Refugiados da Lama: documentário sobre a vida de famílias ainda afetadas pela tragédia em Mariana é lançado em quatro episódios em novembro

DO TEXTO: Disponibilizado semanalmente no YouTube, o filme também promove uma campanha de financiamento coletivo para ajudar o elenco que narra suas experiência
Cinco anos passaram desde o rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco, considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos

Disponibilizado semanalmente no YouTube, o filme também promove uma campanha de financiamento coletivo para ajudar o elenco que narra suas experiências vividas desde a tragédia em 2015


Cinco anos passaram desde o rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco, considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos. Com o intuito de não deixar cair no esquecimento o documentário Refugiados da Lama (@mudrefugees) dirigido e produzido por Paula Park e Barbara Schucko, será lançado em quatro partes, todas as quintas-feiras de novembro, no YouTube, às  22h (horário de Brasília).


O intuito dos capítulos é trazer à tona a diversidade de grupos demográficos impactados por esse crime ambiental e revelar a profundidade dos danos humanitários causados a eles. Desse modo, a equipe decidiu, intencionalmente, focar em poucos indivíduos, que trouxessem ângulos diferentes, para possibilitar a oportunidade de ir mais a fundo com cada um, e quebrar essa falsa concepção de homogeneidade quando se ouve o termo “impactados”.


Segundo Park, membros de quatro famílias de diferentes regiões compõem o elenco que através de relatos convidam a todos a entender um pouco mais sobre como as suas vidas foram e ainda são impactadas por essa tragédia. 


“Acredito que essa tragédia não deveria ter sido nomeada Brasil a fora como o ‘desastre de Mariana’. Isso acabou criando um ruído de comunicação já que a população geral passou a ser ignorante ao fato de que mais de 200 distritos foram atingidos. Arrisco dizer também que a grande maioria não sabe que tribos indígenas e comunidades ribeirinhas foram impactadas. E é isso que os episódios buscam exibir: a pluralidade e a complexidade do maior crime ambiental do nosso país”, frisa a diretora.


O primeiro capítulo disponibilizado no dia 5, retrata a vida de antes, durante e pós rompimento da barragem nas vozes de Romeu, Iracema e Zezinho, ex-habitantes de Paracatu de Baixo, 40 km de Mariana, que viram a casa e a sorveteria da família, serem soterradas pela lama. O segundo irá ao ar nesta quinta-feira e contará com o relato de Douglas, membro da tribo Krenak, que mostrará como a morte do Rio Doce afetou a tribo, a fauna e a flora. Na semana seguinte os ribeirinhos Adeci de Sena e Gilmar Abelina de Jesus falarão sobre o impacto nos mangues e como isso os afetam. E o último episódio terá Rosa de Jesus da Silva, também ribeirinha, que abordará o impacto na saúde mental dos pescadores.


O documentário produzido com recursos próprios, tem como tema a canção Lama, da cantora, compositora e co-diretora, Barbara Schucko, que deu origem à produção. “A Barbara havia escrito a música em 2016 e me convidou para co-produzi-la. E nesse processo eu decidi saber mais sobre o desastre. Eu estava morando em Boston, e durante uma visita à família no mesmo ano, fui para Mariana conversar com alguns impactados. Lá conheci o promotor de Justiça da comarca de Mariana Guilherme de Sa Meneghin. Assim, eu me inspirei para fazer esse documentário depois de ver tudo de perto, de ter conhecido as pessoas que haviam sido impactadas, e ter mais conhecimento sobre esse desastre”, explica Paula.


O brasileiro Pedro Calloni radicado em Los Angeles, participou como engenheiro de som, responsável pela mixagem da trilha sonora do filme, que por sua vez foi masterizada pelo engenheiro Maurício Gargel.


Financiamento coletivo


Devido a pandemia, a previsão do reassentamento das famílias (que estava marcado para 2019, depois 2020, e agora 2021) e a implementação de programas previstos no Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) foram todos postergados. 


Sensibilizados pela situação do elenco, Park e Schucko encontraram no financiamento coletivo – Vakinha -  uma  forma de contribuir um pouco mais.  “Como não podemos arcar com as responsabilidades da empresa responsável por este crime (como, por exemplo, retratar o Rio Doce e reassentar os atingidos que perderam tudo) nós não podemos deixar esse sentimento de impotência nos paralisar.  Assim, queremos presentear esse grupo de pessoas, e ajudá-las a arcarem com os custos básicos de suas famílias (ex. supermercado, transporte, energia) para o ano de 2021”, afirma a diretora.


O  objetivo mínimo é de chegar em R$ 2.500,00 para cada núcleo familiar, totalizando R$10.000,00. Todo o valor arrecadado será repartido em 4 partes iguais, após as taxas da plataforma serem deduzidas. Como a plataforma VAKINHA cobra R$0,50 + 6,4%, por transação, a meta financeira está marcada para R$10.690,00.


No final da campanha serão selecionadas duas pessoas de uma urna aleatória com os nomes de todos os contribuintes, e devolver em dobro a doação feita por elas. O teto máximo de devolução será no valor de R$200,00. Para o sorteio será utilizado o email cadastrado no site para contatar os vencedores.


O tsunami de lama


Em 5 de novembro de 2015 o rompimento da barragem provocado pela mineradora Samarco soterrou comunidades, deslocou 600 famílias e tirou a vida de 19 pessoas inocentes. A lama de dejetos industriais causou a morte do Rio Doce, seus afluentes e lençóis freáticos, prejudicando moradores de mais de 30 municípios dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e o sul da Bahia.


O impacto percorreu mais 660 km afora até chegar no Oceano Atlântico 17 dias depois, devastando toda a fauna e flora da região, afetando até os dias de hoje o sustento de centenas de milhares de brasileiros.


Ficha Técnica

Producão executiva, direção e produção: Paula Park

Direção e produção Barbara Schucko 

Fotografia (cinegrafista): Cleisson Vidal

Edição (montador): Willem Dias

Assistente de Montagem: Morena Gabriel 

Composição e execução de musicas: Alexandre Jannuzzi Rios, Vinicius Cavalieri

Arte Gráfica: Vapor 324

Engenheiros de áudio: Pedro Calloni e Maurício Gargel


Refugiados da Lama - Playlist de 2 vídeos


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