Os Negócios na Língua Portuguesa

DO TEXTO:

Nestes dois últimos anos, envolvido com assuntos ligados à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) por conta da organização do Encontro Empresarial que o Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio e outros importantes parceiros estão realizando no Ceará, deparei-me com uma grande quantidade de ações de cooperação econômica na CPLP, mas também pude observar o expressivo significado das relações comerciais com parceiros extra comunitários.

A Unctad divulgou recentemente que o volume do comércio internacional da CPLP é da ordem de 550 bilhões de dólares e que desse montante o comércio feito seus membros é de apenas 13 bilhões, enquanto que somente com a China este número sobe para cerca de 77 bilhões de dólares. Analisando estes dados, damo-nos conta de que ainda há muito por fazer no comércio intra-comunitário.

Certamente as deficiências no transporte marítimo e logística portuária são pontos relevantes, como apontou recente estudo encomendado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Não se justifica, por exemplo, que o Nordeste do Brasil não disponha de nenhuma linha marítima regular com os Países Africanos de Língua Portuguesa (Palops) e que as cargas que saem do Ceará para algum desses países demorem até 50 dias para alcançarem o importador e vice-versa. Entretanto, pude acompanhar recentemente importantes ações de cooperação entre governos e empresas lusófonas.

No Brasil, podemos citar o que a Caixa Econômica Federal tem feito em termos de transferência de conhecimento na área do crédito imobiliário para baixa renda nos PALOPS, por meio da formação de técnicos em matérias relacionadas com a formulação de políticas e estratégias de habitação para o apoio ao desenvolvimento urbano.

Neste processo de articulação, as Câmaras de Comércio têm um papel insubstituível como agentes da diplomacia econômica, posicionados estrategicamente ao lado dos governos para a facilitação do comércio e investimento porque auxiliam pequenos empresários que desembarcam muitas vezes carentes de informação, ajudando-os sobretudo na formação de uma rede de contatos. Destaco, por exemplo, uma bandeira levantada pelas Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil que é a proposta de mudanças na legalização consular de documentos públicos entre o Brasil e Portugal, visando maior integração econômica entre esses dois países. Essa iniciativa pode ser ampliada à escala da CPLP, numa articulação do Conselho Empresarial e das Câmaras de Comércio lusófonas.

O evento dos dias 28 e 29 de setembro no Centro de Convenções do Ceará é um ponto alto das relações econômicas entre os oito países que formam a CPLP. Convidamos lideranças empresarias e diplomáticas da Comunidade e pretendemos ouvir deles suas análises das virtudes e desafios para o fortalecimento da CPLP. Estou particularmente convencido que uma nova ordem econômica se avizinha, na qual os atores de língua portuguesa podem assumir um papel de destaque, principalmente pela posição que o Brasil representa atualmente sob o ponto de vista econômico, somado ainda ao papel português no diálogo europeu e dos Palops na África.

Rômulo Alexandre Soares - Presidente do Conselho das Câmaras
de Comércio Portuguesa no Brasil

Jornal O Povo Online

29/09/2009



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