Falando de um especialista em Eça de Queirós - Dr. Carlos Reis

DO TEXTO:

Conheci o Carlos António Alves Reis ainda muito jovem, sobretudo quando se iniciou no futebol nos juvenis do Lusitânia sob a orientação técnica do meu amigo Mesquita (vulgo Melquíades), já falecido. O Carlos António, filho do sargento Francisco dos Reis era também sobrinho de outro velho amigo, o homem da viola, Laureano Correia dos Reis, ele que também acompanhou em serões privados o catedrático das letras nascido na Praia da Vitória, Vitorino Nemésio.

Dizem que o lugar de guarda – redes (goleiro para os brasileiros) é para malucos. Nalguns casos isso aconteceu. Porém, em relação ao Carlos António Reis, essa questão, que um dia um especialista na matéria futebolística levantou não se aplica. Era calmo e tinha um perfil muito próprio. De resto, foi o melhor que fez ao deixar de lado o futebol e partir para os estudos universitários onde se evidenciou pela sua conduta de verdadeiro homem e de estudante exemplar que lhe proporcionou, face ao mérito alcançado, lecionar nas maiores universidade de Portugal e não só. Carlos António Reis é especialista em Eça de Queirós e professor catedrático em trabalho. Curiosamente, o seu irmão seguiu a carreira de militar, à semelhança de seu pai o sargento correeiro Francisco Correia dos Reis, que bem conheci no tempo em que fui incorporado no exército, neste caso no BII 17.

Vejamos o percurso do Dr. Carlos António Alves Reis:

Açoriano de nascimento, reside em Coimbra desde 1968, quando ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra de onde se licenciou em Filologia Românica. Cedo se dedicou à carreira académica leccionando Literatura Portuguesa, Literatura Espanhola e Teoria da Literatura na sua alma mater.

Publicou o seu primeiro livro em 1975, Estatuto e perspectivas do narrador na ficção de Eça de Queirós, dando início a uma série de estudos sobre a obra queirosiana, a que se consagrou. Com uma dissertação sobre O discurso ideológico do neo-realismo português, doutorou-se em 1983.

Ao longo dos anos, tem sido professor convidado em diversas universidades, nomeadamente de Santiago de Compostela, Rio de Janeiro, Salamanca, Hamburgo, Wisconsin-Madison e Massachussetts-Dartmouth, além de ministrar regularmente cursos de Literatura Portuguesa em universidades brasileiras.

Em 1988 foi um dos fundadores da Universidade Aberta em Portugal, da qual é reitor. Para além de ter criado uma cadeira de Estudos Queirosianos na Universidade de Coimbra, Carlos Reis tem coordenado a Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós em publicação na Imprensa Nacional-Casa da Moeda, na sequência do profundo estudo do espólio do autor de Os Maias, depositado na Biblioteca Nacional, da qual foi director entre 1998 e 2002. Carlos Reis foi, também, presidente da Comissão Nacional e da Comissão Executiva para as Comemorações do Centenário de Eça de Queirós, em 2000 e 20013 e presidente da Associação Internacional de Lusitanistas, entre 1999 e 2002.

Exerce também larga actividade em diversos jornais e revistas, sendo de destacar a colaboração regular no Jornal de Letras, Artes e Ideias. Recentemente tornou-se figura conhecida do grande público pela defesa acérrima que tem feito da adopção do Acordo Ortográfico de 1990 em Portugal.
Carlos Reis é comendador da Ordem de Isabel a Católica, de Espanha; benfeitor e sócio grande benemérito do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e sócio correspondente da Academia Lusíada de Ciências, Letras e Artes de São Paulo. Recebeu o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho em 1996 e, em 2001, foi distinguido com o prémio Multimédia XXI, na área Conhecimento, Descoberta e Cultura, atribuído ao CD-ROM Vida e Obra de Eça de Queirós, que coordenou. Carlos Reis é doutor honoris causa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde lecionou por diversas vezes, a última das quais de agosto de 2011 a julho de 2012.

A 10 de Junho de 2008, foi feito Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Em 2011 demite-se de reitor da Universidade Aberta e volta à Universidade de Coimbra.

A nossa enorme satisfação, como terceirense e conhecido do Dr. Carlos António Alves Reis, pelo facto de ter passado por este Brasil onde me encontro - benfeitor e sócio grande benemérito do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e sócio correspondente da Academia Lusíada de Ciências, Letras e Artes de São Paulo.


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