Cabo Verde reedita obra de Eugénio Tavares para promover reencontro do poeta com os jovens

DO TEXTO:

As obras reeditadas do poeta cabo-verdiano Eugénio Tavares foram apresentadas hoje na cidade da Praia, numa iniciativa da Biblioteca Nacional de Cabo Verde que quer promover um reencontro com o poeta, sobretudo dos jovens.

Os três volumes, apresentados hoje ao final da tarde, retomam as edições publicadas na segunda metade da década de (19)90 e percorrem a obra do poeta, escritor e jornalista cabo-verdiano nas suas mais variadas expressões: "Poesia, Contos, Teatro", "Pelos Jornais" e "Viagens Tormentos Cartas Postais".

Durante a apresentação, que fechou o primeiro dia da Morabeza - Festa do Livro, a diretora da Biblioteca Nacional de Cabo Verde comparou a reedição das obras, que foi patrocinada pelo Ministério da Cultura e Indústrias Criativas (MCIC), a um "parto de trigémeos".

Fátima Fernandes explicou que a reedição de Eugénio Tavares, sobre cujo nascimento passam este ano 150 anos, integra "um trabalho intenso" da Biblioteca Nacional de reedição dos escritores clássicos cabo-verdianos nos próximos anos.

"Este relançamento pretende deixar a ideia de que temos necessidade de reencontrar Eugénio Tavares e as gerações mais novas têm necessidade de reencontrar Eugénio Tavares. Se conseguirmos isso, o objetivo está conseguido", disse.

Numa sessão pontuada por momentos de música e leitura de textos e poemas do escritor, a quem muitos apelidam de "Camões cabo-verdiano", Fátima Fernandes evocou um "homem de quem muito se conta e pouco se sabe" tal a dimensão e a diversidade da obra que deixou.

Consensualmente considerado o expoente da poesia cabo-verdiana em língua crioula, Eugénio Tavares nasceu na ilha Brava em 1869, tendo falecido na mesma ilha em 1930.

Autodidata, terá frequentado apenas o ensino primário, tornou-se prosador e jornalista.

Fez a sua estreia literária no "Almanaque das Lembranças Luso-Brasileiro" aos 15 anos, tendo deixado um vasto conjunto de escritos em jornais e revistas em crioulo e português.

Escreveu poesia, teatro, prosa, narrativas e artigos jornalísticos.

Perseguido politicamente, conseguiu fugir, disfarçado de mulher, para os Estados Unidos, onde viria a fundar o jornal "Alvorada", em cujas páginas fazia a defesa das suas ideias autonomistas relativamente a Portugal.

Depois da sua morte foi publicada uma coletânea dos seus poemas em crioulo, intitulada "Mornas", obra pela qual é hoje mais conhecido.

O lançamento das obras de Eugénio Tavares é uma das várias apresentações de livros que terão lugar durante a Morabeza - Festa do Livro, festival literário que, até final da semana, vai reunir cerca de 40 autores na cidade da Praia.

Com uma programação que se estende às escolas, com espetáculos musicais e debates, o festival é uma organização do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e da Biblioteca Nacional de Cabo Verde.

A programação tem prevista uma feira do livro, mesas de debate, concertos, sessões de poesia, ações de formação, visitas a escolas e universidades, um colóquio dedicado ao poeta Eugénio Tavares (1867-1930), um seminário internacional sobre o escritor cabo-verdiano Luís Romano, que se radicou no Brasil na década de 1960, e ainda a pintura de um mural pelo duo Acidum.

In DN

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