Não preciso nem dizer, tudo isso que eu lhe digo…

DO TEXTO:
Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!



Por: Armindo Guimarães



Mais do que ler coisas sobre mim eu gosto é de escrever coisas sobre os outros, em especial sobre aqueles que muito me dizem. E, por isso, quando o faço, se algo estou a dar eu sou o primeiro a receber pelo prazer que isso me dá. E no caso concreto do Projeto Roberto Carlos – O Mensageiro da Paz, elaborado com tanto empenho e carinho por essa malta da Escola de Piracicaba (e quando digo malta = galera = turma, estou a referir-me a todos os meninos que colaboraram no Projeto), foi para mim muito fácil o meu envolvimento, ainda que de forma virtual, em tão brilhante ideia. Isto porque, eu não queria mas tenho que o dizer para melhor ser entendido, eu também fui um menino da rua.

Um menino que jogava à “casquinha” porta-a-porta, à “sameira” nos passeios, ao pião no meio da rua, aos polícias e ladrões, e à bola, fugindo quando via o polícia. Um menino que aprendeu a nadar no rio, em cuecas ou todo nu, passando depois pelo mercado para pedir ou roubar fruta, tremoços e azeitonas.

O menino cresceu, aprendeu a arte da vida, mas não aprendeu outras artes que gostava mas que não tinha possibilidades de almejar. Só adulto chegou a elas. Tarde? Nunca é tarde quando se gosta. E mais ainda se proporcionarmos à malta de hoje aquilo que não tivemos.

E se no que se refere aos meninos foi fácil para mim entrar entrar no Projeto com eles, o mesmo se diga relativamente a quem os orientou nesse sentido, no caso a professora Rosemeire. Isto porque, pese embora o meu “métier” não seja o de professor, o que é certo é que já tive essa experiência dando aulas de formação profissisonal a adultos e depois a uma turma de 30 crianças inscritas num Atelier de Ilusionismo o qual estava em risco de morrer à nascença tudo porque não havia mágico que aceitasse envolver-se num projeto com crianças da rua vivendo numa zona de alto risco, qual navio sem rumo.

E eu fui um dos que à partida não aceitou tal proposta mas que depois acabei por a aceitar e ainda bem porque, contrariamente às previsões mais pessimistas, logo no primeiro dia de viagem o timoneiro encontrou uma simpática, educada e interessada equipa de marinheiros, sem dúvida inconstantes e irrequietos, porque cheios de vida (e ainda bem), mas ao mesmo tempo extremamente carentes de apoio, carinho e atenção.

De tal forma que o setôr, como eles designavam o timoneiro, por vezes não conseguia ter mão no leme para tantas solicitações: Uns, que choravam por não conseguirem dar na corda aquele nó mágico, mas que logo a seguir sorriam e saltavam por, com alguns breves treinos, o já poderem fazer; Outros, que muito rapidamente aprenderam o truque mas que reclamavam a importante (para eles) atenção do setôr para a proeza que conseguiram executar. Daí que não seja de estranhar que o setôr, ao fim de poucas horas, ficasse com a cabeça à roda, não por causa do baloiçar do navio, mas pelas solicitações dos seus marinheiros que aprendeu a amar.

O gosto pelo mistério e pela arte da ilusão, muito rapidamente passou a ser apanágio das crianças que frequentavam o Atelier de Ilusionismo. Dos familiares e amigos, em especial dos pais, apenas se esperava que fossem os primeiros espectadores atentos daqueles pequenos grandes ilusionistas no sentido de os incentivarem, apreciarem e valorizarem a arte, ainda que para isso deixassem, ao menos por uma vez, de ver aquela telenovela na TV ou assistir àquele jogo de futebol. A malta do Atelier de Ilusionismo bem o merecia!

Finalmente, o setôr recorda com alguma ponta de vaidade, diga-se de passagem, um telefonema de alguém responsável pelo Projecto que, ao saber de uma possível Festa de Natal com os marinheiros a mostrarem em palco as suas habilidades, exclamou: - O quê? Eles já sabem da arte? E o setôr respondeu: - E de que maneira! Já são uns verdadeiros artistas. E vão brilhar na Festa de Natal!!!

E brilharam!

Tal como brilharam os meninos envolvidos no Projeto Roberto Carlos – O Mensageiro da Paz, como se pode ver e ouvir em vídeo ao cantarem com a professora Rosemeire a canção “Amigo”, muito bem acompanhados ao piano por uma amiga, sem dúvida também ela imbuída do mesmo espírito robertocarlistico.

Não preciso nem dizer como fiquei ao ver a homenagem que me foi prestada em forma de vídeo. Eu queria falar mas as palavras não saiam e por isso decidi escrever este texto.

O meu muito obrigado à professora Rosemeire e sua amiga e um agradecimento muito especial à “minha” malta robertocarlistica da Escola de Piracicaba. São, sem dúvida, uns gajos porreiros pra carago, com alma robertocarleana.

Abraços robertocalisticos do Mindo.



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8 Comentários

Comentários

  1. Meu maninho querido!

    Agora quem ficou emocionada fui eu.
    Que texto lindo!
    Que pedaço interessante da sua vida você nos contou.
    Foi um moleque mesmo, heim?
    Mas que moleque lindinho!

    Acho que todos nós temos a fase de criança de rua.
    Como era bom ficar na rua!Jogar bola, pular corda, amarelinha, tudo mais gostoso na rua com as amiguinhas.

    Essas crianças que cantaram para você,são crianças felizes, porque tenho certeza ainda podem brincar e correr pela rua.
    São felizes por terem uma boa Professora como a Rosemeire e um Amigo como você.
    São felizes como eu, que tenho amigos queridos como você e a Rosimeire, e todos nós temos um Amigo em comum:
    Roberto Carlos, O Mensageiro da Paz!

    Maninho,beijinhos, beijinhos e beijinhos,da mana
    Carmen Augusta

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  2. Meu querido Armindo!

    Fiquei como a Carmen meu amigo, muito emocionada com a sua história. E esta história de vida é muito bonita em diversos momentos da sua meninice e que lembrei de um trecho que falaste em um de seus contos, sobre o banho de rio de cuecas ou pelado! Rsrsrsrs.

    Mas você Armindo, ainda tem todos os traços fisionômicos desse menininho lindinho, sorridente, em que os olhos brilhavam por gostar da vida de querer conquistar o mundo e você chegou lá meu querido Mindo.

    Adorei a foto, lindinha, bem vestido, exibindo um grande anel. Será que é este que usas até hoje, que tua mãe te deu de presente? Rsrsrsrsr

    E você assim como a Rosemeire, foi um guerreiro, enfrentado o desafio do perigo e da dificuldade e com sua coragem e amor abraçar esse projeto ligado ao Ilusionismo que voluntariamente ensinou a sua linda arte para essas crianças que também almejavam conquistar o saber dessa arte que tu não tivestes a oportunidade de aprender quando criança.

    Lembro que já tinhas me contado essa história e que fiquei muito envaidecida por ti meu amigo, pelo grande coração que tens e que sempre gostou e gosta de ajudar a quem precisa.

    Linda lição de vida a sua Mindo e concordo contigo que nunca é tarde para conseguir, aprnder o que queremos em busca de nossos ideais.

    Gostei imensamente do texto, muito bem redigido, coisa de escritor de contos como todos nós sabemos que tu és.

    Parabéns e beijos e abraços!

    Mazé Silva.

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  3. Eiiiii!!!
    Cada vez que consigo visito o melhor blog do mundo e hoje li com muita atenção o texto do meu inesquecível Mindo conhecido e batizado por mim como o Menino do Portal do Rei Roberto Carlos.

    Aquela foto já a conhecia e certamente conservas o jeito aquele, mas a verdade é que o que manténs é aquele coração maravilhoso do qual fiquei encadeada por sempre.

    Menino ainda fiques no delicioso silencio ou digas algo, sabes que eu não consigo calar quando penso que tu és o Maximo.

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  4. Querido amigo Armindo.

    Pensei em lhe fazer uma homenagem surpresa e eu que fui surpreendida. Imagine a cena: eu com os mesmas inquietas e agitadas crianças, porém cheias de vida, deslumbradas em saber que iriam até a secretaria da escola para assistirem a homenagem gravada. Qual não foi a surpresa da professora ao ver a matéria publicada com sua resposta... Enquanto carregava o vídeo da homenagem, fui lendo a sua matéria para a turma e tamanha foi minha surpresa com seu relato, que me peguei com a voz embargada e ao olhar para eles, presenciei lágrimas em seus olhos. Ai, Armindo. Foi duro segurar... Fiquei muito emocionada e ao mesmo tempo feliz por saber que aquele menino tão lindo se transformou nesse exemplo de ser humano: solidário,afetuoso, carinhoso, prestativo, generoso e tantas mais qualidades que ficaria aqui por um bom tempo elencando. Assim como vc brilhou com aqueles garotos, hoje vocè está brilhando com os do Projeto Roberto Carlos: O Mensageiro da Paz, porque sem a sua divulgação,eu não teria tido tantas portas que se abrissem para mim, inclusive em Artemis. A minha referência ou o meu cartão de visitas é o Splishsplash e serei eternamente grata à você por isso. Sei que busco ações que tornem o meu trabalho mais produtivo, porém nunca encontrei um apoio e incentivo tão grande como agora. Ao chegar na escola sempre estou rodeadas por pessoas da comunidade ou os alunos das outras séries sempre pedindo por informações do Roberto ou querendo detalhes depois de verem as notícias no Mural sobre o projeto.. Acabei me tornando muito querida por todos. Dia desses a Coordenadora foi acessar o Google com o nome da escola e adivinhe quem apareceu...Profª Rosemeire no Splishsplash. Estou ficando famosa... Eheheheheh! Obrigado por tudo, amigo. Deus lhe proteja e que tenha sempre muito sucesso neste, que é o MELHOR BLOG DO MUNDO E ARREDORES! Beijos!!!!!! Ah, a tecladista que me ajudou na homenagem é a Valéria, Orientadora de Alunos. Não falo que todos querem participar?

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  5. Armindo

    Como todos tbém me emocionei muito e, pra variar, chorei.

    Muito lindo tudo que contastes e tbém lindo o trabalho da Professora Rosemeire com seus alunos.

    Armindo, não dá pra dizer que não é vc, cê tá igual.... só sem cabelos, opssss, melhor, com poucos cabelos e alguns brancos.

    Mas de toda forma, és uma pessoa que cativa as todos.

    E o blog, é mesmo o mais melhor de bom do mundo....

    Beijus


    Lilian

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  6. Que magnífico texto, amigo Armindo!
    Fica o meu beijinho aos 2 (aguardo os teus contos-encerrei o "nosso" cantinho que já perdera a graça:)
    bji

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  7. Ola!Armindo!
    Ola! Amigos & Amigas!

    Sempre ouvi falar que existem pessoas que têm o coração maior que si próprio.

    Pensava que isto era "conversa pra boi dormir".

    Paguei com a língua!

    Vc Armindo é este gajo!

    Cuidado, amigo! Cuide bem de sua saúde, pois deste tipo de coração, não existe transplante!

    Vou parar por aqui, pois quê, como a Lilian e outros, vou começar a chorar!

    Não sei se lhe mando um beijo ou um abraço.

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  8. Olà MIndo! como todos eu tambem fiquei muito comovido com o teu discurso explicando um pouco do teu passado e ao mesmo tempo agradecendo a nossa amiga Rosemiere do seu gesto de carinho.Como vez es amado por todo o mundo, mas isso nao me estranha nada, so quem nao te conhece é que està perdendo um grande previlégio.Abraços deste outro teu amigo que tambem sempre te considerou como um homem bom.

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