Um gajo morre e depois nem se lembra como foi

DO TEXTO: Não participei na expedição a Ceuta porque nessa altura eu andava metido com a filha do rei, a D. Isabel de Portugal, que pediu ao pai para não me...
Foto de Armindo Guimarães, em Guimarães, com elmo da Idade Média.
 

Lembro-me que também participei na construção do Mosteiro da Batalha...

 
Por: Armindo Guimarães
 
 
Soube através do Nametests do Facebook que vivi na Idade Média (1431), e que morri num combate entre cavaleiros.

Na altura, reinava em Portugal o Rei D. João I "O de Boa Memória", que venceu a Batalha de Aljubarrota (1385), aliou-se à Inglaterra com o Tratado de Windsor (1386), iniciou a construção do Mosteiro da Batalha, comandou uma expedição a Ceuta e escreveu o Livro da Montaria.

Lembro-me de ter participado na Batalha de Aljubarrota contra as forças castelhanas, onde conheci a menina Brites de Almeida, que ficou para a história como a Padeira de Aljubarrota por ter ajudado a malta a dar cabo dos castelhanos com a sua pá de padeira. Quando o João se lembrou de uma aliança com os ingleses, eu disse-lhe: 
 
- Ó pá, acho que fazes mal em aceitares essa aliança. Os bifes querem é o nosso vinho do Porto e tenho para mim que isto não vai acabar nada bem.
 
Mal sabia eu que, 504 anos depois, (em 1890), os gajos iam ameaçar-nos com um ultimato por querermos a soberania de um vasto território que atualmente compreende a Zâmbia, o Zimbabué e o Malawi. A ideia era ligar Angola a Moçambique e o Atlântico ao Índico, naquele que ficou conhecido como o “Mapa cor-de-rosa”.

Lembro-me também de ter participado na construção do Mosteiro da Batalha, ajudando a acartar calhaus de uma pedreira das proximidades. Não participei na expedição a Ceuta porque, nessa altura, andava metido com a filha do rei, a D. Isabel de Portugal. Ela pediu ao pai para não me alistar, com medo que eu morresse por lá de amores com uma moura. O rei aceitou o pedido da filha, mas depois, com aquela mania das negociatas com estrangeiros, lixou-me: despachou a minha Isabel para França para casar com o Duque da Borgonha. Fiquei com uma vergonha do carago por ter sido preterido por um franciú.

Não cheguei a ler o Livro da Montaria, escrito pelo meu amigo Rei D. João I, mas é curioso que, na minha vida atual, eu seja conhecido no Facebook por "Conde Montanelas", por montar fotos para a malta.

Só não me lembro em que combate morri e não é para admirar... Quando um gajo morre, nem se lembra como foi.

Os cavaleiros na Idade Média - As justas
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