“O poeta é incapaz de conter um segredo, acaba sempre por dizer no poema aquilo que queria guardar só para si”
(Eugénio de Andrade)
O CAMÕES/CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS, no quadro do seu desígnio de promoção da língua portuguesa e de divulgação de autores de língua portuguesa, criou na sua BIBLIOTECA um Núcleo de Leitura que revisita autores consagrados de língua portuguesa, através da leitura colectiva de extractos das respectivas obras e das biografias. Este Núcleo de Leitura, com momentos interactivos, conta com a participação activa de jovens, sobretudo, estudantes universitários e pré-universitários, utentes da Biblioteca.
Em dois dias de cada mês, a obra e a biografia do autor escolhido são revisitadas e analisadas.
Na 9ª Edição/Outubro de 2018 do “Escritor do Mês na Biblioteca Camões”, nos dias 1 (2ª feira) e 29 de Outubro (2ª feira), a partir das 10H00, será revisitada a obra do Poeta português, EUGÉNIO DE ANDRADE
Eugénio de Andrade, pseudónimo literário de José Fontinhas Rato, nasceu em 1923 no Fundão em Portugal. Com 10 anos de idade mudou-se para Lisboa onde fez os seus estudos secundários e escreveu os seus primeiros poemas. Foi funcionário público, durante 35 anos, exercendo a função de Inspector Administrativo do Ministério da Saúde. Depois de ter vivido também em Coimbra, passou a residir no Porto, desde 1950, onde, mais tarde, veio a cria uma Fundação com o seu nome.
Eugénio de Andrade é considerado um dos maiores poetas portugueses contemporâneos, pela força lírica e originalidade de expressão, aliada a uma sensualidade pura, ardente e franca. A sua poesia, densa e sugestiva, celebra, predominantemente, os momentos de plenitude da vida em que as mais antagónicas sensações afloram em formas de rara beleza, transfiguradas e serenas.
Segundo Eduardo Lourenço, “A primeira e mais pura expressão da Poesia como arquitectura do real, a mais límpida manifestação da entrega sem reservas aos sortilégios do “puro poético”, parece-nos ser a poesia de Eugénio de Andrade (…) O poema é, para Eugénio de Andrade, a sua morada de cristal, o lugar em que ele vive a sua plenitude ou a plenitude do seu encontro com os outros e com o mundo (…)”.
Do conjunto da sua obra ressalta a fusão de várias escolas estético-literárias. Fernando Pessoa chamou-lhe “indisciplinador de almas”.
Faleceu em 2005 e deixou publicadas mais de trinta obras de poesia quatro obras em prosa.
Urgentemente
É urgente o amor./É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,/ódio, solidão e crueldade,/ alguns lamentos,/muitas espadas.
É urgente inventar alegria,/multiplicar os beijos, as searas,/é urgente descobrir rosas e rios.
Cai o silêncio nos ombros e a luz/impura, até doer./É urgente o amor, é urgente/permanecer.
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