HÍBRIDA está em exposição no Palácio das Artes

DO TEXTO: A exposição Híbrida está em sua reta final no Palácio das Artes
Híbrida-Paulo Lacerda
Artistas Carolina Botura, Giulia Puntel e Julia Panadés em bate papo no Palacio das Artes

Encontro acontece dentro da exposição Híbrida nas Galerias Arlinda Correa e Genesco Murta na quinta-feira (05/03) às 19h

A exposição Híbrida está em sua reta final. Quem ainda não foi ver, tem um motivo a mais nessa quinta-feira (05/03). Quem já foi, agora tem motivo para voltar. É que as artistas Carolina Botura, Giulia Puntel e Julia Panadés se reúnem para um bate papo com o público.

A conversa será mediada pela curadora Laura Barbi e abordará temas como o processo criativo das artistas, suas pesquisas em torno da imagem, do corpo, do feminimo-masculino e a relacão estabelecida entre elas e o público visitante através das ações realizadas ao longo da mostra.

eu + tu /  corpo + corpo / corpo a corpo / corpo no corpo / individualidade perdida / dupla estrutura corpo / encontro / eu + tu / novo corpo

Anna Maria Maiolino, Nova Iorque 1971

A exposição Híbrida nasce da união entre três grupos de trabalhos individuais produzidos por Carolina Botura, Giulia Puntel e Julia Panadés. Juntas, elas compõem uma mostra que, como a etimologia do nome indica, gera um cruzamento de fronteiras artísticas e criativas, dando lugar a um gênero expositivo experimental, aberto à colaboração e à troca de experiências.

Como no poema de Anna Maria Maiolino o eu, o tu e o corpo são elementos que se combinam e formam um novo corpo, corpo artístico, corpo território, corpo de forças, corpo pele, feminino-masculino, corpo híbrido, corpo humano. Botura, Puntel e Panadés são artistas que, cada uma ao seu modo, interessam-se pelo corpo como força criadora, mutante, erótica e sentimental.

Em "Adoraria Gritar mas Minha Boca está Cheia”, Giulia propõe uma reflexão sobre os corpos super-expostos, sem identidade, mas atravessados por uma construção fantástica de imagens que se estabelecem e se completam a partir dos encontros e relações. Suas pinturas deixam espaço para o mistério, para uma tensão criada, não pelo que se vê, mas, principalmente, pelo que está escondido ou prestes a acontecer. É a partir do imaginável e da troca com nossa própria percepção de vida que a obra se completa, na atmosfera densa resultante do desconhecido, na busca por uma narrativa de mundo mais libertadora.

Ela, a criação, é a força motora das obras de Julia. “Corpo em Obra” nomeia o conjunto de trabalhos em seda, linho, algodão, linha e madeira. Poemas bordados, dobras, rasgos, e tecidos sobrepostos geram uma escultura penetrável, o vestido-tenda Cartilha da Cura, além de uma série de bandeiras instaladas sobre as paredes, as Flâmulas Fêmeas e as Flâmulas em Bando. Elas apresentam, como traço comum, uma diversidade de formas, entre fendas e dobras, evocando a anatomias possíveis. A outra série, Flâmulas do Naufrágio, apresenta livro-poemas cujos versos bordados são distribuídos sobre as camadas de tecido sobrepostas. As peças convidam à manipulação, gerando uma leitura dilatada dos sentidos, pouco a pouco revelados: ’Intimidade / é uma casa pequena’; ‘Nem só má / Nem só terna / Materna’;  ‘Ela/ Desfazia o que tecia / como oferta ao recomeço.’ As obras de Julia afirmam a posição da mulher em sua força criadora, tanto no campo da arte, quanto na geração da vida, sem reforçar o estereótipo da mulher domesticada por funções sociais e biológicas.

Na instalação ‘Amantes’, composta por pinturas, litogravuras, esculturas e vídeos, Carolina aponta em suas obras a equalização das energias complementares femininas e masculinas como um caminho para o autoconhecimento e o equilíbrio entre e além gêneros. Somos todos luz e escuridão, vida e morte, consciente e inconsciente, suavidade e dureza e, justamente neste cruzamento em busca do equilíbrio é que as obras de Botura ganham força. Na união entre o profano e o sagrado, o misticismo e o realismo evidencia-se a plasticidade das relações corporais e interpessoais. Dos vidros soprados surgem o ovo, o útero, os ovários e o pênis; a dupla estrutura do corpo, sexual, renascido e valorizado. Na busca da expansão da consciência encontra-se então o amor e a compaixão, a fusão natural entre os seres e, consequentemente, o enlace.

“É na conversa e nas zonas de silêncio que esses corpos de trabalhos poderão gerar criações híbridas, singulares e partilhadas através do convívio entre universos simbólicos distintos, e também correlatos. Uma galeria viva, cujo espaço-tempo possível é nutrido por encontros e alianças entre o eu, o tu e os novos corpos emergentes” explica Laura Barbi.

A mostra integra a quinta edição do Programa ARTEMINAS, Narrativas Femininas – Sou aquilo que não foi ainda.

ARTEMINAS Narrativas Femininas-Créditos-Paulo Lacerda 
SERVIÇO:
HÍBRIDA
Carolina Bortura, Giulia Puntel e Julia Panadês
Local: Galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima / Palácio das Artes: Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte
De terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h
Até 08 de março de 2020
Classificação: Livre
Informações para o público: 31 3236-7400

GAL

Bio Artistas

CAROLINA BOTURA (1982, Botucatu - SP) - vive e trabalha em Belo Horizonte, MG. É artista plástica, poeta e performer. Graduada em pintura e escultura pela escola guignard - Uemg. Suas pesquisam envolvem a relação entre unidade e fragmento, movimento, alquimia, vacuidade, magia natural, sexualidade, amor e morte. Dedica-se aos estudos energéticos e vibracionais aplicados em sua relação com os elementais, o silêncio, as formas e cores. Participou de mostras e residências no Brasil e no exterior. Realizou as individuais Casa Para Um Animal - BDMG Cultural (2017)∆ e Super.fície - Espaço Lava (MG) (2016) e As Coisas Quando Não São Mais Elas – Memorial Minas Gerais Vale(2018).

GIULIA PUNTEL (1992, Belo Horizonte - MG) Nascida em Belo Horizonte (1992), vive e trabalha em São Paulo. Graduada em Artes Plásticas pela escola Guignard - UEMG, mudou-se para São Paulo onde participou do grupo de investigações críticas em pintura sob orientação de Regina Parra e Rodolpho Parigi e também da residência Pivô Pesquisa, em 2018. Em outubro de 2019, abre sua primeira individual no programa ZipUp da galeria Zipper, chamada “boa noite cinderela”.

Sua prática artística se inicia no teatro, migra para o cinema e chega, finalmente, na pintura, onde desenvolve tensões e diálogos entre imagens, por vezes utilizando técnicas e materiais inusitados.

JULIA PANADÉS (1978, Belo Horizonte - MG) vive e trabalha em Belo Horizonte, MG. É artista plástica e escritora. O processo de criação artística vem se tornando o seu tema de vida. É graduada em Artes Plásticas, mestra em Artes Visuais e doutora em Literatura Comparada. Atua como professora e colabora com projetos editoriais. Desde 2015 mantém seu ateliê na Casamanga, onde conduz oficinas e grupos de estudo. Coordenou a Residência de Rua, Teatro Espanca! (2013); Esteve como artista residente no Frans Masereel Centrum, Bélgica (2012). Foi contemplada pela bolsa SIMBIO, (2011/2012). Colaborou com a Cia Suspensa no espetáculo Enquanto Tecemos, 2011, e na performance Ela Vestida, 2012. Publicou o livreto Poemia Contagiosa, 2012, e o livro Imagino Veneza, (2019). Em 2018 apresentou a exposição Um Livro Por Vir, com Edith Derdyk, no Sesc Palladium e, em 2019, a exposição Corpo em Obra, no Centro Cultural São Paulo.

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