Queda capilar: 3 motivos ligados à pandemia que podem estar relacionados ao eflúvio telógeno

DO TEXTO: Infecção por Covid-19, luto após perda de um ente querido e alimentação nutricionalmente pobre podem estar interferindo na saúde dos fios

Queda de cabelo é uma queixa frequente no consultório dermatológico. E ela tem se tornado ainda mais frequente nesse momento. “O principal diagnóstico é o chamado Eflúvio Telógeno. Trata-se do encurtamento do ciclo de vida dos cabelos.


Infecção por Covid-19, luto após perda de um ente querido e alimentação nutricionalmente pobre podem estar interferindo na saúde dos fios


São Paulo – 02/06/2021 - Queda de cabelo é uma queixa frequente no consultório dermatológico. E ela tem se tornado ainda mais frequente nesse momento. “O principal diagnóstico é o chamado Eflúvio Telógeno. Trata-se do encurtamento do ciclo de vida dos cabelos. O fio tem três fases: anágena (fio em crescimento), fase catágena (fio maduro ainda no folículo), fase telógena (fio em queda já destacado do folículo). A maioria dos fios estão em fase de crescimento no couro cabeludo. O Eflúvio Telógeno ocorre quando, por alguma razão, os fios que deveriam estar em fase de crescimento, pulam para fase de queda. Como uma pessoa que ao invés de morrer de velhice, morre jovem em um acidente de carro”, compara o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, da clínica GRU e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. E alguns desses motivos podem estar ligados diretamente à pandemia, por causa da infecção pelo vírus (com a queda capilar pós-covid), do luto (queda pós-situação estressante) e também por conta da má alimentação.


Naturalmente, há uma queda fisiológica de fios, que pode ser de até 100 fios por dia. Se um paciente apresenta queda de muitos fios e está notando diminuição no volume dos cabelos, isso deve ser investigado. Abaixo, o médico explica mais sobre essas três situações relacionadas à queda capilar nesse momento:


Pós-Covid: A doença Covid-19 causa uma infinidade de complicações aos pacientes, mesmo algum tempo após a recuperação. Vários estudos mostraram que aqueles que se recuperaram da infecção tinham problemas pulmonares e cardíacos. Agora, pacientes relatam também a queda de cabelo. “A perda de cabelo é um fenômeno bem descrito após qualquer estresse fisiológico no corpo. Embora ainda não tenhamos estudo científico sobre o assunto, essa queda pode estar ligada ao estresse físico e psicológico que os pacientes vivenciaram com a infecção”, diz o médico. “A queda de cabelo nessas situações não é um fenômeno surpreendente, já que as pessoas começam a notar o eflúvio telógeno cerca de três meses depois de adoecer”, diz o dermatologista.


Luto: Quando os médicos alertam que o estresse pode acentuar a queda capilar, eles não estão se referindo a complicadas situações do dia a dia. “O estresse e os diversos sentimentos vivenciados por pessoas que experimentam uma situação traumática de luto pode afetar a saúde capilar e causar o eflúvio telógeno. Principalmente no caso do Covid-19, em que a morte pode ser muito rápida, os familiares podem experimentar um estresse muito forte que altera o ciclo sono-vigília, altera os hábitos alimentares e padrão de sono. E tudo isso acentua a queda de cabelo”, afirma o Dr. Daniel. O estresse também não é a causa, mas pode ser o gatilho para a ocorrência de uma doença autoimune, que acomete os cabelos e pelos do corpo, chamada de alopecia areata. “Nessa doença, placas de pelada acometem tanto o couro cabeludo como qualquer área com pelo no corpo e o estresse pode ser o gatilho para a abertura do quadro. Na alopecia areata pode haver perda total dos cabelos”, explica o médico.


Dieta: Dietas restritivas ou alimentação nutricionalmente pobre durante a pandemia fazem o organismo digerir a energia apenas para funções essenciais de funcionamento do corpo, deixando de lado a nutrição e oxigenação de tecidos como cabelo e pele. Por esse motivo, um dos principais sintomas físicos de uma alimentação deficitária é a queda de cabelos. “Com relação à nutrição, anemia ferropriva e deficiência de zinco, Vitamina B12 e Vitamina D podem também ser causas de Eflúvio Telógeno”, explica o Dr. Daniel. Segundo a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), as carências de vitaminas, minerais, proteínas, gorduras e carboidratos de boa qualidade também impactam na saúde dos fios e do couro cabeludo. Seu cabelo é composto principalmente de proteínas, portanto, incluir quantidades adequadas em sua dieta é vital para o crescimento do cabelo. Aproximadamente 85% do cabelo é formado de queratina, que é uma proteína, e por ser um tecido de excreção, é formado de aminoácidos sobressalentes para essa função. “Se não houver sobra de aminoácidos, não há boa síntese de queratina. Além disso, minerais metálicos como ferro e cobre além de vitaminas do complexo B como a biotina participam da manutenção da saúde capilar”, diz a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez. Se você tiver carência desses nutrientes, seu cabelo irá cair mais num quadro intenso (eflúvio telógeno), a textura dos fios pode mudar, além de ficarem mais fracos e propensos à quebra. “O excesso de açúcar na dieta pode comprometer a saúde dos folículos capilares aumentando a possibilidade de eflúvio (queda de cabelos)”, diz a Dra. Marcella.


O que fazer: Embora essa queda de cabelo relacionada a um evento infeccioso ou cirúrgico, estresse emocional e por dieta seja apenas temporária, ela também pode ser angustiante. O médico recomenda uma nutrição adequada, especialmente comendo alimentos ricos em ferro, proteínas, Vitamina C e vitamina D. Além disso, os suplementos para queda de cabelo podem ajudar a restaurar a saúde do cabelo, reduzindo a sua queda. “Os nutracêuticos variam muito quanto aos componentes, concentração e posologia, mas costumam ter biotina, pantotenato de cálcio, queratina, cistina e algumas vitaminas”, explica. O eflúvio telógeno é indolor e não envolve outros sintomas, como coceira e descamação. “No entanto, quando os pacientes apresentam queda de cabelo importante com ou sem outros sintomas, como sensação de queimação no couro cabeludo, eles precisam ser avaliados por um dermatologista”, finaliza.  


FONTES:

*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutorando em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.


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