Eu sei, todo o dia nessa estrada... RC 1984

DO TEXTO:

Por Danilo Bezerra
Twitter: @danilojkbezerra
Arte: Armindo Guimarães
Nº 10

29 de junho de 1994. 17h. Chovia na capital baiana. Dona Mara Núbia, 23 anos, sentia dores estranhas, ela estava no nono mês de gravidez. As dores aumentavam com o decorrer das horas quando derrepente o motivo das dores deu um sinal, a bolsa uterina havia estourado e ela entrara em trabalho de parto. As pressas ela sai de casa em busca de uma maternidade para ter aquele que seria seu primeiro filho. A busca por um leito se estende pela noite e chega a madrugada. Aquela madrugada também seria de grande expectativa para o Brasil. Vivíamos anos de hiperinflação, os salários valiam  quase nada, os preços eram remarcados e em um curto prazo de sete anos cinco moedas diferentes tinham entrado em circulação. Itamar Franco, então Presidente do Brasil, deixara para 1º de julho o pacote econômico mais bem sucedido neste quesito, o Plano Real. 2h do dia 30 de junho, D. Mara entra na sala de parto e 45 minutos depois dá a luz a um menino, franzino, indefesso. Seu nome? Danilo Bezerra. 

Hoje esse que vos escreve completa mais um ano de vida, "são tantas já vividas, momentos que não me esqueci" e hoje faremos uma análise do meu disco de 'nascimento', disco que foi o primeiro que ouvi do nosso Rei e fez com que eu me entregasse a essa paixão nacional, Roberto Carlos. Sabe que dia é hoje? Dia do Caminhoneiro. Essa classe que é responsável por levar nossas riquezas Brasil a fora. Eu nasci no dia do caminhoneiro. Meu disco de 'nascimento' foi o álbum de 1984. Agora pergunto, qual o fato que une os dois? Caminhoneiro! O álbum Roberto Carlos de 1984 foi um disco histórico na carreira do Rei pelo fato da quebra de recordes de execução de uma de suas faixas. Já sabe qual é? Vamos a análise!

Roberto Carlos 1984 - "Caminhoneiro"

O RC 1984 tinha oito faixas e muitas de suas faixas tinham a essência do Rei, o amor carinhoso. Na primeira faixa já tinha um apelo de quem ama e teve uma desilusão,"o meu coração eu dei, foi tanto que eu amei, e muito que sofri..", Coração retrada aquelas horas em que a gente sente que amou demais e não foi correspondido. A faixa seguinte mais uma perola de sua safra sensual mas com um toque de ingenuidade, Eu e Ela. Essa canção tinha um enorme presença de acordes simples dando a beleza desta canção. "eu e ela, somos dois apaixonados nesse amor sem fim, eu e ela...". Na sequência a fé do nosso Rei se faz presente, Aleluia é um verdadeiro hino a Deus em toda sua plenitude, ele, Roberto Carlos, descreve o Pai durante o dia inteiro, "em tudo isso tem a mão de Deus!".

Meio que sumida dos especiais e desconhecida por parte de seus próprios fãs uma canção simples, declaração bela, fez parte do repertório Lua Nova. Elvis Presley sempre teve influência na carreria do Roberto, em 84 ele gravou uma versão de Love Letters e deu aos fãs uma canção para ferir corações, Cartas de Amor. Mas não só o Elvis teve espaço neste disco, os Beatles também foram lembrados através de uma versão feita pelo Rei da canção And I Love Her que se chama Eu te amo, "Aquele louco amor, inesquecível, calar meu coração é impossível, eu te amo...".

Uma das referencias das músicas da década foi Sabores e Eu te amo. Ela une muitos dos traços das canções do Rei que fizeram sucesso de 1980 a 1989, forte instrumentalização, sensualidade, amor, paixão, figuras de linguagens, 'imagens' que fizeram o imaginário de muitas fãs do nosso Rei (principalmente delas...), "toda a vez que eu olho pra você, tanta coisa eu quero te dizer, as vezes eu nem sei falar bonito, mas sentir o amor que eu te digo (...) grudo em seu corpo igual colant, nada mais a falar nem é preciso...". Se no começo do disco vimos um lamento com Coração, As mesmas coisas veio para arrebatar os amores mal sucedidos, "Ontem eu fui tudo em sua vida, Hoje eu não sou nem saudade, hoje sou quem te incomoda, mas fui sua felicidade.", e com a voz toda manhosa do nosso Rei nesta canção faz a gente sofrer e querer escutar ainda mais."

Essas faixas do RC 1984 por si só já faziam grande sucesso porém ainda falta uma. Nunca antes na história da carreira de Roberto Carlos uma faixa foi tão executada em apenas um dia como Caminhoneiro. Lançada em 19 de novembro de 1984 Caminhoneiro teve 3287 execuções das 7h as 19h. Um sucesso jamais visto e com uma reação que deixou o Rei emocionado: cartas e mais cartas vindas dos mais distantes locais do Brasil com saudações do tipo: "Meu irmão caminhoneiro, carreteiro...", eram os caminhoneiros agradecendo pela justa homenagem que se estendeu ao Especial de 1984 onde o Rei gravou um clipe para a canção e sendo regravado vinte anos depois em 2004. Na época de sua gravação Roberto e Erasmo queriam fazer ainda mais estrofes para a música, no entanto ela ficaria muito grande para gravar em vinil. Desistir? Nada! Anos depois uma filha de caminhoneiro surgiu: Velho Caminhoneiro (RC 1993). Essa canção retrata a saudade de sua amada, a solidão da estrada, o amor guardado para a chegada. Um verdadeiro clássico dos anos 80 e de sempre.

É com essa canção que termino a análise tocantes e de forte ligação. Esse é um dos encantos do nosso Rei! Justamente hoje chegamos ao nosso 10 encontro. O que acharam? Eu me sinto realizado com esse oportunidade em poder trazer o nosso Rei em detalhes para vocês. Fiz deste disco o meu melhor presente pois compartilhei com vocês. Semana que vem vamos para os embalos dos anos 70... Fiquem com um pouco mais dessa bela canção: "eu sei, tô correndo encontro dela, coração tá disparado, mas eu ando com cuidado, não me arrisco na banguela. Eu sei, todo o dia nessa estrada, no volante eu penso nela, já pintei no pára-choque, um coração com o nome dela!" Bom fim semana. Até o nosso próximo encontro!

CAMINHONEIRO - ROBERTO CARLOS

ESPECIAL ROBERTO CARLOS 1984

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