Mostra da artista carioca Ursula Tautz em cartaz na capital mineira

DO TEXTO:
Gisele Bento Fernandes-Crédito da foto: Ju Foini 

Exposição de Ursula Tautz fica em cartaz até 09/10

Está em cartaz em Belo Horizonte a primeira mostra individual da artista carioca Ursula Tautz em terras mineiras. Seu trabalho pode ser visto no Fasam - escritório de arte, novíssimo espaço na capital. "Conheci Ursula há alguns anos em uma feira no Rio quando adquiro três obras dela", conta Vanessa Monteze, nome por trás da galeria. "A convidei agora para expor pois é uma artista com uma pesquisa relevante e consistente", completa.

A partir de sua história pessoal, por proposições multimídia, Ursula Tautz desenvolve experiências artísticas que falam sobre identidades culturais e históricas, memória e narrativa. Muitas vezes, evocadas através do tempo percebido pelo movimento pendular, seja um som, um balanço ou pelos badalos. Pesquisando as relações que envolvem o habitar, o pertencer, utiliza a (re)significação do espaço para o desenvolvimento de suas questões. As ocupações dos espaços tendem ao uso da instalação. A história dos lugares sempre se faz presente em seus trabalhos, seja de sua história familiar, mesmo que não testemunhada e sim transmitida ou imaginada, ou dos lugares que ocupa.

Mini Bio

Ursula Tautz (1968), é artista, nasceu no RJ, onde vive e trabalha. Seu trabalho apresenta questões relacionadas à memória e pertencimento vinculados ao tempo, história e lugar. Utiliza fotografia, vídeo, objetos e instalações. Cursou a ESPM, frequentou oficinas da "School of Visual Arts /NY" e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Integrou o Programa Projeto de Pesquisa (2013), coordenado por Glória Ferreira e Luiz Ernesto; participou da Siart Bienal 2018 Bienal Internacional de Arte da Bolívia em La Paz; de exposições coletivas como "Monumental Arte na Marina da Glória; "Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio 2015". Individuais: "Frestas por onde Muros escoam" reinaugurando o Jardim da Reitoria da Universidade Federal Fluminense/RJ; "Lugar familiar" Zip'Up na Zipper Galeria/SP, "Fluidostática" na Galeria do Lago - Museu da República/RJ. Foi selecionada pelo crítico Fernando Cocchiarale para o "Programa Olheiro da Arte" e finalista do Prêmio Mercosul das Artes Visuais Fundação Nacional de Arte – FUNARTE. Ano que vem apresentará a individual "O Som do Tempo" no Paço Imperial do RJ. A artista acaba de regressar da residência artística Echangeur22, na França.

SERVIÇO:
Exposição  "Cartografia do Universo imaginado"  da artista Ursula Tautz com curadoria de Gisele Bento
Horário: 11h às 16h
Endereço:  Escritório de Arte FASAM
Rua Rodrigues Caldas,726 - sala 1305
Bairro Santo Agostinho
Belo Horizonte - MG
(31)98721-7777
@arte.fasam
arte.fasam@gmail.com
Classificação: livre
Exposição até 09/novembro/2019

CARTOGRAFIA DO UNIVERSO IMAGINADO

O universo, antes de ser explicado pela ciência, foi imaginado, sondado e explicado pelas palavras, pelos mitos, pela busca de algo que sempre moveu o ser humano: conhecer. Conhecer  a terra, o espaço, a história.

O universo inicialmente imaginado, foi investigado até desvendar-se diante daqueles que se entregaram no processo de conhecê-lo.

E não é porque a ciência o desvendou que o imaginado perde sua força...

O trabalho da artista Ursula Tautz apresenta questões relacionadas à memória e pertencimento vinculados ao tempo, história e lugar. Existe em sua pesquisa uma busca por referências de pertencimento e pela memória afetiva, considerada um lugar congelado no tempo. O mundo é visto por ela a partir da reflexão sobre as relações humanas contextualizadas numa espacialidade que vai além da dimensão física e abrange também as dimensões históricas e afetivas.

Nessa exposição individual, a artista apresenta sua mais recente pesquisa e propõe a reflexão sobre um universo imaginado, onde elementos que nos remetem à ciência se misturam à uma cartografia poética.

Entre prumos e rádicas, objetos e desenhos,  somos convidados a entrar em contato com esses elementos poéticos de mapeamento do espaço, que não é simplesmente físico, parte do universo conhecido, mas principalmente, imaginado, pertencente a um universo intangível.

Universo esse, que sob o olhar da artista é alcançado pelo fruir, com tantas reflexões e relações quanto o ser humano é capaz de fazer. 

Um espaço imaginado que se basta.

Uma incompreensão aceita, um mistério que persiste em sua existência como tal nessa tentativa de mapeamento, seja através dos universos-ilha ou nas cartografias de rádica.

Onde as redomas simbolizam um lugar protegido, alcançado apenas pela visão através da transparência.

Onde os prumos refletem a necessidade de tentar entender a terra no universo de maneira racional promovendo um contraste com a cartografia imaginada que as rádicas nos proporcionam.

Onde a rádica é essência, pois, além de ser um elemento imbuído de camadas de tempo, traz em si a identidade de ser origem, de simbolizar pertencimento ao mesmo tempo em que visualmente nos remete à imagem de um mapa, de geologia... algo que tem a força de ser raiz e ter gravado em si a mutabilidade ao longo de sua existência.

Objetos e cartografias que nos remetem ao lugar do cientista, aquele que olha com curiosidade, que busca respostas, que busca relações entre o que já sabe e o que ainda não desvendou... o olhar que prescruta o mundo à sua volta, que sonda o universo conhecido e o imaginado.

Levando a crer que é só por esse balanceamento de razão e imaginação é que se estabelece a reflexão sobre o espaço, o tempo e a memória,  que contextualizados com as relações humanas, são capazes de gerar a sensação de pertencimento.
Gisele Bento Fernandes

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