Apesar de natural, corrimento vaginal também pode ser indício de doenças; saiba como identificar

DO TEXTO: Ocupando o primeiro lugar entre as reclamações mais recorrentes nos consultórios ginecológicos, a vulvovaginite tem como principal sintoma mudanças na coloração, textura e odor da secreção vaginal.
Apesar de natural, corrimento vaginal também pode ser indício de doenças; saiba como identificar

Ocupando o primeiro lugar entre as reclamações mais recorrentes nos consultórios ginecológicos, a vulvovaginite tem como principal sintoma mudanças na coloração, textura e odor da secreção vaginal. Ginecologista explica o que é a condição e as melhores maneiras de preveni-la e tratá-la.

São Paulo – agosto 2020 - Ao contrário do que muitos pensam, a presença de secreção vaginal de aparência leitosa ou transparente é perfeitamente normal, representando que a região íntima está saudável. No entanto, é preciso ficar atento ao corrimento vaginal, pois mudanças em sua textura ou coloração podem ser sinal de doenças como a vulvovaginite, que é o diagnóstico mais comum nos consultórios ginecológicos. “A vulvovaginite é caracterizada pela inflamação da vulva e da vagina, sendo normalmente causada por infecções bacterianas, virais ou fúngicas, além de também estar relacionada a fatores como alterações hormonais e alergias desencadeadas por substâncias químicas presentes em produtos como sabonetes íntimos”, explica a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Embora seja mais frequente em mulheres que já iniciaram a vida sexual, visto que o contato íntimo facilita a transmissão dos agentes causadores da condição, a vulvovaginite pode surgir em qualquer idade. Por isso, é sempre importante prestar atenção aos sintomas. “Fique atenta ao aumento da quantidade do corrimento, mudança na textura, presença de odor desagradável e, principalmente, alterações em sua coloração, que pode mudar para um tom esverdeado, amarelado ou esbranquiçado”, alerta a especialista. “Além disso, outros sintomas da vulvovaginite podem incluir coceira, vermelhidão, desconforto, inchaço, queimação e até mesmo sangramento na região íntima”, completa.

Mas a boa notícia é que é possível prevenir o surgimento da doença através da adoção de alguns cuidados, como manter a higiene da região íntima sempre em dia. “Porém, evite o uso de duchas vaginais e de sabonetes bactericidas para realizar a higienização, pois esses produtos podem eliminar microrganismos presentes na região que são responsáveis pela manutenção da acidez do pH da vulva, que é uma forma de proteção contra bactérias e outros agentes patogênicos causadores de doenças”, explica a ginecologista. Lembre-se também que a higienização deve ser realizada apenas na vulva, a parte externa do órgão genital, evitando a vagina (canal interno). “A vagina acumula menor quantidade de sujidades, não necessitando de assepsia. Essa região também possui pH menos ácido. Logo, qualquer desequilíbrio em seu nível de acidez pode facilitar a proliferação de vírus, bactérias e fungos.”

Outro cuidado importante tem relação com a limpeza da vagina após urinar, que deve ser feita sempre em um movimento de frente para trás para evitar que microrganismos presentes no ânus sejam carregados para a vagina. “Vale a pena ainda evitar o uso de roupas muito apertadas e feitas de tecidos sintéticos, já que essas roupas abafam a região íntima e favorecem a proliferação de fungos e bactérias que podem causar a vulvovaginite e outras doenças, como a candidíase. Por isso, evite usar calças muito apertadas com frequência e dê preferência aos tecidos mais leves que permitem que o ar circule adequadamente, como o algodão”, aconselha a Dra. Ana. Além disso, mantenha bons hábitos de vida, adotando uma alimentação balanceada, praticando exercícios físicos regularmente, tendo boas noite de sono e ingerindo bastante água. “E claro, lembre-se de sempre utilizar preservativo quando for realizar a prática sexual, já que é a maneira mais eficaz de prevenir a transmissão dos agentes causadores da vulvovaginite e de outras infecções sexualmente transmissíveis”, ressalta a médica.

Porém, caso você já tenha notado o surgimento dos sintomas da vulvovaginite, o mais importante é que você consulte um ginecologista, já que apenas ele poderá realizar um diagnóstico e indicar o melhor tratamento para você, que pode variar de acordo com a causa do problema. “Geralmente, quando a doença é causada por agentes patógenos, o tratamento é realizado com medicamento orais e tópicos com propriedades antibacterianas, antibióticas e antifúngicas, dependendo do tipo do microrganismo causador do problema. Além disso, quando a causa da doença é hormonal, o tratamento também pode envolver suplementação de hormônios e até mesmo lasers. Já nos casos em que a condição é consequência de um processo irritativo, apenas a eliminação do agente irritante tende a ser suficiente, o que pode ser acompanhado também por banhos de assento e pomadas calmantes para aliviar os sintomas”, diz a Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira. Por fim, a médica ressalta que, em alguns casos, a vulvovaginite pode ser persistente e recorrente. “Logo, mesmo após o tratamento, é importante seguir com os cuidados de prevenção para evitar a ocorrência de novos casos”, finaliza.

FONTE: DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA: Ginecologista, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), especialista em Ginecologia Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e graduada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Especialista em Medicina do Tráfego pela Abramet, a médica realiza consultas ginecológicas, obstétricas e cirurgias, atuando na prevenção e tratamento de doenças gineco-obstétricas com foco em gestação de alto risco.

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