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Bottary
João Monlevade
1817 – 2017
1817 – 2017
Dois Séculos de Vida Operária > Mais Que Uma Biografia, Uma Historia De Vida > Jean-Antoine Félix Dissandes de Monlevade
Jean-Antoine Félix Dissandes De Monlevade, nascido em 1791 em Guéret, França. Engenheiro de Mineração pela Escola Politécnica de Paris, em 1812, ainda jovem recém-formado, chegou ao Brasil no período ainda colônial em 14/05/1817, para desbravar as montanhas cheias de minério de ferro (Fe), matéria-prima para a fabricação do ferro-gusa, do aço carbono e do ferro doce.
Mais que um bandeirante, um desbravador por excelência.
Acabou-se o ouro de aluvião e iniciou-se então a busca pelo minério de ferro, começando um novo ciclo de vida. Na Natureza tudo é cíclico!
De repente aportou-se na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, um jovem mancebo francês, Jean Monlevade, com os conhecimentos em Mineralogia e Geologia, e entendera que seria nas Províncias das Minas Gerais, o campo propício para colocar os seus estudos em prática acerca do que conhecia.
Tais recursos, no Brasil Colonial, estava nas mãos de um jovem, de 26 anos, apaixonado que era pelo que havia estudado em sua terra natal trabalhando seus conhecimentos adquiridos e tendo bons resultados.
Nesta época o Brasil Colônia era sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Jean era um nobre de família, intelectual e eclético em seus conhecimentos de Química; Matemática; Mineração, Física e Literatura.
Premiado que foi com uma bolsa de estudos para fazer pesquisas sobre os recursos minerais aqui existentes, veio por consentimento da Corte Real Portuguesa, na pessoa de D. João VI.
De visão futurista engajou-se na rica região do São Miguel do Piracicaba, pra nunca mais sair, construindo, com isso, em 1818, sua moradia: A Fazenda Solar, que daria então o início de tudo e de todo um crescimento populacional naquele arraial.
Ergueu-se ali mesmo uma pequena Fábrica-Forja, de origem catalã inclusive, chegando a produzir 30 arrobas de ferro por ano, o equivalente a 450 kg.
Na verdade, este seu empreendimento chegou a ser considerado o mais importante da Província, dominando, os seus produtos, de longe, os seus concorrentes.
Esta Fábrica-Forja foi o embrião de uma majestosa siderúrgica que se soergueria num futuro, do qual nem ele mesmo imaginaria! Talvez!. A Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (CSBM).
Há que se ressaltar que o Amor incógne de um amadurecido jovem à nossa gente, a beleza e a riqueza de nossas terras, fez com que ele vibrasse e adotasse aquelas terras e aquelas gentes, como sua segunda pátria. O jovem mancebo veio a Minas Gerais com a intenção de estudar os recursos minerais da província do Estado e acabou adquirindo algumas terras, onde construiu a sede de sua fazenda que ficou conhecida como Solar de Monlevade, além de assentar as bases de uma próspera indústria de produção de ferro.
Em 1825, já com visões promissoras, e tendo já fixado sua residência às margens do rio Piracicaba, decidiu montar o seu negócio, na fabricação do ferro doce, produzindo nesta fábrica: enxadas, foices, machados, alavancas, pás, ferraduras, cravos, martelos, picaretas, freios para animais, moendas para engenhos de cana, etc.
Foram mais de meio século de produção ininterrupta.
Em 1853, a fábrica de ferro fundada por Jean Monlevade já conseguia alcançar uma produção de aproximadamente 30 arrobas diárias de ferro, com uma média de 150 escravos movimentando 6 fornos. O ferro produzido era transformado em enxadas, foices, ferraduras, bigornas, entre outros utensílios.
Portanto, ao evocar as memórias relativas à constituição do município de João Monlevade, é impossível deixar de mencionar a importância assumida pela presença de um francês na região, um homem que acabaria se tornando inspiração para o nome dado à cidade.
Quando faleceu, em 14 de dezembro de 1872, foi sepultado no mesmo cemitério que havia mandado construir para que fossem enterrados os escravos que trabalharam em sua fábrica e fazenda. Atualmente, o Cemitério Histórico de João Monlevade, denominação pela qual ficou conhecido, é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade.
Após sua morte, a fábrica ficou sob os cuidados do seu filho João Paschoal de Monlevade.
Em 1888, porém, com a Abolição da Escravatura, pela Princesa Isabel, a fábrica teve intensificadas suas dificuldades com a mão-de-obra e em 1890 foi vendida para a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, empresa fundada em 1845 pelo Barão de Mauá.
Alguns anos depois, em 1897, a propriedade passou a pertencer ao Banco Ultramarino do Rio de Janeiro, permanecendo desativada até 1920.
Nessa época o grupo belgo-luxemburguês ARBED adquiriu a antiga propriedade de Jean Monlevade.
Diante deste fato, a história da Belgo se desloca de cenário indo para a cidade de Sabará, a poucos kms da então capital de Minas Gerais, Vila Rica.
A fronteira entre o ferro e o aço foi definida na Revolução Industrial, com a invenção de fornos que permitiam não só corrigir as impurezas do ferro, como adicionar-lhes propriedades como resistência ao desgaste, ao impacto, à corrosão, etc. Por causa dessas propriedades e do seu baixo custo o aço passou a representar cerca de 90% de todos os metais consumidos pela civilização industrial.
Basicamente, o aço é uma liga de ferro e carbono. O ferro é encontrado em toda crosta terrestre, fortemente associado ao oxigênio e à sílica. O minério de ferro é um óxido de ferro ( FeO), misturado com areia fina.
O carbono é também relativamente abundante na natureza e pode ser encontrado sob diversas formas. Na siderurgia, usa-se o carvão vegetal, para aquecimento do minério, na produção do aço.
O carvão exerce duplo papel na fabricação do aço. Como combustível, permite alcançar altas temperaturas (cerca de 1.500º Celsius) necessárias à fusão do minério. Como redutor, associa-se ao oxigênio que se desprende do minério com a alta temperatura, deixando livre o ferro. O processo de remoção do oxigênio do ferro para ligar-se ao carbono chama-se redução e ocorre dentro de um equipamento chamado altoforno.
Antes de serem levados ao altoforno, o minério e o carvão são previamente preparados para melhoria do rendimento e economia do processo. O minério é transformado em pelotas e o carvão é destilado, para obtenção do coque, dele se obtendo ainda subprodutos carboquímicos.
No processo de redução, o ferro se liquefaz e é chamado de ferrogusa ou ferro de primeira fusão. Impurezas como calcário, sílica etc. formam a escória, que é matériaprima para a fabricação de cimento.
A etapa seguinte do processo é o refino. O ferrogusa é levado para a aciaria, ainda em estado líquido, para ser transformado em aço, mediante queima de impurezas e adições. O refino do aço se faz em fornos a oxigênio ou elétricos.
Finalmente, a terceira fase clássica do processo de fabricação do aço é a laminação. O aço, em processo de solidificação, é deformado mecanicamente e transformado em produtos siderúrgicos utilizados pela indústria de transformação, como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras etc.
Com a evolução da tecnologia, as fases de redução, refino e laminação estão sendo reduzidas no tempo, assegurando maior velocidade na produção.
Com criação da Escola de Minas em Ouro Preto ,em 1870 , ainda no período do Brasil Colonial, permitiu-se o enfrentamento de um problema central ao setor siderúrgico: a formação de mão-de-obra especializada e a introdução de novas técnicas.
Embora sendo uma instituição do governo do Império, a Escola de Minas teve a intimidade do governo provincial na sua gestão, buscando pesquisar extensas regiões e influir na administração pública em busca de se criar um império siderúrgico. Esse sonho, entretanto, ficou adormecido até que a explosão da Primeira Guerra Mundial fez ecoar pelo planeta seus efeitos. A impossibilidade de importações força o ritmo de substituição dos produtos importados. Era o embrião nacional do acordo que quatro anos depois germinaria a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira.
A Belgo-Mineira portava, assim, a força de um processo histórico em que a natureza oferece o modelo econômico, mas quem vai desenvolvê-lo são as ações dos homens.
A Belgo-Mineira, nascia de um sonho, que aos poucos se transformava em realidade pelo trabalho de milhares de homens e mulheres, os verdadeiros agentes da história.
Há por aqueles momentos de outrora o interesse de uma empresa européia, a Aciéries Reunies de Burbach-Eich-Dudelange - Arbed.
Recebido oficialmente em 1920, o Rei Alberto I, da Bélgica, aliou-se aos grupos brasileiros que, liderados pelo Governador mineiro Artur Bernardes, combatiam o monopólio inglês”.
Artur da Silva Bernardes – Nasceu em Viçosa em 8 de agosto de 1875 e faleceu no Rio de Janeiro em 23 de março de 1955. Advogado e político brasileiro, foi Governador de Minas Gerais de 1918 a 1922 e Presidente do Brasil de 15 de novembro de 1922 a 15 de novembro de 1926.
O Governo do Presidente Arthur Bernardes – 1922 a 1926 foi marcado por um constante Estado de Sítio para enfrentar as revoltas tenentistas.
Sua ascensão ao poder deu-se num clima de indisciplina militar e civil, adquirindo aspectos nunca atingidos nas disputas presidenciais anteriores.
Uma reforma na constituição permitiu que o poder central pudesse intervir nos Estados.
Em Minas, atento ao valor estratégico dos minerais, decidiu mobilizar dinheiro, técnicos e equipamentos que, transferidos para o Brasil, misturados aos mineiros, deram o toque de modernização na formação de uma grande indústria, a primeira de grande vulto no país, instaurando mesmo a indústria pesada e inaugurando a transformação do Brasil em um país em que o modo de produção capitalista de produção tornou-se dominante, ou seja, o capitalismo industrial.
Em 1920 após a visita do Rei Alberto I, da Bélgica, chegou ao Brasil, um grupo belgo-luxemburguês, ARBED, para uma missão técnica a Minas Gerais, constatando a possibilidade do grupo se associar a uma empresa brasileira já existente e a partir daí ampliar os negócios.
E assim foi: Um século após a chegada do francês Jean Monlevade, ou sejá, em 1917, Amaro Lanari, Cristiano Guimarães e Gil Guatimosin, jovens engenheiros recém formados pela Escola de Minas de Ouro Preto, conseguiram convencer o banqueiro Sebastião Augusto de Lima e o industrial Américo Teixeira Guimarães a investirem em um projeto ambicioso, ou seja, a criação de uma Companhia Siderúrgica na cidade de Sabará, com um investimento de capital de 350 contos de réis. A Cia era composta de um altoforno e uma oficina mecânica em Sabará.
Havia um sonho! O de produzir 25 t/dia de ferro-gusa, sendo a maior produção no Brasil e América Latina.
Em 1921, com o propósito de aumentar o capital, a fábrica de Sabará firmou uma aliança com o grupo ARBED, na época proprietário da forjaria de João Monlevade. A partir dessa parceria, as siderúrgicas passaram a ser chamadas de Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira.
Por um bom tempo, as atividades da Belgo Mineira foram desenvolvidas apenas na usina em Sabará, já que João Monlevade ainda não possuía meios de transportes adequados.
O problema foi resolvido em 1931, quando o Presidente Getúlio Vargas assegurou aos investidores da ARBED que, em pouco tempo, os trilhos da estrada de ferro da Central do Brasil ligariam as cidades de Santa Bárbara e Rio Piracicaba.
Mais que um bandeirante, um desbravador por excelência.
Acabou-se o ouro de aluvião e iniciou-se então a busca pelo minério de ferro, começando um novo ciclo de vida. Na Natureza tudo é cíclico!
De repente aportou-se na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, um jovem mancebo francês, Jean Monlevade, com os conhecimentos em Mineralogia e Geologia, e entendera que seria nas Províncias das Minas Gerais, o campo propício para colocar os seus estudos em prática acerca do que conhecia.
Tais recursos, no Brasil Colonial, estava nas mãos de um jovem, de 26 anos, apaixonado que era pelo que havia estudado em sua terra natal trabalhando seus conhecimentos adquiridos e tendo bons resultados.
Nesta época o Brasil Colônia era sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Jean era um nobre de família, intelectual e eclético em seus conhecimentos de Química; Matemática; Mineração, Física e Literatura.
Premiado que foi com uma bolsa de estudos para fazer pesquisas sobre os recursos minerais aqui existentes, veio por consentimento da Corte Real Portuguesa, na pessoa de D. João VI.
De visão futurista engajou-se na rica região do São Miguel do Piracicaba, pra nunca mais sair, construindo, com isso, em 1818, sua moradia: A Fazenda Solar, que daria então o início de tudo e de todo um crescimento populacional naquele arraial.
Ergueu-se ali mesmo uma pequena Fábrica-Forja, de origem catalã inclusive, chegando a produzir 30 arrobas de ferro por ano, o equivalente a 450 kg.
Na verdade, este seu empreendimento chegou a ser considerado o mais importante da Província, dominando, os seus produtos, de longe, os seus concorrentes.
Esta Fábrica-Forja foi o embrião de uma majestosa siderúrgica que se soergueria num futuro, do qual nem ele mesmo imaginaria! Talvez!. A Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (CSBM).
Há que se ressaltar que o Amor incógne de um amadurecido jovem à nossa gente, a beleza e a riqueza de nossas terras, fez com que ele vibrasse e adotasse aquelas terras e aquelas gentes, como sua segunda pátria. O jovem mancebo veio a Minas Gerais com a intenção de estudar os recursos minerais da província do Estado e acabou adquirindo algumas terras, onde construiu a sede de sua fazenda que ficou conhecida como Solar de Monlevade, além de assentar as bases de uma próspera indústria de produção de ferro.
Em 1825, já com visões promissoras, e tendo já fixado sua residência às margens do rio Piracicaba, decidiu montar o seu negócio, na fabricação do ferro doce, produzindo nesta fábrica: enxadas, foices, machados, alavancas, pás, ferraduras, cravos, martelos, picaretas, freios para animais, moendas para engenhos de cana, etc.
Foram mais de meio século de produção ininterrupta.
Em 1853, a fábrica de ferro fundada por Jean Monlevade já conseguia alcançar uma produção de aproximadamente 30 arrobas diárias de ferro, com uma média de 150 escravos movimentando 6 fornos. O ferro produzido era transformado em enxadas, foices, ferraduras, bigornas, entre outros utensílios.
Portanto, ao evocar as memórias relativas à constituição do município de João Monlevade, é impossível deixar de mencionar a importância assumida pela presença de um francês na região, um homem que acabaria se tornando inspiração para o nome dado à cidade.
Quando faleceu, em 14 de dezembro de 1872, foi sepultado no mesmo cemitério que havia mandado construir para que fossem enterrados os escravos que trabalharam em sua fábrica e fazenda. Atualmente, o Cemitério Histórico de João Monlevade, denominação pela qual ficou conhecido, é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade.
Após sua morte, a fábrica ficou sob os cuidados do seu filho João Paschoal de Monlevade.
Em 1888, porém, com a Abolição da Escravatura, pela Princesa Isabel, a fábrica teve intensificadas suas dificuldades com a mão-de-obra e em 1890 foi vendida para a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, empresa fundada em 1845 pelo Barão de Mauá.
Alguns anos depois, em 1897, a propriedade passou a pertencer ao Banco Ultramarino do Rio de Janeiro, permanecendo desativada até 1920.
Nessa época o grupo belgo-luxemburguês ARBED adquiriu a antiga propriedade de Jean Monlevade.
Diante deste fato, a história da Belgo se desloca de cenário indo para a cidade de Sabará, a poucos kms da então capital de Minas Gerais, Vila Rica.
Jean Monlevade (I)
A fronteira entre o ferro e o aço foi definida na Revolução Industrial, com a invenção de fornos que permitiam não só corrigir as impurezas do ferro, como adicionar-lhes propriedades como resistência ao desgaste, ao impacto, à corrosão, etc. Por causa dessas propriedades e do seu baixo custo o aço passou a representar cerca de 90% de todos os metais consumidos pela civilização industrial.
Basicamente, o aço é uma liga de ferro e carbono. O ferro é encontrado em toda crosta terrestre, fortemente associado ao oxigênio e à sílica. O minério de ferro é um óxido de ferro ( FeO), misturado com areia fina.
O carbono é também relativamente abundante na natureza e pode ser encontrado sob diversas formas. Na siderurgia, usa-se o carvão vegetal, para aquecimento do minério, na produção do aço.
O carvão exerce duplo papel na fabricação do aço. Como combustível, permite alcançar altas temperaturas (cerca de 1.500º Celsius) necessárias à fusão do minério. Como redutor, associa-se ao oxigênio que se desprende do minério com a alta temperatura, deixando livre o ferro. O processo de remoção do oxigênio do ferro para ligar-se ao carbono chama-se redução e ocorre dentro de um equipamento chamado altoforno.
Antes de serem levados ao altoforno, o minério e o carvão são previamente preparados para melhoria do rendimento e economia do processo. O minério é transformado em pelotas e o carvão é destilado, para obtenção do coque, dele se obtendo ainda subprodutos carboquímicos.
No processo de redução, o ferro se liquefaz e é chamado de ferrogusa ou ferro de primeira fusão. Impurezas como calcário, sílica etc. formam a escória, que é matériaprima para a fabricação de cimento.
A etapa seguinte do processo é o refino. O ferrogusa é levado para a aciaria, ainda em estado líquido, para ser transformado em aço, mediante queima de impurezas e adições. O refino do aço se faz em fornos a oxigênio ou elétricos.
Finalmente, a terceira fase clássica do processo de fabricação do aço é a laminação. O aço, em processo de solidificação, é deformado mecanicamente e transformado em produtos siderúrgicos utilizados pela indústria de transformação, como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras etc.
Com a evolução da tecnologia, as fases de redução, refino e laminação estão sendo reduzidas no tempo, assegurando maior velocidade na produção.
Escola de Minas de Ouro Preto
Com criação da Escola de Minas em Ouro Preto ,em 1870 , ainda no período do Brasil Colonial, permitiu-se o enfrentamento de um problema central ao setor siderúrgico: a formação de mão-de-obra especializada e a introdução de novas técnicas.
Embora sendo uma instituição do governo do Império, a Escola de Minas teve a intimidade do governo provincial na sua gestão, buscando pesquisar extensas regiões e influir na administração pública em busca de se criar um império siderúrgico. Esse sonho, entretanto, ficou adormecido até que a explosão da Primeira Guerra Mundial fez ecoar pelo planeta seus efeitos. A impossibilidade de importações força o ritmo de substituição dos produtos importados. Era o embrião nacional do acordo que quatro anos depois germinaria a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira.
A Belgo-Mineira portava, assim, a força de um processo histórico em que a natureza oferece o modelo econômico, mas quem vai desenvolvê-lo são as ações dos homens.
A Belgo-Mineira, nascia de um sonho, que aos poucos se transformava em realidade pelo trabalho de milhares de homens e mulheres, os verdadeiros agentes da história.
Há por aqueles momentos de outrora o interesse de uma empresa européia, a Aciéries Reunies de Burbach-Eich-Dudelange - Arbed.
Recebido oficialmente em 1920, o Rei Alberto I, da Bélgica, aliou-se aos grupos brasileiros que, liderados pelo Governador mineiro Artur Bernardes, combatiam o monopólio inglês”.
Artur da Silva Bernardes – Nasceu em Viçosa em 8 de agosto de 1875 e faleceu no Rio de Janeiro em 23 de março de 1955. Advogado e político brasileiro, foi Governador de Minas Gerais de 1918 a 1922 e Presidente do Brasil de 15 de novembro de 1922 a 15 de novembro de 1926.
O Governo do Presidente Arthur Bernardes – 1922 a 1926 foi marcado por um constante Estado de Sítio para enfrentar as revoltas tenentistas.
Sua ascensão ao poder deu-se num clima de indisciplina militar e civil, adquirindo aspectos nunca atingidos nas disputas presidenciais anteriores.
Uma reforma na constituição permitiu que o poder central pudesse intervir nos Estados.
Em Minas, atento ao valor estratégico dos minerais, decidiu mobilizar dinheiro, técnicos e equipamentos que, transferidos para o Brasil, misturados aos mineiros, deram o toque de modernização na formação de uma grande indústria, a primeira de grande vulto no país, instaurando mesmo a indústria pesada e inaugurando a transformação do Brasil em um país em que o modo de produção capitalista de produção tornou-se dominante, ou seja, o capitalismo industrial.
Em 1920 após a visita do Rei Alberto I, da Bélgica, chegou ao Brasil, um grupo belgo-luxemburguês, ARBED, para uma missão técnica a Minas Gerais, constatando a possibilidade do grupo se associar a uma empresa brasileira já existente e a partir daí ampliar os negócios.
E assim foi: Um século após a chegada do francês Jean Monlevade, ou sejá, em 1917, Amaro Lanari, Cristiano Guimarães e Gil Guatimosin, jovens engenheiros recém formados pela Escola de Minas de Ouro Preto, conseguiram convencer o banqueiro Sebastião Augusto de Lima e o industrial Américo Teixeira Guimarães a investirem em um projeto ambicioso, ou seja, a criação de uma Companhia Siderúrgica na cidade de Sabará, com um investimento de capital de 350 contos de réis. A Cia era composta de um altoforno e uma oficina mecânica em Sabará.
Havia um sonho! O de produzir 25 t/dia de ferro-gusa, sendo a maior produção no Brasil e América Latina.
Em 1921, com o propósito de aumentar o capital, a fábrica de Sabará firmou uma aliança com o grupo ARBED, na época proprietário da forjaria de João Monlevade. A partir dessa parceria, as siderúrgicas passaram a ser chamadas de Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira.
Por um bom tempo, as atividades da Belgo Mineira foram desenvolvidas apenas na usina em Sabará, já que João Monlevade ainda não possuía meios de transportes adequados.
O problema foi resolvido em 1931, quando o Presidente Getúlio Vargas assegurou aos investidores da ARBED que, em pouco tempo, os trilhos da estrada de ferro da Central do Brasil ligariam as cidades de Santa Bárbara e Rio Piracicaba.
Nasce Uma Grande Siderurgia No Coração Das Minas Gerais
Após o ouro de aluvião ter-se exaurido, iniciou-se um novo ciclo – o do minério de ferro (Fe). Este, o principal produto para os altofornos da usina.
Mais que um idealizador, também chega a João Monlevade, 110 anos após o francês Jean de Monlevade, chega o jovem Louis Jacques Ensch, preocupado com o um empreendimento aparentemente falido.
Nasceu no Grão Ducado do Luxemburgo, em 1895, um pequeno país europeu com não menos que 2500 km², e que em 1920 diplomou-se em siderurgia, pela Escola politécnica de Aix-Lachapelle, veio para o Brasil, com 32 anos, também para dar continuidade a um século de um sonho.
Sua incomum capacidade e sua intelectualidade, o levou a se tornar o engenheiro chefe dos Altofornos, na Usina de Siderurgia em sua terra natal.
Gaston Barbanson é um industrial belga, nascido em Bruxelas no dia 26 de Junho de 1876 e faleceu em Luxemburgo em 4 de Maio de 1946. Co-fundador, em 1911, e diretor da Arbed, se tornando presidente após a morte de Émile Mayrisch.
A Arbed era uma empresa pioneira na integração da Europa.
Tendo à frente Gaston Barbanson, o novo grupo adquire, no início dos anos 20, propriedades em São Miguel de Piracicaba, local em que Jean Monlevade instalara sua Forja Catalã, e a Mina de Andrade, rica em minério de ferro e manganês.
Definia-se o lugar que no futuro marcaria o industrialismo mineiro.
A falta de infraestrutura para escoamento da produção de gusa, e depois de aço, adiou por quinze anos (1921-1935) o projeto de construção de uma usina em João Monlevade, no Vale do Aço Mineiro.
Barbanson dedicou-se à consolidação da pioneira planta de Sabará.
Por estes tempos era Presidente do Brasil, o mineiro Artur Bernardes, governador à época do surgimento da Belgo-Mineira (1918-1922).
Um choque monetário, somado a uma disciplina fiscal para estabilizar a economia, provoca estagnação na produção industrial, crise que se reflete na Belgo-Mineira.
A Arbed, então, despacha para o Brasil Louis Ensch, jovem engenheiro luxemburguês, com o objetivo de avaliar a conjuntura e até se fosse o caso, fechar a usina.
E foi assim, que Dr. Louis Ensch chegou ao Brasil, 10 de Novembro de 1927, na cidade de Sabará, colocando o desenvolvimento num empreendimento paralisado, concluindo rapidamente que novos investimentos na linha de produção, com novos equipamentos e melhorias na qualidade do produto, poder-se-ia então reverter o quadro caótico daquela Usina e produzir o que sabia e gostava muito de fazer: o aço.
Ele, um jovem com um verdadeiro espírito de liderança, revolucionando a indústria siderúrgica nacional e a bem da verdade já pensando numa missão honrosa que teria que fazer: a de formar com os seus colaboradores, - como ele mesmo gostava de falar em seus discursos – a primeira Vila Operária da América Latina, em João Monlevade e mais outros lugares por onde a Belgo-Mineira teria que passar para deixar seus rastros de um desenvolvimento industrial.
Dr. Louis Ensch foi muito mais longe. Avalizou não só a continuidade do empreendimento, mas tomou para si a tarefa de tocá-lo para frente, estimulado pelo próprio Artur Bernardes.
Em 11 de dezembro de 1921, a CSM, realizando reuniões com os acionistas, resultou numa associação de negócios e a Cia passou a se chamar: CSBM (Cia Siderúrgica Belgo-Mineira).
Da associação da Companhia Siderúrgica Mineira com a Arbed – Acièries Reunies de Bourbach-Eich-Dudelange, do Luxemburgo, um grupo de aço, fundada em 1911, nasce em 1921, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, primeira usina siderúrgica integrada da América Latina.
Estava concretizado o sonho das Minas Gerais, estado rico em minério de ferro, de ter em suas terras um empreendimento siderúrgico de vulto.
A partir da Usina de Sabará, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira fornecia ao mercado perfis leves e ferro para construção.
Seus principais dirigentes, Gaston de Barbanson e Louis Ensch muito lutaram para que o empreendimento não perecesse devido à falta de infra-estrutura viária e aos sucessivos choques monetários para estabilizar a economia e que acabaram provocando uma estagnação da produção industrial, que se refletiu na Belgo-Mineira.
É dessa fase, a compra de propriedades no atual Vale do Aço mineiro, com vistas à instalação futura de uma usina siderúrgica de porte, tão logo fosse equacionado o problema do transporte ferroviário para a região.
Sua outra dificílima missão, e esta extremamente técnica, a de desativar a incipiente fabrica de gusa, ferrodoce e aço.
Um jovem homem de uma qualidade empreendedora e humanista inigualável, acreditou e fez um sonho se realizar – produzir o gusa, matéria prima na fabricação do aço.
Posteriormente, foi convidado para dirigir a recém montada Usina de Siderurgia, em João Monlevade, que inclusive paralisada, estava com os estoques cheios.
Não obstante a problemática que encontrou, e entusiasta que era, dedicado aos seus propósitos, estimulou a todos que o acompanhavam no intento, fazendo assim, uma administração relevante, reequilibrando a situação econômica da Usina. Ampliou-a, colocando-a em funcionamento, com seus altofornos produzindo a todo vapor, bem como funcionando o laminador siderúrgico.
Diferente da centenária Sabará, que já dispunha de razoável estrutura urbana, Monlevade no início da década de 30 era apenas um distrito do município de Rio Piracicaba.
O local onde seria construída a usina ficava na Fazenda da Barra do Rio Preto, adquirida por Gaston Barbanson.
Como na área central da fazenda situavam-se as antigas instalações de Jean Monlevade, a fazenda, com o tempo, foi chamada "João" Monlevade.
Por esse nome, afinal, ficaria conhecida a usina, muito embora inicialmente a Belgo-Mineira a tenha batizado como Usina Barbanson, em homenagem ao presidente da ARBED.
Assim foi surgindo a Usina Siderúrgica de João Monlevade, agora na logomarca; CSBM.
Carregamento de minério de ferro nos caminhões Euclid.
Ao Dr. Louis coube-lhe, assim, a honra de ser o primeiro a fabricar em Minas Gerais, com matériaprima do próprio Estado, o açodoce (baixo teor de carbono).
Em 1930, montou uma Trefilaria para produção de arame, na fabricação de pregos, fabricados pela primeira vez no Brasil.
Em meados da década de 40 a CSBM já era responsável por 50% do aço produzido no Brasil.
Posteriormente, a CSBM, na pessoa do ilustre Diretor-Presidente Dr. Louis Ensch, cria a Samarco Mineração S.A., subsidiária da Samitri, e inicia o plano de modernização da Usina de Monlevade.
A tônica desta fase da Belgo-Mineira é o aumento do foco de atuação em trefilação e produtos derivados, que ocorre em paralelo ao esforço de profissionalização da administração.
A primeira Usina de Sabará é transformada em trefilaria e o plano de modernização da Usina de Monlevade, no valor de US$ 500 milhões, é concluído.
Dr. Louis Ensch montou também rio acima, do rio Piracicaba, uma Usina Hidrelétrica com capacidade para 2400 Kw, alimentando assim, a Usina de Monlevade; adquiriu reservas florestais para fornecimento do Carvão Vegetal, matériaprima na fabricação do aço, assegurando autosuficiência para a Usina e seus altofornos.
O carvão vegetal, preponderantemente usado na produção do ferrogusa, cumpre duas funções: como combustível químico para gerar calor necessário à operação do altoforno, retirando assim, o oxigênio do metal, durante o processo, bem como fonte de carbono.
Com esta autosuficiência a Belgo-Mineira alcançou uma produção de 20.000 t de Ferro laminado, no ano de 1930.
Sua produção foi o equivalente a 100 t de produtos siderúrgicos tais como: ferros redondos, quadrados, chatos, cantoneiras de todas as bitolas, que são utilizadas na construção civil, indústrias de serralheria e mecânica.
Em 1934, Dr. Louis Ensch já avançava suas idéias para a construção do que seria um sonho a ser realizado: A maior usina siderúrgica do mundo, no coração das Minas Gerais.
Eram muitos os empregos diretos e indiretos que a Belgo-Mineira promovia naquela região.
Presidente Getúlio Dorneles Vargas - Nasceu em São Borja, em 19 de abril de 1882 e faleceu em 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro. Advogado e político brasileiro, líder civil da Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha, depondo seu 13º e último presidente, Washington Luís, e, impedindo a posse do presidente eleito em 1º de março de 1930, Júlio Prestes.
Foi Presidente do Brasil em dois períodos. O primeiro período foi de 15 anos ininterruptos, de 1930 a 1945, e dividiu-se em 3 fases: de 1930 a 1934, como chefe do “Governo Provisório”; de 1934 até 1937 como Presidente da República do Governo Constitucional, tendo sido eleito presidente da pela Assembleia Nacional Constituinte de 1934; e, de 1937 a 1945, como Presidente-Ditador, durante o Estado Novo, implantado após um golpe de estado.
Em 1935 iniciou-se a construção da Usina de Monlevade, orgulho dos Mineiros.
Desta feita, o Ex.mo Sr. Presidente Getúlio Vargas chega e João Monlevade para lançar a pedra fundamental da Usina de Monlevade.
Esta foi base para a construção de uma outra no Rio de Janeiro, a Usina de Volta Redonda – Companhia Siderúrgica Nacional, fundada em 1941.
A constante preocupação da Belgo-Mineira em construir infraestrutura adequada ao trabalho revela-se ainda com maior intensidade no grande desafio que representou montar um plano para garantir o fornecimento de carvão vegetal à usina.
Embora a região que circundava a usina de Monlevade fosse coberta por densa mata nativa, tinha-se a consciência de que cada vez mais as reservas ficariam distantes e por isso, logo no início da construção da usina, a Belgo-Mineira tratou de adquirir reservas florestais por todo o vale do rio Doce.
Ainda nos primeiros anos da década de 30, a empresa fora beneficiada por uma lei estadual que concedeu dez mil hectares de terras cobertas de mata virgem, que se estendiam desde a foz do rio Piracicaba, à margem direita do rio Doce, até o município de Caratinga.
Mas considerando-se a demanda pelo carvão vegetal, a área ainda era insuficiente.
A partir de 1935, através de representantes comerciais, a Belgo-Mineira passou a adquirir grandes extensões de terra, inclusive na margem esquerda do rio Doce, onde existiam somente pequenas e esparsas cidades surgidas ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas ou às margens dos principais rios.
Uma região extremamente inóspita, onde, dizia-se, ocorriam de três a cinco mortes por dia por causa da malária - isso sem falar na violência, porque a inacessibilidade da região fornecia abrigo ideal a muitos criminosos.
Era difícil até mesmo obter mapas detalhados da região, porque os topógrafos contratados pelo estado acabavam fazendo medições errôneas, por não quererem expor-se demais aos perigos.
Para possibilitar a implantação de núcleos de extração de madeira e carvoejamento, a Belgo-Mineira montou uma base inicial em Calado, que depois se tornaria o município de Coronel Fabriciano, um importante centro regional.
A localização era estratégica, a meio caminho entre Figueira do Rio Doce - depois Governador Valadares - e Monlevade, servindo de "porta" de entrada para todo o vale do rio Doce.
Além disso, a incidência de malária no local era pequena, uma vez que ali o solo era bastante silicoso, absorvendo as águas pluviais e, portanto, impedindo a formação de poças d'água, onde o mosquito transmissor se proliferava.
Calado era um pequeno arraial com não mais de 15 casebres que praticamente só existia em função da "parada" do trem da Vitória a Minas, para reabastecimento de água e lenha para as locomotivas.
A partir de 1937, porém, seria um verdadeiro "quartel general" da Belgo-Mineira para a conquista do vale do rio Doce.
Ali a empresa construiu um escritório e um ambulatório, residências para o superintendente e médico responsáveis e, logo depois, um grande hospital, o "Siderúrgica".
O hospital, necessidade inquestionável pelas características da região, foi entregue à administração das irmãs da Piedade, que já administravam a Santa Casa de Sabará.
Anexa à grande construção que abrigava o hospital, foi construída também uma singela capela.
A partir dali, organizaram-se vários pontos de extração de madeira e produção carvoeira por todo o vale - uma atividade que cresceria em importância nas décadas seguintes.
Em cada local, foi montada uma base, com posto médico e serviço de enfermaria, que era ligado ao hospital de Calado.
E, na medida em que a Belgo-Mineira ia criando novos postos - chegaram a ser 27 enfermarias em toda a região -, ia também promovendo serviços de engenharia sanitária, aterrando lagoas insalubres, retificando córregos e aplicando inseticidas.
Mesmo assim, durante muitos anos a malária foi o grande inimigo a ser vencido e necessitou o trabalho de um grande número de médicos, verdadeiros heróis na luta contra a doença, que dizimava os trabalhadores.
Eles percorriam vários pontos da região - de trem, a cavalo, no lombo de mulas - para fazer trabalhos preventivos ou emergenciais. Contra eles, existiam ainda as péssimas condições de vida da população local, agravada ainda mais por hábitos culturais que, muitas vezes não se adequavam às medidas sanitárias.
A Belgo-Mineira logo percebeu então que era necessário ir ainda além.
Em cada núcleo implantado em meio à floresta, mesmo que a mão-de-obra fosse terceirizada, foi construindo casas de alvenaria - simples, mas com condições sanitárias adequadas -, escolas, postos permanentes de saúde, foi abrindo e iluminando ruas, além de também abrir um número imenso de rodovias vicinais, não apenas necessárias ao próprio escoamento da produção de carvão, como promotoras da integração regional.
Sozinha, a Belgo-Mineira foi responsável pela construção de mais de mil quilômetros de estradas de rodagem em todo o vale do rio Doce.
Foi assim que a Belgo-Mineira colaborou em grande medida para a ocupação e a valorização econômica de toda a região.
Em torno dos núcleos carvoeiros, foram surgindo prósperas cidades - Goiabal, Dionísio, Alfié, Grama, Santa Isabel, Ipatinga, Jaguarassu, Várzea da Palma.
Na cidade de Várzea da Palma, a Belgo-Mineira construiu mais de 300 quilômetros de estradas de rodagem , escolas, hospital e até um campo de pouso para aviões, transformou-se no município de Pirapora.
A cidade de Ipatinga, surgiu da doação de áreas feita pela Belgo-Mineira à comunidade.
A partir dos anos 40, com a implantação do serviço de reflorestamento, esses núcleos teriam importância crescente e serviram, inclusive, de ponto de partida para a implantação de outras grandes usinas siderúrgicas, como a Acesita(1944)-(hoje pertencente à ArcelorMittal Inox Brasil) e a Usiminas(1956), para as quais a Belgo vendeu parte de seu patrimônio florestal.
Para as comunidades locais, porém, ficou o legado de melhor qualidade de vida impulsionado pela Belgo-Mineira.
Muito tempo depois, constatou-se, por exemplo, que Dionísio, já uma cidade com mais de dez mil habitantes, apresentava um dos mais baixos índices de analfabetismo de todo o estado de Minas Gerais.
Talvez o resultado de longo prazo dos primeiros grupos escolares mantidos ali pela Belgo-Mineira, décadas antes.
Após dois anos de iniciado a construção, em 1937, a CSBM fazia sua primeira corrida de gusa em seu primeiro altoforno.
A partir de Monlevade, a história da Belgo-Mineira é um percurso de crescimento e superação de desafios.
A Segunda Grande Guerra Mundial, de 1939 a 1945, até 1944 ganhava maiores proporções. Monlevade havia pouco começara a funcionar.
Mas, devido à guerra, cessadas as importações, as estradas de ferro do país ressentiam-se da falta de trilhos com que renovar as suas linhas.
Foi nessa conjuntura que a Belgo-Mineira, desejando avultar a sua contribuição ao esforço de guerra do Brasil tomou, por decisão do Dr. Ensch, a iniciativa de instalar em Monlevade um "laminador" para fabricar trilhos. Mas onde buscar o "laminador"?
Num rasgo próprio do Dr. Ensch e da história da Companhia, resolveu-se a construir o "laminador" na própria oficina mecânica de Siderúrgica.
Já no começo da década de 1940, a Belgo-Mineira, alimentada por carvão vegetal, fazia 50% do aço produzido no Brasil.
O período de 1938/1949 é assim uma fase de ampliação e modernização dos processos de fabricação tradicionais.
Para que a usina funcionasse, em pleno sertão de Minas Gerais, numa região dominada por morros, era preciso que antes de tudo se criassem condições de vida no local.
Assim, decidiu-se que a usina ficaria no alto de uma pequena esplanada e o conjunto urbano seria construído em seu redor.
Estava nascendo então a segunda Vila Operária da América Latina.
A cidade mereceria, aliás, tanto ou mais planejamento do que a própria usina.
Seu projeto foi entregue a um jovem e talentoso urbanista chamado Lúcio Costa. Surge construções em estilo Neoclássico, ao lado da Usina. Um "ensaio", talvez, em grande estilo, da obra que seria realizada, anos depois, em pleno Planalto Central.
Até 1938, os funcionários da Belgo-Mineira eram acomodados em hotéis e alojamentos provisórios construídos especialmente e com algum conforto, mas não era possível que essa situação perdurasse.
Ao redor do imenso platô formado para sustentar as instalações da usina, acima e abaixo, foram então surgindo as vilas residenciais, a partir das ruas Beira Rio e Siderúrgica, que ficavam entre a margem do Piracicaba e uma exuberante mata nativa.
Do núcleo pioneiro, novos conjuntos foram construídos ao longo dos anos, todas com nomes de grupos indígenas brasileiros - Tupis, Guaranis, Carijós, Caetés, Aimorés, Tamoios, Tabajaras e Tocantins.
Do outro lado do rio, foram construídas a Tapajós, Paraúna, Tietê, Amazonas e Santa Cruz.
E, próximo ao ribeirão Carneirinhos, as vilas Engenheiros, Vila Tanque, Baú, Areia Preta e Pirineus.
A seguir: Jean Monlevade (II)
Mais que um idealizador, também chega a João Monlevade, 110 anos após o francês Jean de Monlevade, chega o jovem Louis Jacques Ensch, preocupado com o um empreendimento aparentemente falido.
Nasceu no Grão Ducado do Luxemburgo, em 1895, um pequeno país europeu com não menos que 2500 km², e que em 1920 diplomou-se em siderurgia, pela Escola politécnica de Aix-Lachapelle, veio para o Brasil, com 32 anos, também para dar continuidade a um século de um sonho.
Sua incomum capacidade e sua intelectualidade, o levou a se tornar o engenheiro chefe dos Altofornos, na Usina de Siderurgia em sua terra natal.
Empreendimento Siderúrgico Nacional
Gaston Barbanson é um industrial belga, nascido em Bruxelas no dia 26 de Junho de 1876 e faleceu em Luxemburgo em 4 de Maio de 1946. Co-fundador, em 1911, e diretor da Arbed, se tornando presidente após a morte de Émile Mayrisch.
A Arbed era uma empresa pioneira na integração da Europa.
Tendo à frente Gaston Barbanson, o novo grupo adquire, no início dos anos 20, propriedades em São Miguel de Piracicaba, local em que Jean Monlevade instalara sua Forja Catalã, e a Mina de Andrade, rica em minério de ferro e manganês.
Definia-se o lugar que no futuro marcaria o industrialismo mineiro.
A falta de infraestrutura para escoamento da produção de gusa, e depois de aço, adiou por quinze anos (1921-1935) o projeto de construção de uma usina em João Monlevade, no Vale do Aço Mineiro.
Barbanson dedicou-se à consolidação da pioneira planta de Sabará.
Por estes tempos era Presidente do Brasil, o mineiro Artur Bernardes, governador à época do surgimento da Belgo-Mineira (1918-1922).
Um choque monetário, somado a uma disciplina fiscal para estabilizar a economia, provoca estagnação na produção industrial, crise que se reflete na Belgo-Mineira.
A Arbed, então, despacha para o Brasil Louis Ensch, jovem engenheiro luxemburguês, com o objetivo de avaliar a conjuntura e até se fosse o caso, fechar a usina.
E foi assim, que Dr. Louis Ensch chegou ao Brasil, 10 de Novembro de 1927, na cidade de Sabará, colocando o desenvolvimento num empreendimento paralisado, concluindo rapidamente que novos investimentos na linha de produção, com novos equipamentos e melhorias na qualidade do produto, poder-se-ia então reverter o quadro caótico daquela Usina e produzir o que sabia e gostava muito de fazer: o aço.
Ele, um jovem com um verdadeiro espírito de liderança, revolucionando a indústria siderúrgica nacional e a bem da verdade já pensando numa missão honrosa que teria que fazer: a de formar com os seus colaboradores, - como ele mesmo gostava de falar em seus discursos – a primeira Vila Operária da América Latina, em João Monlevade e mais outros lugares por onde a Belgo-Mineira teria que passar para deixar seus rastros de um desenvolvimento industrial.
Dr. Louis Ensch foi muito mais longe. Avalizou não só a continuidade do empreendimento, mas tomou para si a tarefa de tocá-lo para frente, estimulado pelo próprio Artur Bernardes.
Em 11 de dezembro de 1921, a CSM, realizando reuniões com os acionistas, resultou numa associação de negócios e a Cia passou a se chamar: CSBM (Cia Siderúrgica Belgo-Mineira).
Da associação da Companhia Siderúrgica Mineira com a Arbed – Acièries Reunies de Bourbach-Eich-Dudelange, do Luxemburgo, um grupo de aço, fundada em 1911, nasce em 1921, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, primeira usina siderúrgica integrada da América Latina.
Estava concretizado o sonho das Minas Gerais, estado rico em minério de ferro, de ter em suas terras um empreendimento siderúrgico de vulto.
A partir da Usina de Sabará, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira fornecia ao mercado perfis leves e ferro para construção.
Seus principais dirigentes, Gaston de Barbanson e Louis Ensch muito lutaram para que o empreendimento não perecesse devido à falta de infra-estrutura viária e aos sucessivos choques monetários para estabilizar a economia e que acabaram provocando uma estagnação da produção industrial, que se refletiu na Belgo-Mineira.
É dessa fase, a compra de propriedades no atual Vale do Aço mineiro, com vistas à instalação futura de uma usina siderúrgica de porte, tão logo fosse equacionado o problema do transporte ferroviário para a região.
Sua outra dificílima missão, e esta extremamente técnica, a de desativar a incipiente fabrica de gusa, ferrodoce e aço.
Um jovem homem de uma qualidade empreendedora e humanista inigualável, acreditou e fez um sonho se realizar – produzir o gusa, matéria prima na fabricação do aço.
Posteriormente, foi convidado para dirigir a recém montada Usina de Siderurgia, em João Monlevade, que inclusive paralisada, estava com os estoques cheios.
Não obstante a problemática que encontrou, e entusiasta que era, dedicado aos seus propósitos, estimulou a todos que o acompanhavam no intento, fazendo assim, uma administração relevante, reequilibrando a situação econômica da Usina. Ampliou-a, colocando-a em funcionamento, com seus altofornos produzindo a todo vapor, bem como funcionando o laminador siderúrgico.
Uma Usina e Uma Cidade Sertão Mineiro
Diferente da centenária Sabará, que já dispunha de razoável estrutura urbana, Monlevade no início da década de 30 era apenas um distrito do município de Rio Piracicaba.
O local onde seria construída a usina ficava na Fazenda da Barra do Rio Preto, adquirida por Gaston Barbanson.
Como na área central da fazenda situavam-se as antigas instalações de Jean Monlevade, a fazenda, com o tempo, foi chamada "João" Monlevade.
Por esse nome, afinal, ficaria conhecida a usina, muito embora inicialmente a Belgo-Mineira a tenha batizado como Usina Barbanson, em homenagem ao presidente da ARBED.
Assim foi surgindo a Usina Siderúrgica de João Monlevade, agora na logomarca; CSBM.
O início de um grandioso processo siderúrgico
Carregamento de minério de ferro nos caminhões Euclid.
Ao Dr. Louis coube-lhe, assim, a honra de ser o primeiro a fabricar em Minas Gerais, com matériaprima do próprio Estado, o açodoce (baixo teor de carbono).
Em 1930, montou uma Trefilaria para produção de arame, na fabricação de pregos, fabricados pela primeira vez no Brasil.
Em meados da década de 40 a CSBM já era responsável por 50% do aço produzido no Brasil.
Posteriormente, a CSBM, na pessoa do ilustre Diretor-Presidente Dr. Louis Ensch, cria a Samarco Mineração S.A., subsidiária da Samitri, e inicia o plano de modernização da Usina de Monlevade.
A tônica desta fase da Belgo-Mineira é o aumento do foco de atuação em trefilação e produtos derivados, que ocorre em paralelo ao esforço de profissionalização da administração.
A primeira Usina de Sabará é transformada em trefilaria e o plano de modernização da Usina de Monlevade, no valor de US$ 500 milhões, é concluído.
Dr. Louis Ensch montou também rio acima, do rio Piracicaba, uma Usina Hidrelétrica com capacidade para 2400 Kw, alimentando assim, a Usina de Monlevade; adquiriu reservas florestais para fornecimento do Carvão Vegetal, matériaprima na fabricação do aço, assegurando autosuficiência para a Usina e seus altofornos.
O carvão vegetal, preponderantemente usado na produção do ferrogusa, cumpre duas funções: como combustível químico para gerar calor necessário à operação do altoforno, retirando assim, o oxigênio do metal, durante o processo, bem como fonte de carbono.
Com esta autosuficiência a Belgo-Mineira alcançou uma produção de 20.000 t de Ferro laminado, no ano de 1930.
Sua produção foi o equivalente a 100 t de produtos siderúrgicos tais como: ferros redondos, quadrados, chatos, cantoneiras de todas as bitolas, que são utilizadas na construção civil, indústrias de serralheria e mecânica.
Em 1934, Dr. Louis Ensch já avançava suas idéias para a construção do que seria um sonho a ser realizado: A maior usina siderúrgica do mundo, no coração das Minas Gerais.
Eram muitos os empregos diretos e indiretos que a Belgo-Mineira promovia naquela região.
Presidente Getúlio Dorneles Vargas - Nasceu em São Borja, em 19 de abril de 1882 e faleceu em 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro. Advogado e político brasileiro, líder civil da Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha, depondo seu 13º e último presidente, Washington Luís, e, impedindo a posse do presidente eleito em 1º de março de 1930, Júlio Prestes.
Foi Presidente do Brasil em dois períodos. O primeiro período foi de 15 anos ininterruptos, de 1930 a 1945, e dividiu-se em 3 fases: de 1930 a 1934, como chefe do “Governo Provisório”; de 1934 até 1937 como Presidente da República do Governo Constitucional, tendo sido eleito presidente da pela Assembleia Nacional Constituinte de 1934; e, de 1937 a 1945, como Presidente-Ditador, durante o Estado Novo, implantado após um golpe de estado.
Em 1935 iniciou-se a construção da Usina de Monlevade, orgulho dos Mineiros.
Desta feita, o Ex.mo Sr. Presidente Getúlio Vargas chega e João Monlevade para lançar a pedra fundamental da Usina de Monlevade.
Esta foi base para a construção de uma outra no Rio de Janeiro, a Usina de Volta Redonda – Companhia Siderúrgica Nacional, fundada em 1941.
A Conquista Do Rio Doce
A constante preocupação da Belgo-Mineira em construir infraestrutura adequada ao trabalho revela-se ainda com maior intensidade no grande desafio que representou montar um plano para garantir o fornecimento de carvão vegetal à usina.
Embora a região que circundava a usina de Monlevade fosse coberta por densa mata nativa, tinha-se a consciência de que cada vez mais as reservas ficariam distantes e por isso, logo no início da construção da usina, a Belgo-Mineira tratou de adquirir reservas florestais por todo o vale do rio Doce.
Ainda nos primeiros anos da década de 30, a empresa fora beneficiada por uma lei estadual que concedeu dez mil hectares de terras cobertas de mata virgem, que se estendiam desde a foz do rio Piracicaba, à margem direita do rio Doce, até o município de Caratinga.
Mas considerando-se a demanda pelo carvão vegetal, a área ainda era insuficiente.
A partir de 1935, através de representantes comerciais, a Belgo-Mineira passou a adquirir grandes extensões de terra, inclusive na margem esquerda do rio Doce, onde existiam somente pequenas e esparsas cidades surgidas ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas ou às margens dos principais rios.
Uma região extremamente inóspita, onde, dizia-se, ocorriam de três a cinco mortes por dia por causa da malária - isso sem falar na violência, porque a inacessibilidade da região fornecia abrigo ideal a muitos criminosos.
Era difícil até mesmo obter mapas detalhados da região, porque os topógrafos contratados pelo estado acabavam fazendo medições errôneas, por não quererem expor-se demais aos perigos.
Para possibilitar a implantação de núcleos de extração de madeira e carvoejamento, a Belgo-Mineira montou uma base inicial em Calado, que depois se tornaria o município de Coronel Fabriciano, um importante centro regional.
A localização era estratégica, a meio caminho entre Figueira do Rio Doce - depois Governador Valadares - e Monlevade, servindo de "porta" de entrada para todo o vale do rio Doce.
Além disso, a incidência de malária no local era pequena, uma vez que ali o solo era bastante silicoso, absorvendo as águas pluviais e, portanto, impedindo a formação de poças d'água, onde o mosquito transmissor se proliferava.
Calado era um pequeno arraial com não mais de 15 casebres que praticamente só existia em função da "parada" do trem da Vitória a Minas, para reabastecimento de água e lenha para as locomotivas.
A partir de 1937, porém, seria um verdadeiro "quartel general" da Belgo-Mineira para a conquista do vale do rio Doce.
Ali a empresa construiu um escritório e um ambulatório, residências para o superintendente e médico responsáveis e, logo depois, um grande hospital, o "Siderúrgica".
O hospital, necessidade inquestionável pelas características da região, foi entregue à administração das irmãs da Piedade, que já administravam a Santa Casa de Sabará.
Anexa à grande construção que abrigava o hospital, foi construída também uma singela capela.
A partir dali, organizaram-se vários pontos de extração de madeira e produção carvoeira por todo o vale - uma atividade que cresceria em importância nas décadas seguintes.
Em cada local, foi montada uma base, com posto médico e serviço de enfermaria, que era ligado ao hospital de Calado.
E, na medida em que a Belgo-Mineira ia criando novos postos - chegaram a ser 27 enfermarias em toda a região -, ia também promovendo serviços de engenharia sanitária, aterrando lagoas insalubres, retificando córregos e aplicando inseticidas.
Mesmo assim, durante muitos anos a malária foi o grande inimigo a ser vencido e necessitou o trabalho de um grande número de médicos, verdadeiros heróis na luta contra a doença, que dizimava os trabalhadores.
Eles percorriam vários pontos da região - de trem, a cavalo, no lombo de mulas - para fazer trabalhos preventivos ou emergenciais. Contra eles, existiam ainda as péssimas condições de vida da população local, agravada ainda mais por hábitos culturais que, muitas vezes não se adequavam às medidas sanitárias.
A Belgo-Mineira logo percebeu então que era necessário ir ainda além.
Em cada núcleo implantado em meio à floresta, mesmo que a mão-de-obra fosse terceirizada, foi construindo casas de alvenaria - simples, mas com condições sanitárias adequadas -, escolas, postos permanentes de saúde, foi abrindo e iluminando ruas, além de também abrir um número imenso de rodovias vicinais, não apenas necessárias ao próprio escoamento da produção de carvão, como promotoras da integração regional.
Sozinha, a Belgo-Mineira foi responsável pela construção de mais de mil quilômetros de estradas de rodagem em todo o vale do rio Doce.
Foi assim que a Belgo-Mineira colaborou em grande medida para a ocupação e a valorização econômica de toda a região.
Em torno dos núcleos carvoeiros, foram surgindo prósperas cidades - Goiabal, Dionísio, Alfié, Grama, Santa Isabel, Ipatinga, Jaguarassu, Várzea da Palma.
Na cidade de Várzea da Palma, a Belgo-Mineira construiu mais de 300 quilômetros de estradas de rodagem , escolas, hospital e até um campo de pouso para aviões, transformou-se no município de Pirapora.
A cidade de Ipatinga, surgiu da doação de áreas feita pela Belgo-Mineira à comunidade.
A partir dos anos 40, com a implantação do serviço de reflorestamento, esses núcleos teriam importância crescente e serviram, inclusive, de ponto de partida para a implantação de outras grandes usinas siderúrgicas, como a Acesita(1944)-(hoje pertencente à ArcelorMittal Inox Brasil) e a Usiminas(1956), para as quais a Belgo vendeu parte de seu patrimônio florestal.
Para as comunidades locais, porém, ficou o legado de melhor qualidade de vida impulsionado pela Belgo-Mineira.
Muito tempo depois, constatou-se, por exemplo, que Dionísio, já uma cidade com mais de dez mil habitantes, apresentava um dos mais baixos índices de analfabetismo de todo o estado de Minas Gerais.
Talvez o resultado de longo prazo dos primeiros grupos escolares mantidos ali pela Belgo-Mineira, décadas antes.
A Corrida do Gusa
Após dois anos de iniciado a construção, em 1937, a CSBM fazia sua primeira corrida de gusa em seu primeiro altoforno.
A partir de Monlevade, a história da Belgo-Mineira é um percurso de crescimento e superação de desafios.
A Segunda Grande Guerra Mundial, de 1939 a 1945, até 1944 ganhava maiores proporções. Monlevade havia pouco começara a funcionar.
Mas, devido à guerra, cessadas as importações, as estradas de ferro do país ressentiam-se da falta de trilhos com que renovar as suas linhas.
Foi nessa conjuntura que a Belgo-Mineira, desejando avultar a sua contribuição ao esforço de guerra do Brasil tomou, por decisão do Dr. Ensch, a iniciativa de instalar em Monlevade um "laminador" para fabricar trilhos. Mas onde buscar o "laminador"?
Num rasgo próprio do Dr. Ensch e da história da Companhia, resolveu-se a construir o "laminador" na própria oficina mecânica de Siderúrgica.
Já no começo da década de 1940, a Belgo-Mineira, alimentada por carvão vegetal, fazia 50% do aço produzido no Brasil.
O período de 1938/1949 é assim uma fase de ampliação e modernização dos processos de fabricação tradicionais.
Para que a usina funcionasse, em pleno sertão de Minas Gerais, numa região dominada por morros, era preciso que antes de tudo se criassem condições de vida no local.
Assim, decidiu-se que a usina ficaria no alto de uma pequena esplanada e o conjunto urbano seria construído em seu redor.
Estava nascendo então a segunda Vila Operária da América Latina.
A cidade mereceria, aliás, tanto ou mais planejamento do que a própria usina.
Seu projeto foi entregue a um jovem e talentoso urbanista chamado Lúcio Costa. Surge construções em estilo Neoclássico, ao lado da Usina. Um "ensaio", talvez, em grande estilo, da obra que seria realizada, anos depois, em pleno Planalto Central.
Até 1938, os funcionários da Belgo-Mineira eram acomodados em hotéis e alojamentos provisórios construídos especialmente e com algum conforto, mas não era possível que essa situação perdurasse.
Ao redor do imenso platô formado para sustentar as instalações da usina, acima e abaixo, foram então surgindo as vilas residenciais, a partir das ruas Beira Rio e Siderúrgica, que ficavam entre a margem do Piracicaba e uma exuberante mata nativa.
Do núcleo pioneiro, novos conjuntos foram construídos ao longo dos anos, todas com nomes de grupos indígenas brasileiros - Tupis, Guaranis, Carijós, Caetés, Aimorés, Tamoios, Tabajaras e Tocantins.
Do outro lado do rio, foram construídas a Tapajós, Paraúna, Tietê, Amazonas e Santa Cruz.
E, próximo ao ribeirão Carneirinhos, as vilas Engenheiros, Vila Tanque, Baú, Areia Preta e Pirineus.
A seguir: Jean Monlevade (II)
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Comentários
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Preservar a História é preservar a qualidade e a vida hoje e sempre!...?MELHOR COM CONSCIÊNCIA AMBIENTAL!!!SUSTENTABILIDADE PLENA!!!
ResponderEliminarE que fim teve os filhos de Jean de Monlevade? JOÃO PASCHOAL MONLEVADE E MARIANA MONLEVADE?
ResponderEliminarMuito bacana. Gostei.
ResponderEliminarA parte relativa ao analfabetismo em Dionísio é totalmente falsa. A evolução de escolas em Dionísio nunca passou pela Belgo Mineira.
ResponderEliminarUma observação, a foto marcada como sendo do Jacuí, na verdade é de Carneirinhos lá pela década de 60.
ResponderEliminarAmigo Cássio Gonçalves, muito obrigado pela sua colaboração.
EliminarJá retificamos a legenda da foto.
Abraço.
Às ordens!
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