Elenco do Porta dos Fundos, na sede do grupo em Laranjeiras
KEILA
JIMENEZ
COLUNISTA DAFOLHA
Em
fevereiro, a Fox portuguesa estreou uma compilação de esquetes do Porta dos
Fundos, publicados originalmente na internet. O "coletivo" de humor,
como chamam os lusitanos, levou o canal ao terceiro lugar em ibope no horário,
com um aumento de 73% na audiência.
Estava
aberto o portão de embarque internacional para o grupo de comédia brasileiro,
nascido na web em 2012.
Os
vídeos semanais foram os filhotes do que é hoje uma produtora de conteúdo das
grandes. Os cinco sócios iniciais da "brincadeira" –Fábio Porchat,
Antonio Pedro Tabet, Gregório Duvivier, Ian SBF e João Vicente de Castro, que
largaram seus empregos para gravar vídeos que faziam os amigos rirem– trabalham
agora com uma equipe de quase 50 pessoas.
O
prédio do Porta, em Laranjeiras, no Rio, está pequeno para tanta gente e
projetos. São filmes, séries, novos canais na web, programas para TV e sites no
exterior, uma peça de teatro, uma animação, um "talk show", um
reality e licenciamentos de produtos.
"A
gente pode fazer tudo? Pode. Pode não dar certo? Pode", diz Ian SBF, e um
dos criadores do grupo. "Mas nascemos arriscando. Não sabemos o que
acontecerá, mas empresa que não cresce, morre."
Nessa
toada, o Porta se tornou um polvo, com tentáculos em várias plataformas. A
cabeça do molusco empresarial é argentina: Juliana Algañaraz (ex-Endemol), que
virou sócia e CEO do coletivo no segundo semestre de 2014.
"Estávamos
tentando cuidar do negócio e da parte criativa do grupo. Como eu ia me
concentrar na direção dos vídeos se tinha que comprar papel higiênico e
cortinas para a empresa?", diz Ian. "A Juliana veio para organizar.
Passamos a delegar, dividir melhor as funções."
Acreditando
na força do humor universal, o Porta sonha em ser uma espécie de Monty Python
brasileiro. É por isso que, depois de tanto assédio da TV aberta (a Globo
chegou a tentar contratá-los), o grupo se acertou com a gigante mundial Fox em
2014. Era o passaporte com visto internacional.
Agora,
as novidades do pacote exportação começam por um programa inédito para a
emissora aberta portuguesa SIC, que disputa liderança de audiência no país.
O
grupo também deve entrar em breve na Fox em países da América Latina. De olho
nisso, planeja criar produtos especialmente para o mercado hispânico e americano.
Com
o México, o coletivo negocia um pacote de vídeos. Com uma TV de Londres e um
site americano, esquetes em inglês. A trupe ainda está abrindo uma empresa de
licenciamento de produtos, que lançará mochilas, óculos e cadernos da marca.
"Contratamos
uma empresa de primeira linha para legendar os vídeos em inglês e
espanhol", conta Juliana.
"Sempre
sonhamos em chegar em outros países, mas o conteúdo tem de fazer sentido. Temos
de dar risada de nossas piadas. Essa é a coerência que nos guia e espero que
ela seja mantida", comenta Ian. "Não é demagogia. É estratégia. E
está dando certo."
Em
2014, apenas 25% da receita do Porta veio da internet. Para 2015, o grupo
pretende faturar cerca de R$ 35 milhões só com essa modalidade e, com tantos
outros projetos, Juliana Algañaraz calcula que só 8% da receita virá da web.
"O resto será fruto da TV paga, cinema, produtos e projetos
internacionais." Do pouco que ela diz, pode-se deduzir que o Porta espera
arrecadar mais de R$ 350 milhões neste ano.
PORTA ADENTRO
No
Brasil, o grupo vai lançar dois longas-metragens: um no cinema, no segundo
semestre, e outro mais adiante, sem data definida, só na internet.
Além
disso, está produzindo uma série inédita para a Fox e ensaiando uma peça de
teatro, baseada no humor de improviso. Os ensaios da peça devem virar vídeos no
YouTube.
O
grupo também pretende fazer uma animação para a TV e um reality para web,
mostrando a caça por novos talentos para a empresa.
COLUNISTA DA FOLHA
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