DO TEXTO:
Os autistas gostam de ter uma rotina e mantê-las. O isolamento acabou mudando a rotina das famílias e dos profissionais. Isso passou a ser difícil para a estabilidade mental e comportamental destas pessoas.
Por: Clay Brites*
Muitos pais ficam com dúvidas sobre como o novo coronavírus (COVID-19) pode ser perigoso ou não para quem tem o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). É importante deixar claro que pelo diagnóstico de autismo em si, essa pessoa não estaria no grupo de risco. O transtorno não aumenta as chances dela de ter problemas em relação ao Covid-19. Entretanto, a pessoa com autismo pode estar mais suscetível à doença caso tenha alguma comorbidade médica que possa representar maior exposição aos perigos da infecção. Quem tem TEA costuma ter mais alergias, bronquite, asma, ou seja, cerca de 30% deles têm algum tipo de condição alérgica associada. Outros têm, além do autismo, uma síndrome genética associada que pode ter correlação, dependendo do tipo de síndrome, com alguma imunodeficiência, tratamento recente de alguma neoplasia, de algum câncer, ou pode apresentar alguma malformação que envolva o sistema respiratório ou a deixe mais exposta a complicações intestinais, renais ou cardíacas. Então, com a presença de algumas dessas particularidades clínicas, ele passa naturalmente a ser do grupo de risco. Os autistas gostam de ter uma rotina e mantê-las. O isolamento acabou mudando a rotina das famílias e dos profissionais. Isso passou a ser difícil para a estabilidade mental e comportamental destas pessoas. Entretanto, ao se criar condições dentro de casa para manter uma rotina específica e oferecer coisas que ela gosta de fazer, pode-se ajudar a amenizar os problemas, pois ela acaba desenvolvendo um hiperfoco e motivação que aliviará as instabilidades. Neste processo, são indicadas atividades pedagógicas, lúdicas e visuais que ela goste de fazer. É uma forma da família continuar a estimulação, não só social, mas a acadêmica dessa criança também. Aproveitar para ajeitar horários, não deixá-la dormir ou acordar muito tarde para manter a rotina de antes. Assim, quando retomarmos a volta às aulas, ela já estará com essa rotina praticamente inalterada. O isolamento pode deixar a criança com autismo mais agressiva, com crises de ansiedade e quadros depressivos. Mas vale ressaltar que ela vai estar com a família, dentro de um ambiente em que já está habituada a ficar, com os sons e os processos visuais e auditivos de sua preferência. Os pais de autistas podem ajudá-los a se conscientizar sobre todo esse trabalho de prevenção do Covid-19, através de desenhos, figuras, vídeos e músicas, mostrando para ela como proteger a mão e o porquê de não colocar a mão na boca. Tudo o que for visual, concreto, com informações simples e sequenciais, são recursos que a criança com autismo tem mais facilidade em assimilar. É muito importante o tratamento deles ser mantido pela família durante todo esse período. Mesmo que ela venha a ficar doente e precise tomar anti-inflamatórios, ou tomar remédio para a febre, ou até mesmo tomar antibióticos, as medicações que normalmente toma para o controle do seu comportamento devem ser mantidas e as consultas também. A tecnologia ajuda com as consultas e manejos online preservando seu tratamento. (*) Dr. Clay Brites é Pediatra e Neurologista Infantil (Pediatrician and Child Neurologist); Doutor em Ciências Médicas/UNICAMP (PhD on Medical Science); Membro da ABENEPI-PR e SBP (Titular Member of Pediatric Brazilian Society); Speaker do Instituto NeuroSaber.
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Quem tem TEA costuma ter mais alergias, bronquite, asma, ou seja, cerca de 30% deles têm algum tipo de condição alérgica associada. Outros têm, além do autismo, uma síndrome genética associada que pode ter correlação, dependendo do tipo de síndrome, com alguma imunodeficiência, tratamento recente de alguma neoplasia, de algum câncer, ou pode apresentar alguma malformação que envolva o sistema respiratório ou a deixe mais exposta a complicações intestinais, renais ou cardíacas. Então, com a presença de algumas dessas particularidades clínicas, ele passa naturalmente a ser do grupo de risco.
Os autistas gostam de ter uma rotina e mantê-las. O isolamento acabou mudando a rotina das famílias e dos profissionais. Isso passou a ser difícil para a estabilidade mental e comportamental destas pessoas. Entretanto, ao se criar condições dentro de casa para manter uma rotina específica e oferecer coisas que ela gosta de fazer, pode-se ajudar a amenizar os problemas, pois ela acaba desenvolvendo um hiperfoco e motivação que aliviará as instabilidades.
Neste processo, são indicadas atividades pedagógicas, lúdicas e visuais que ela goste de fazer. É uma forma da família continuar a estimulação, não só social, mas a acadêmica dessa criança também. Aproveitar para ajeitar horários, não deixá-la dormir ou acordar muito tarde para manter a rotina de antes. Assim, quando retomarmos a volta às aulas, ela já estará com essa rotina praticamente inalterada.
O isolamento pode deixar a criança com autismo mais agressiva, com crises de ansiedade e quadros depressivos. Mas vale ressaltar que ela vai estar com a família, dentro de um ambiente em que já está habituada a ficar, com os sons e os processos visuais e auditivos de sua preferência.
Os pais de autistas podem ajudá-los a se conscientizar sobre todo esse trabalho de prevenção do Covid-19, através de desenhos, figuras, vídeos e músicas, mostrando para ela como proteger a mão e o porquê de não colocar a mão na boca. Tudo o que for visual, concreto, com informações simples e sequenciais, são recursos que a criança com autismo tem mais facilidade em assimilar.
É muito importante o tratamento deles ser mantido pela família durante todo esse período. Mesmo que ela venha a ficar doente e precise tomar anti-inflamatórios, ou tomar remédio para a febre, ou até mesmo tomar antibióticos, as medicações que normalmente toma para o controle do seu comportamento devem ser mantidas e as consultas também. A tecnologia ajuda com as consultas e manejos online preservando seu tratamento.
(*) Dr. Clay Brites é Pediatra e Neurologista Infantil (Pediatrician and Child Neurologist); Doutor em Ciências Médicas/UNICAMP (PhD on Medical Science); Membro da ABENEPI-PR e SBP (Titular Member of Pediatric Brazilian Society); Speaker do Instituto NeuroSaber.
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