WASHINGTON - O escritor norte-americano J.D. Salinger, que escreveu o clássico "O Apanhador no Campo de Centeio", morreu em New Hampshire aos 91 anos, informou o jornal New York Times nesta quinta-feira.
Nascido em 1919, Salinger fez parte de uma geração de grandes romancistas americanos do século 20. Após o enorme sucesso de "O Apanhador no Campo de Centeio" (1951), que vendeu mais de 60 milhões de cópias pelo mundo, o autor optou pela reclusão e passou a produzir menos do que antes, não tendo publicado nenhuma obra original desde 1965. Há pelo menos três decadas não concedia uma entrevista à imprensa.
Apesar da falta de publicações, Salinger teria confessado em 1978 a Jerry Burt, seu vizinho e amigo, que escrevia com regularidade e teria pelos menos 15 obras completas guardadas em um cofre.
Burt revelou em 1999 que chegou a ver o cofre aberto na casa do autor, mas não saberia confirmar se a confissão de Salinger era verdadeira, pois a escuridão encobria seu provável conteúdo.
De acordo com o comunicado divulgado por seu filho, Salinger morreu de causas naturais em sua casa.
Livro perseguido
O culto ao "O Apanhador no Campo de Centeio" ganhou as páginas policiais em 1980, quando o fã dos Beatles Mark David Chapman matou a tiros o músico John Lennon, citando a obra como inspiração para o ato e afirmando que "esse livro extraordinário contém muitas respostas".
Depois dele, foi a vez de John Hinckley Jr, o homem que atirou em 30 de março de 1981 no então presidente norte-americano Ronald Reagan, apontar a obra como fonte de inspiração.
Apesar do sucesso, entre 1961 e 1982 "O Apanhador no Campo de Centeio" foi o livro mais censurado nas escolas e livrarias dos Estados Unidos. As explicações incluem linguagem vulgar, referências sexuais, blasfêmia, questionamento aos valores familiares e condutas morais, encorajamento de rebeldia e promoção de bebidas alcoólicas, cigarros, mentiras e promiscuidade.
"O Apanhador" nos cinemas
Apesar de cogitar adaptar "O Apanhador no Campo de Centeio" para os palcos, tendo o próprio autor como intérprete do rebelde Holden Caulfield, Salinger recusou dezenas de propostas e nunca vendeu os direitos de adaptação de seu livro para o cinema ou teatro.
Entre aqueles que ouviram as recusas do escritor estão os cineastas Billy Wilder, Elia Kazan, Steven Spielberg, Marlon Brando, Jack Nicholson e Harvey Weinstein. Em entrevista publicada pela revista "Premiere", o ator John Cusack disse que seu único arrependimento em completar 21 anos é ter ficado muito velho para interpretar Holden Caulfield.
Últimas controvérsias
Salinger ficou famoso por não querer ser famoso. Em 1982 ele processou um homem que tentou vender uma entrevista fictícia a uma revista de circulação nacional nos Estados Unidos. Graças à desistência do impostor Salinger arquivou o processo.
Cinco anos mais tarde, outra ação movida pelo escritor resultou em uma decisão importante da Suprema Corte dos EUA. Os juízes proibiram a publicação de uma biografia escrita por Ian Hamilton, que continha citações de cartas nunca publicadas de Salinger.
A decisão foi influenciada pelo registro de direitos que Salinger fez das cartas logo que foi informado sobre a produção da biografia, que foi publicada após uma revisão em 1988.
Porém, Salinger não conseguiu frear a publicação em 1998 de "At Home in the World", onde a escritora Joyce Maynard descreve seu romance de oito meses com o autor, que teria ocorrido nos anos 1970 - época em que ela teria menos da metade de sua idade.
Na obra, Maynard trata Salinger como uma pessoa controladora e com hábitos de alimentação excêntricos, além de descrever sua problemática vida sexual.
Em 2000 sua filha, Margaret Salinger, publicou o livro "Dreamcatcher", em que seu pai é retratado como um homem desagradável que bebe sua própria urina e fala pelos cotovelos.
A última controvérsia envolvendo J.D. Salinger ocorreu em 2009, quando o autor John David California foi processado por publicar "60 Years Later", uma continuação de "O Apanhador no Campo de Centeio".
* com Reuters e AFP 28/01 - 16:20 - iG São Paulo
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Mazé Silva
Colaboradora do Splish Splash
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J.D. Salinger foi a maior lenda reclusa da História
Nascido em 1919, Salinger fez parte de uma geração de grandes romancistas americanos do século 20. Após o enorme sucesso de "O Apanhador no Campo de Centeio" (1951), que vendeu mais de 60 milhões de cópias pelo mundo, o autor optou pela reclusão e passou a produzir menos do que antes, não tendo publicado nenhuma obra original desde 1965. Há pelo menos três decadas não concedia uma entrevista à imprensa.
Apesar da falta de publicações, Salinger teria confessado em 1978 a Jerry Burt, seu vizinho e amigo, que escrevia com regularidade e teria pelos menos 15 obras completas guardadas em um cofre.
Burt revelou em 1999 que chegou a ver o cofre aberto na casa do autor, mas não saberia confirmar se a confissão de Salinger era verdadeira, pois a escuridão encobria seu provável conteúdo.
De acordo com o comunicado divulgado por seu filho, Salinger morreu de causas naturais em sua casa.
Livro perseguido
O culto ao "O Apanhador no Campo de Centeio" ganhou as páginas policiais em 1980, quando o fã dos Beatles Mark David Chapman matou a tiros o músico John Lennon, citando a obra como inspiração para o ato e afirmando que "esse livro extraordinário contém muitas respostas".
Depois dele, foi a vez de John Hinckley Jr, o homem que atirou em 30 de março de 1981 no então presidente norte-americano Ronald Reagan, apontar a obra como fonte de inspiração.
Apesar do sucesso, entre 1961 e 1982 "O Apanhador no Campo de Centeio" foi o livro mais censurado nas escolas e livrarias dos Estados Unidos. As explicações incluem linguagem vulgar, referências sexuais, blasfêmia, questionamento aos valores familiares e condutas morais, encorajamento de rebeldia e promoção de bebidas alcoólicas, cigarros, mentiras e promiscuidade.
"O Apanhador" nos cinemas
Apesar de cogitar adaptar "O Apanhador no Campo de Centeio" para os palcos, tendo o próprio autor como intérprete do rebelde Holden Caulfield, Salinger recusou dezenas de propostas e nunca vendeu os direitos de adaptação de seu livro para o cinema ou teatro.
Entre aqueles que ouviram as recusas do escritor estão os cineastas Billy Wilder, Elia Kazan, Steven Spielberg, Marlon Brando, Jack Nicholson e Harvey Weinstein. Em entrevista publicada pela revista "Premiere", o ator John Cusack disse que seu único arrependimento em completar 21 anos é ter ficado muito velho para interpretar Holden Caulfield.
Últimas controvérsias
Salinger ficou famoso por não querer ser famoso. Em 1982 ele processou um homem que tentou vender uma entrevista fictícia a uma revista de circulação nacional nos Estados Unidos. Graças à desistência do impostor Salinger arquivou o processo.
Cinco anos mais tarde, outra ação movida pelo escritor resultou em uma decisão importante da Suprema Corte dos EUA. Os juízes proibiram a publicação de uma biografia escrita por Ian Hamilton, que continha citações de cartas nunca publicadas de Salinger.
A decisão foi influenciada pelo registro de direitos que Salinger fez das cartas logo que foi informado sobre a produção da biografia, que foi publicada após uma revisão em 1988.
Porém, Salinger não conseguiu frear a publicação em 1998 de "At Home in the World", onde a escritora Joyce Maynard descreve seu romance de oito meses com o autor, que teria ocorrido nos anos 1970 - época em que ela teria menos da metade de sua idade.
Na obra, Maynard trata Salinger como uma pessoa controladora e com hábitos de alimentação excêntricos, além de descrever sua problemática vida sexual.
Em 2000 sua filha, Margaret Salinger, publicou o livro "Dreamcatcher", em que seu pai é retratado como um homem desagradável que bebe sua própria urina e fala pelos cotovelos.
A última controvérsia envolvendo J.D. Salinger ocorreu em 2009, quando o autor John David California foi processado por publicar "60 Years Later", uma continuação de "O Apanhador no Campo de Centeio".
* com Reuters e AFP
28/01 - 16:20 - iG São Paulo
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