamento do fígado até a permeabilidade intestinal, mas a culpa é em grande parte do impacto da pílula na função hepática. Principalmente porque esses hormônios estão afetando seu fígado, há um comprometimento em tudo que é metabolizado em seu corpo”, explica.

Tudo isso não quer dizer que o controle da natalidade seja ruim. Para muitas mulheres, ele é essencial. É importante notar que, além de prevenir a gravidez e reprimir os sintomas da SOP, as pílulas hormonais também podem afetar sua saúde nutricional. “O ideal é que o médico peça exames com frequência para acompanhar as necessidades nutricionais da paciente”, diz a Dra. Eloisa. “Além de uma dieta adequada, com maior aporte de alimentos ricos em vitaminas, como as carnes magras, vegetais verdes escuros e especiarias, pode ser necessário prescrever suplementos nutricionais a essa paciente”, diz a Dra. Marcella. “Mas tudo deve ser orientado e acompanhado pelo médico prescritor, para evitar possíveis deficiências, excessos e desequilíbrios”, finaliza.

FONTES:

*DRA. ELOISA PINHO: Ginecologista e obstetra, Pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria.

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.

 


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