Terras sem Sombra em Beja: O Cante da Ilha da Liberdade, a rota de Soror Mariana e observação de aves

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O Cante da Ilha da Liberdade, a rota de Soror Mariana e observação de aves

O Baixo Alentejo volta a ganhar protagonismo enquanto destino privilegiado de património, música e biodiversidade. Os dias 5 e 6 de Maio são dedicados pelo Terras sem Sombra a Beja, tendo como pano de fundo as Cartas Portuguesas, de Soror Alcoforado.

Segredos das vozes corsas

O etnomusicólogo Michel Giacometti, nascido na Córsega, foi quem primeiro aprofundou as ligações entre o Cante e a Polifonia das zonas rurais dessa ilha, que constitui, decerto, o “parente mais próximo” das modas do Alentejo. 

Invocando essa herança partilhada, o mais destacado ensemble corso da actualidade, Barbara Furtuna – Voix Corses apresenta, na igreja do convento de S. Francisco (Pousada), às 21h30, o concerto O Canto na Ilha da Liberdade. Jean-Philippe Guissani, Maxime Merlandi, Jean-Pierre Marchetti e André Dominici escolheram um programa, com composições religiosas e profanas, bem representativo da polifonia da Córsega, desde o século XVIII aos dias de hoje, não esquecendo as afinidades com o Cante. Trata-se de uma ocasião muito propícia para conhecer uma tradição musical de que se fala muito, mas que se escuta pouco entre nós.

O espectáculo é consagrado pelo Terras sem Sombra à memória de Giacometti, falecido em Faro, em 1990, e cujo corpo repousa em Peroguarda – aldeia alentejana que ele amou e cujas tradições musicais estudou ao longo de décadas. Esta iniciativa resulta da colaboração bilateral do festival alentejano com o Centro Superior de Investigação e Promoção da Música, da Universidade Autónoma de Madrid, iniciada em 2017. 


Na Rota de Soror Mariana Alcoforado

O nome de Soror Mariana Alcoforado, religiosa no convento da Conceição, é indissociável das cartas de amor dirigidas a Noël Bouton, conde de Saint-Léger, mais tarde marquês de Chamilly, e publicadas em França (1669) sob o título de Lettres Portugaises. A tarde de sábado é consagrada a percorrer uma “Rota de Mariana”, antecipando a celebração dos 350.º aniversário da publicação das Cartas Portuguesas, em 2019. Visitam-se, assim, monumentos e sítios que conservam a memória da célebre “Freira de Beja”: a casa onde nasceu, hoje sede do Club Bejense; a igreja de Santa Maria da Feira, onde foi baptizada; e o convento onde entrou com apenas 11 anos, passou toda a existência e está sepultada. Esta iniciativa tem o ponto de encontro no Museu Regional de Beja, às 15 horas, e é orientada pelos historiadores Florival Baioa Monteiro e José António Falcão.


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