Seminário promovido pela EBC discute preservação do patrimônio audiovisual

DO TEXTO:
Ronald Golias, Conjunto de Baianas e Paulo Gracindo

Dona de um vasto acervo histórico, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) promove o seminário “Memória, Identidade e Futuro” para discutir a preservação de seu patrimônio radiofônico e audiovisual.  O futuro desse acervo é o tema do programa Sem Censura Especial, que será gravado amanhã (terça, dia 13), no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB),no Rio, com os convidados do seminário.

Durante o evento, a EBC anunciará a formalização de acordo de cooperação técnica e operacional com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para revitalizar o acervo da empresa, que engloba a TV Brasil e as rádios MEC e Nacional. O acervo da empresa conta com 1.365.248 documentos audiovisuais, textuais, fonográficos e fotográficos armazenados em suportes físicos (fitas magnéticas, mídias digitais, papel, filmes, entre outros).

As origens do acervo remontam à primeira rádio do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923 por Roquette Pinto – atual Rádio MEC, à Rádio Nacional do Rio de Janeiro, fundada em 1936, à TV Educativa do Rio de Janeiro (TVE) e à Radiobrás, a partir de 1975.  

O conjunto de produções dessas emissoras, herdado legalmente pela empresa, se une aos conteúdos realizados atualmente pelos veículos EBC.O acervo histórico enfrenta hoje desafios inerentes à manutenção e à disponibilização de conteúdos audiovisuais, radiofônicos e fotográficos, raros e caros para a sociedade.

Nesse sentido, a EBC desenvolve o “Projeto Revitalização do Acervo: Modelos Negociais e Difusão”. O projeto prevê etapas que contemplam desde o diagnóstico do estado de conservação e a recuperação física dos bens patrimoniais até a ampliação de mecanismos de difusão, tendo em mente os seus aspectos jurídicos.

O acervo da EBC conta com raridades audiovisuais e radiofônicas que vão desde os manuscritos da primeira radionovela brasileira ("Em busca da felicidade"), que foi ao ar pela Rádio Nacional, em 1941; até a narração feita por Jorge Cury e Oswaldo Moreira, acompanhados do comentarista Guilherme Sibemberg, da vitória do Brasil na Copa do Mundo da Suécia, em 1958.

Pluft o Fantasminha 1973-Dirce Migliaccio

Há ainda pérolas como os episódios da série “Pluft, o Fantasminha”, primeira produção infanto-juvenil em cores da tevê brasileira. Estrelada por Dirce Migliaccio, interpretando Pluft, a série foi uma  coprodução da TVE-RJ e da Rede Globo.

O patrimônio audiovisual da EBC inclui ainda arquivos de ‘Vila Sésamo”, de programas de Daniel Azulay, e do ator Nelson Xavier, como protagonista na novela “João da Silva”, que foi ao ar em 1973, na extinta TVE.

Já os arquivos da Rádio Nacional têm ícones da nossa música como Cauby Peixoto, Francisco Alves, Sílvio Caldas e Orlando Silva. Pela Rádio MEC, passaram nomes como Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Na década de 1960, o saudoso artista interpretava crônicas de grandes escritores ao lado de Garcia Xavier no programa "Quadrante" que se tornou uma das maiores audiências da emissora na época.

O acervo conta ainda com preciosidades como os episódios do programa "Advogado do Diabo", veiculado na extinta TVE-Rio, nos anos 1980, com a poderosa voz de Osvaldo Sargentelli ao fundo, sabatinando personalidades como o escritor Jorge Amado e o jornalista Barbosa Lima Sobrinho.

Há também consagradas atrações musicais como "É Preciso Cantar". Uma das edições do programa em recuperação data de 1979 e tem Clara Nunes como protagonista, acompanhada do conjunto "Nosso Samba", cantando "Você passa eu acho graça" e "Conto de Areia".

O seminário  “Memória, Identidade e Futuro”  tem como convidados Adauto Cândido Soares, coordenador de Comunicação e Informação da UNESCO; Hernani Heffner, membro da ABPA (Associação Brasileira de Preservação Audiovisual) e curador adjunto e conservador-chefe da Cinemateca do MAM; Rita Marques, membro do Conselho Executivo da FIAT (Federação Internacional dos Arquivos de TV); e Marcos Tavolari, secretário de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual do Ministério da Cultura. O seminário acontece amanhã, terça-feira, dia 13 de novembro, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), no Rio, a partir das 19h.

O evento será gravado no formato do programa Sem Censura, conduzido pela apresentadora Vera Barroso. A proposta é debater a preservação e a difusão de acervos audiovisuais hoje. Os convidados vão refletir sobre patrimônio, gestão e futuro. Essa edição especial do Sem Censura ainda não tem data para ir ao ar na TV Brasil.

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