Clima urbano, risco e vulnerabilidade em cidades costeiras

DO TEXTO:

Estudo comparado entre Santos (Brasil), Maputo (Moçambique) e Brisbane (Austrália)

Lindberg Nascimento Júnior defende a tese de doutorado 'Clima urbano, risco e vulnerabilidade em cidades costeiras do mundo tropical: estudo comparado entre Santos (Brasil), Maputo (Moçambique) e Brisbane (Austrália)', dia 16 de março, às 9h, no Anfiteatro VII da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente.

RESUMO
O estudo foi baseado no Sistema do Clima Urbano articulado na abordagem da Geografia do Clima e desenvolvido por processos comparativos dos climas urbanos de Santos, no Brasil, Maputo, em Moçambique, e Brisbane, na Austrália. As três cidades estão situadas em ambientes tropicais costeiros do Hemisfério Sul, localizadas ao sul do Trópico de Capricórnio e posicionadas nos setores leste de cada país. Todas elas apresentam regime pluviométrico de clima tropical, situam-se em países em diferentes momentos do desenvolvimento desigual e combinado e apresentam anualmente registros de ocorrências de inundações e alagamentos. 

O objetivo foi investigar a constituição de climas urbanos que estão inseridos no mesmo domínio climático sob diferentes momentos do desenvolvimento. Neste sentido, os impactos das chuvas nas cidades não são vistos como manifestação climática adversa, de outro modo, a chuva é um dos fenômenos do clima urbano, um problema geográfico clássico que é incorporado nas tessituras socioespaciais que qualifica o fenômeno climático em clima urbano e risco climático. 

A pesquisa foi organizada com base em: análises da variabilidade mensal, sazonal e interanual da precipitação no período de 1951 a 2015; identificação de sistemas produtores de chuva no mundo tropical e nos setores costeiros; cartas geotécnicas de caracterização do sítio urbano e da susceptibilidade a inundações; elaboração de índices de vulnerabilidade a desastres naturais; e na geografia histórica da urbanização. 

Os resultados indicam que os climas urbanos são homogêneos quando qualificados na dinâmica tropical e no conjunto de domínios costeiros, sendo este fator o ponto inicial da história de urbanização com fins geopolíticos e geração de riscos diversos. Também estão homogêneos como uma construção social, uma vez que o processo de urbanização expressa o movimento do desigual e combinado do desenvolvimento na exposição a perigos naturais. 

A análise comparativa oferece o encontro de similaridades e diferenças que organizam a interpretação da produção do espaço urbano em ocupação de áreas ambientalmente frágeis e naturalmente suscetíveis a desastres e processos de vulnerabilização das populações. Essas características promovem a particularização dos climas urbanos, já que os perigos naturais são relativizados pela seletividade dos processos socioespaciais que organizam os impactos em formas-conteúdo e espaçotemporalidades distintas de suporte, mitigação e superação dos riscos. 

Assim, organizado pela experiência histórica dos lugares, o clima urbano é resultado do conhecimento da dinâmica natural que foi promovido pelas cumulativas intervenções técnico-científicas e controle das inundações para manutenção e reprodução das relações sociais de produção da natureza, que tem o Estado, o principal agente de consolidação e legitimação dos processos de produção do espaço urbano.

Contato do pesquisador: juniohr@gmail.com

Orientador: Prof. Dr. João Lima Sant'Anna Neto 

Membros da Banca: Profa. Dra. Ana Monteiro - Universidade do Porto; Profa. Dra. Natacha Cintia Regina Aleixo - UFAM; Profa. Isabel Cristina Moróz Caccia-Gouveia - UNESP; e Profa. Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim - UNESP.







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