Exposição ao calor danifica espermatozoides e causa infertilidade

DO TEXTO: O esperma, a menor célula do corpo de uma pessoa, se forma aos bilhões em temperaturas abaixo da temperatura corporal.

Biólogos da Universidade de Oregon usaram um organismo modelo para identificar os mecanismos moleculares que produzem danos ao DNA no esperma e contribuem para a infertilidade masculina após a exposição ao calor..


Biólogos da Universidade de Oregon usaram um organismo modelo para identificar os mecanismos moleculares que produzem danos ao DNA no esperma e contribuem para a infertilidade masculina após a exposição ao calor.


São Paulo – 17/06/2021 - O calor direcionado na região dos testículos, proveniente de roupas apertadas e abafadas, peças de tecidos que impedem a ventilação, banho quente, laptop no colo, sobrepeso, pode ser cruel para os espermatozoides. Os biólogos da Universidade de Oregon usaram o organismo modelo Caenorhabditis elegans, uma lombriga, para identificar os mecanismos moleculares que produzem danos ao DNA no esperma e contribuem para a infertilidade masculina após a exposição ao calor. “Em humanos, a temperatura ideal para a produção de espermatozoides está logo abaixo da temperatura corporal, em uma faixa de cerca de 32-35ºC. Estudos em humanos descobriram que a exposição a temperaturas 1ºC maior que essa faixa já pode afetar a produção momentânea de espermatozoides”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.


O fenômeno da infertilidade masculina induzida pelo calor é bem conhecido, e os efeitos das exposições modernas ao calor, como banheiras de hidromassagem, roupas apertadas e tempos excessivos de direção, foram amplamente estudados. Mas os mecanismos subjacentes que danificam os espermatozoides e prejudicam a fertilização não são completamente compreendidos. "Tanto em humanos quanto em lombrigas, aumentos relativamente pequenos na temperatura são suficientes para reduzir a fertilidade masculina", diz o médico.


Um aumento de 2ºC acima do normal em C. elegans, um tipo de lombriga, levou a um aumento de 25 vezes no dano ao DNA no desenvolvimento de espermatozoides em comparação com espermatozoides não expostos. Os óvulos fertilizados por esses espermatozoides danificados não produziram descendentes. Esta descoberta é detalhada em um artigo publicado online em outubro de 2020 na revista Current Biology.


Segundo o Dr. Rodrigo Rosa, o estudo fornece um roteiro para os cientistas perseguirem estudos em mamíferos e humanos para confirmar se os mesmos mecanismos contribuem para a infertilidade masculina. "O trabalho mostra um efeito ambiental que altera as sequências específicas de DNA e, provavelmente, as proteínas que controlam sua atividade”, explica o Dr. Rodrigo Rosa. O artigo também ajuda a entender como a meiose, o processo que produz as células sexuais, difere entre espermatozoides e óvulos.


O esperma, a menor célula do corpo de uma pessoa, se forma aos bilhões em temperaturas abaixo da temperatura corporal e é produzido durante toda a vida adulta. Os óvulos, as maiores células do corpo de uma mulher, são formados internamente, onde uma temperatura consistente é mantida, e são produzidos apenas por um período limitado durante o desenvolvimento fetal. "Sabemos que o desenvolvimento do esperma é muito sensível ao aumento da temperatura, enquanto o desenvolvimento do óvulo não é afetado”, diz o Dr. Rodrigo.


Os homens que podem se beneficiar mais se prestar atenção ao tipo de roupa íntima e se afastar de banhos quentes são aqueles que já estão tendo problemas de fertilidade.  "No entanto, é de vital importância que os homens que sofrem com a infertilidade procurem médicos especialistas para identificação de fatores de risco modificáveis do estilo de vida”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.


FONTE:

*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Link: https://www.cell.com/current-biology/fulltext/S0960-9822(20)31420-2?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS0960982220314202%3Fshowall%3Dtrue


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