Quando era menino e moço procurava muito os livros. Naquela
altura, tínhamos a facilidade de dispor da Biblioteca Itinerante da Fundação
Caloust Gulbenkian, que percorria o país lés-a-lés. Lembro-me de estar numa
fila (se escrever bicha, os brasileiros podem confundir com outra coisa. Mas em
Portugal diz-se mesmo bicha) mais de duas horas para adquirir quatro ou cinco
livros para ler durante o mês. Será que os jovens de hoje teriam disposição
para fazer o mesmo?
Por outro lado, hoje passo os olhos pelas editoras apenas
com a curiosidade de saber quem são os autores dos livros. Confesso que
atualmente - e paradoxal que possa parecer – leio muito pouco. Estou mais
virado para a televisão, quiçá pelo fato de outrora não ter, para o efeito,
tempo disponível. Quando chegava a casa, vindo do jornal, a cama era o meu
destino imediato, sem, contudo, deixar de abastecer, com a regra exigida, o meu
estômago que também às vezes reclamava por falta de regular alimentação. Talvez
ele (estômago) tenha sido um dos campeões das sanduíches. Na fase em que o rei
mandava marchar.
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