Nando Reis, um dos grandes nomes da música brasileira

DO TEXTO:

Nando Reis: "Sou mais que um hitmaker"

Em turnê com o espetáculo Voz e Violão, Nando Reis conta que está se surpreendendo com o sucesso que o show faz por onde passa. Autor de hits que embalam gerações, o ex-titã explica por que compor aos 53 anos é mais difícil do que era 30 anos atrás e adianta detalhes do novo CD, de inéditas, que lança ainda este ano
 
Valdir Moratelli - Rio de Janeiro

Os gestos voam. Nando Reis usa os braços e as pernas para gesticular enquanto conversa. Ele não para um só instante. Inquieto, só se contém no palco, quando fica a sós. Em turnê pelo país com o show do CD Voz e Violão, o cantor recebeu QUEM no camarim de uma casa de shows no Rio, horas antes de se preparar para mais uma apresentação. Ao fundo a plateia já cantava algumas de suas canções,  guardando-o.

"Não sou um fazedor de sucessos, não faço música para fazer sucesso", diz ele, autor de hits como Relicário, All Star e O Segundo Sol. Agora, Nando leva o espetáculo para o Rio Grande do Sul, onde faz apresentações em Lajeado, na quinta-feira(7), em Caxias do Sul, na sexta-feira (8), e Passo Fundo, no sábado (9).

Nando Reis de cara limpa (Foto: Marcelo Correa)

Pai de cinco filhos e casado com a escritora Vania Reis, o cantor, que já prepara um CD de inéditas para o final do ano, conta que só se desliga quando consegue voltar para casa, ao final de uma turnê. Difícil é imaginá-lo se desligando de tanta agitação...

QUEM: Seu show Voz e Violão tem rendido apresentações lotadas por onde passa. É uma surpresa para você?

 
NANDO REIS: Por incrível que pareça, sim. Tocamos no Rio (dia 4 de junho) estando com ingressos há semanas esgotados. Abrimos outra semana (dia 25), que esgotou em poucas horas. Esse show é uma surpresa desde o princípio, não é algo que eu tivesse planejado. Mas nesses quatros anos tenho experimentado intensamente para fazer aquilo de que mais gosto, que é lançar discos.

Mais do que fazer shows?

NR: Faço discos para tocar nos palcos. Mas, ao mesmo tempo, vim de uma geração que conseguiu lidar com o mercado num momento de transformação, em que o rock brasileiro tomou conta das rádios e da própria indústria fonográfica, se aliando à juventude. Gravávamos discos todo ano e isso está cada vez mais diminuindo.


Nando Reis (Foto: Marcelo Correa)

E como lida com a nova geração, que não acredita mais em CD físico?

NR: É uma nova forma de ver a música, sem dúvida. Não sei o quão perigoso é, pois isso só se detecta a posteriori. Seria incrível que todas as músicas tivessem chance de serem tocadas nas rádios, por exemplo. É claro que se pode dizer que a letra pop clássica de três minutos com estrofe e refrão tem mais chance de colar. Eu adoro músicas assim, no entanto não são só essas que me interessam fazer.

Por exemplo...?

NR: Tenho canções que me surpreendem, que são grandes sucessos do meu show, como Relicário, que não tem refrão! Só tocou nas rádios quando a Cássia (Eller) cantou, e eu já tinha gravado há três anos. Hoje, 16 anos depois, é uma música que não posso deixar de tocar! “É uma índia com um colar, na tarde linda que não quer se pôr”... As pessoas me olhavam e falavam: “Que merda é essa, Nando?”. Não acredito em fórmula!


Compor aos 53 anos é mais fácil do que aos 23?
 
NR: Não (risos)! Tem uma coisa paradoxal aí. Não sei se é a experiência que bloqueia, que me torna exigente... Talvez uma sofisticação da própria linguagem, sabe? Tem a ver com a idade, claro! Na juventude, com os Titãs, descobri que tinha mais prazer em compor sozinho. Gerava crise com eles. Eu tinha muita coisa e muito pouco entrava (no repertório do grupo). Tanto que fiz parcerias com Samuel (Rosa, do Skank), abastecia Cássia, Marisa (Monte)...

Nando Reis (Foto: Marcelo Correa)

Considera-se um hitmaker?

NR: Sou muito mais que um hitmaker! Eu faço música. Se elas fazem sucesso é mérito delas. Não sou um fazedor de sucessos, não faço música para fazer sucesso. É uma forma de expressão para causar impacto, e o sucesso é consequência.

O que você não ouve de jeito nenhum?

NR: Putz! Não consigo ouvir música eletrônica. Não sei nem diferenciar as ramificações (risos)…


Você me parece um cara sempre ligado nos 220V. Quando se desliga? Há esse momento?

NR: Fico em casa. Amo voltar para casa. Um dia vou morar no mato e não sair de lá. Mas não agora!

Fale sobre o CD de inéditas que lança ainda este ano.

 
NR: Terá 13 músicas. Todas de minha autoria, exceto uma em parceria com o Samuel. Tem um monte de gente que admiro. Arnaldo Antunes, com quem não gravava há 25 anos, Pitty, Tulipa Ruiz, Luiza Possi, além dos meus filhos Theo, Sebastião e Zoé. Foi gravado em Seattle e no Brasil. Conta ainda com participações de Mike McCready (do Pearl Jam) e Peter Buck (do REM).


Nando Reis na passagem de som do show no Rio (Foto: Marcelo Correa)
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Nando Reis - Relicário

 
 
Nando Reis - All Star (Clipe Oficial) 
 

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