Top model Samira Carvalho estreia nos cinemas em ritmo frenético de 'Tungstênio', de Heitor Dhalia

DO TEXTO:

Das passarelas às telonas, modelo espera levantar debate nas famílias ao interpretar a intempestiva Keira, personagem que vive relacionamento violento e tóxico com o marido
 
Reconhecida por seu trabalho e beleza ímpares em campanhas, desfiles ou editorias de moda, Samira Carvalho estreará nas telonas do cinema no dia 21 de junho. A top model é uma das protagonistas do novo filme do diretor Heitor Dhalia, Tungstênio.

Veja cenas de Samira no longa: https://youtu.be/pCz8l3tehuI

Veja o depoimento da atriz: https://youtu.be/xGR_EToxs3M

A piracicabana, que passou a fazer sucesso após vencer um concurso de uma revista voltada ao público negro, encara na obra baseada nos quadrinhos de Marcello Quintanilha a profunda Keira. Intensa, assim como os outros três personagens que protagonizam a narrativa, Keira é esposa do policial Richard (Fabrício Boliveira) e vive uma relação marcada por violência e toxicidade, ao se encontrar numa tentativa constante de abandoná-lo.

A personagem, rondada por contradições, é segundo Samira Carvalho “explosiva, guerreira, de coração gigante, porém muito frágil’’. Em negação aos próprios sentimentos, tenta seguir os caminhos que julga serem os mais corretos, o que a faz entrar em conflito consigo mesma por não conseguir seguir à risca suas escolhas racionais.




Em discurso, Keira está disposta a abandonar o relacionamento abusivo ao qual está submetida. Ao mesmo tempo, sente extrema compaixão pelo marido, que está mergulhado na ação tensionada de Tungstênio e, por vezes, tem comportamentos violentos que levam a uma explosão de sentimentos entre os dois. Para a modelo e agora atriz “é muito triste saber que pessoas vivem relações destrutivas desse modo e, muito por conta da estrutura social, possivelmente estejam tão habituadas a isso que não conseguem compreender a gravidade dessa realidade. Espero que o filme possa trazer essa reflexão e de alguma forma, levantar esse debate nas famílias’’.

O debut de Samira Carvalho foi desafiador. Materializar em ação o universo caótico contido nos quadrinhos de Quintanilha foi “diferente e complexo’’ para a atriz, mas missão possível com a preparação de Chico Accioly e Ana Luíza Almeida, e a direção “objetiva e precisa’’ de Heitor Dhalia. Para a composição da personagem, tão cheia de sentimentos, aulas de capoeira se fizeram necessárias. Samira também se aventurou em rodas de samba e em compras na Avenida Sete de Setembro, em Salvador. Reconhecendo a cidade que abriga Keira, na Bahia, Samira precisou se entregar completamente aos seus sentimentos: “tive que gritar, berrar sem vergonha, mesmo sabendo que todo mundo estava ouvindo. Foi difícil e quando consegui, cai aos prantos’’, declarou.

Tungstênio explora as tensões que permeiam as relações humanas, onde situações aparentemente banais são capazes de refletir consequências absolutamente imprevisíveis.  O longa tem produção da Paranoid, coprodução da Globo Filmes e Canal Brasil, além de distribuição da Pagu Pictures, confira aqui o trailer: https://youtu.be/90KzTYZxZhc



Confira a entrevista na íntegra com Samira Carvalho:

Como Keira surgiu em sua vida? Como foi esse convite?
Conhecia Chico Accioly e a produtora Marcella Bergamo de outro projeto, então quando começaram a pesquisa, me convidaram para fazer o teste para Keira. Foram duas etapas, a primeira aconteceu em São Paulo e outra em Salvador, e no final fui aprovada. Fiquei muito feliz! Primeiro trabalho é algo tão diferente e complexo.

Você já conhecia a HQ de Marcello Quintanilha?
Conheci quando fui chamada para o teste e imediatamente comprei o livro para conhecer a história e tentar me inteirar mais.

O que te chamou mais atenção no personagem e no roteiro?
A espontaneidade. Os personagens são bem definidos e os diálogos são naturais.

Tungstênio marca seu debut nos cinemas e, logo de cara, como protagonista. Como você encara essa responsabilidade?
É uma responsabilidade e tanto, ainda mais com a Keira e em um filme com toda esta equipe. Eu gosto desse tipo de desafio. Foi maravilhoso começar assim!

Como você se preparou para interpretar a personagem? Quais foram os principais desafios?
Fiz aulas de capoeira com o Mestre Neneu, aulas de samba de roda com a Dona Nalvinha e sai com a Jamylle que interpreta Lúcia, amiga de Keira, para fazer compras na avenida Sete, entre outras atividades. Mas tudo isso foi perfeito, porque tivemos a preparação do Chico Accioly e da Ana Luíza Almeida. Foi maravilhoso desde a preparação até as filmagens. Um dos maiores desafios foi a entrega total em um dos ensaios. Por exemplo, tive que gritar, berrar sem vergonha, mesmo sabendo que todo mundo estava ouvindo. Foi difícil e quando consegui, cai aos prantos.

Como foi contracenar com Fabrício Boliveira?
Fabrício foi meu parceiro em todos os momentos. Só tenho coisas lindas para dizer sobre ele. Profissional dedicado e parceiro leal. Se tornou um amigo. Foi mais um presente deste filme!

E como foi a relação com Heitor Dhalia no set?
Heitor é um diretor objetivo e preciso que sabe exatamente o que quer da cena e como tirar isso dos atores. Ao mesmo tempo, ele nos dá liberdade de improviso, algo que acho maravilhoso. Não tive outras experiências com direção antes deste trabalho, mas acho que vou ficar “mal-acostumada”.

Como você define Keira?
Keira é uma mulher explosiva, guerreira de coração gigante, porém muito frágil. Uma brasileira nata.

Para o espectador, Keira é uma personagem que passa muita angústia e fúria. Na sua visão, o que a levou a esses sentimentos e o que a mantém nesse relacionamento?
Na minha visão, todos os traumas causados pela violência física, psicológica e verbal que Keira viu e viveu ao longo da vida, a levaram a ter essa energia.

A relação entre Richard e Keira é tóxica e tensa, características de relacionamentos facilmente encontradas na vida real. O que você pensa sobre isso, visando o crescimento do debate sobre violência (física e verbal) doméstica?
É muito triste saber que pessoas vivem relações destrutivas desse modo, e muito por conta da estrutura social, possivelmente estejam tão habituadas a isso que não conseguem compreender a gravidade dessa realidade. Espero que o filme possa trazer essa reflexão e de alguma forma, levantar esse debate nas famílias.

Os personagens são intensos e compartilham a violência (seja física ou verbal) como reação às suas fraquezas, gerando uma explosão de caos e sentimentos. Visivelmente, são personagens contemporâneos. Como você enxerga a relação Tungstênio x sociedade atual?
Infelizmente a sociedade não avançou o suficiente em relação a essa temática, para esses problemas deixarem de fazer parte da realidade. Se a gente pensar: qual é a nossa participação nisso tudo? Será que temos empatia com as pessoas que estão ao nosso lado? Estamos dispostos a transformar e melhorar? Precisamos indagar para tentarmos encontrar respostas e assim avançar.

O que significa para o cinema nacional ter um filme com o elenco predominantemente negro e uma equipe quase 100% baiana?
Se estivéssemos em um Brasil evoluído, esta pergunta não seria necessária. Precisamos de mais “Tungstênio” para nosso cinema, nosso teatro e TV.

Tungstênio aposta na força de um retrato social da Bahia que se reflete por todo o País. Cada história contada tem como personagem uma figura que vive às margens da sociedade e é tratada com descaso na vida real. Pensando no cenário atual do Brasil, como você acha que as pessoas reagirão ao assistirem ao longa? Qual sua expectativa?
Acho que os espectadores vão se deparar com a humanidade dos personagens, independentemente de suas escolhas. Não tem essa de bom ou mau, todos são reais nos seus acertos e erros como qualquer pessoa. O público vai amar tudo no filme. A direção, a atuação e a ideia principal do filme são lindas. A fotografia do Adolpho Veloso é maravilhosa. Assistam!
Tungstênio | Trailer Oficial | 21 de junho nos cinemas

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