Campanha para eleições legislativas em Portugal termina hoje

DO TEXTO:
Partido Socialista procura nova maioria no parlamento.


Os partidos fazem hoje os últimos apelos ao voto. O Portugal Digital analisou os programas e constatou que o Brasil é uma preocupação de todos, por diferentes razões.

Jorge Horta

Lisboa - A campanha eleitoral em Portugal termina hoje. Aliás, a campanha para as eleições legislativas, já que logo após os resultados do próximo domingo, que definirão a composição do parlamento nos próximos quatro anos, o País volta a entrar em campanha, mas para as eleições autárquicas de 11 de outubro. O Portugal Digital analisou as propostas das principais forças partidárias (as que já têm deputados eleitos) e concluiu: o Brasil é uma preocupação de todos, mas com motivos diferentes de programa para programa.

O Partido Socialista (PS) menciona o Brasil por uma única vez no seu programa de Governo de 130 páginas. O mercado brasileiro é referido no âmbito da proposta do PS de criar e internacionalizar a marca "Portos de Portugal". Diz o PS que o seu objectivo é "valorizar a localização privilegiada dos portos portugueses na estratégia de promoção da marca, bem como potenciar a estreita relação com diversos mercados emergentes, muito especialmente África, Brasil, restante América Latina e China".

O PSD, que enfrenta o desafio duplo de contrariar a desvantagem nas sondagens e de tirar o PS do Governo nas eleições de domingo, coloca claramente o Brasil nas prioridades da sua política externa. O Partido Social Democrata deixa o seu compromisso no programa. "Renovaremos e aprofundaremos os vínculos bilaterais com os países lusófonos, dando grande prioridade ao Brasil, país que se assume como enorme oportunidade para Portugal numa época em que ascende à condição de grande potência mundial", sublinha o PSD.

O Brasil merece uma outra referência do PSD, que promete não esquecer as relações bilaterais. "Apesar da importância crucial do multilateralismo, não esqueceremos a relevância central das relações com países que, por motivos diversos, assumem para Portugal o estatuto de parceiros privilegiados e com os quais aprofundaremos a ligação bilateral (nomeadamente, Angola, Espanha, EUA e Brasil)", aponta o principal partido da oposição em Portugal.

O Partido Comunista Português (PCP), que concorre com a coligação CDU (com o Partido Ecologista "Os Verdes"), refere também o Brasil como um parceiro a ter em conta, sobretudo pelos fluxos migratórios. Num dos pontos do seu programa eleitoral, o PCP defende "um País aberto ao Mundo e com relações externas diversificadas assente na diversificação das relações externas de Portugal dando particular atenção ao desenvolvimento das relações com os PALOP, o Brasil e Timor Leste; com os países do Magrebe e da Bacia do Mediterrâneo: com a China e com a Índia; com a África do Sul, com a Venezuela e outros países onde a emigração portuguesa é numerosa; com outros países da Europa – nomeadamente com Espanha-, da Ásia e da América Latina".

O CDS-PP, partido dos democratas-cristãos, não tem um capítulo especial dedicado à política externa fora da Europa. Já o Bloco de Esquerda, formação que surge nas sondagens como a terceira força política em Portugal (a primeira vez que adquiriu esse estatuto foi em Junho, quando, nas eleições europeias, teve votação ligeiramente superior à do PCP), tem no Brasil uma fonte de preocupação mais do que de cooperação.

Para o Bloco de Esquerda o Brasil é visto como um dos países que deverão ser obrigados pela comunidade internacional a reduzir as emissões poluentes. "Torna-se prioritário exigir que os EUA, mas também os grandes países em industrialização, como a China, a Índia e o Brasil participem nesta tarefa de luta contra o tempo de acordo com as suas responsabilidades actuais e históricas", afirma o partido liderado por Francisco Louçã.

O Bloco de Esquerda fala ainda do Brasil quando diz que "os EUA, a China, a Rússia, a Índia, o Paquistão, a Finlândia e o Brasil são alguns dos países que recusam assinar" o tratado contra as bombas de fragmentação, de Dezembro do ano passado. São as únicas referências que o programa do Bloco de Esquerda faz ao "país-irmão".

O último dia para conquistar indecisos

Como o sábado é tradicionalmente o dia de reflexão, estando a campanha proibida na véspera do acto eleitoral, os partidos portugueses têm esta sexta-feira a sua última oportunidade para convencer os eleitores. Em especial os indecisos, que poderão, na verdade, ser decisivos para alterar a relação de forças no parlamento. No cenário actual, segundo as sondagens, o PS não conseguirá renovar a actual maioria absoluta e terá de se aliar, após as eleições, a pelo menos um partido, para conseguir estabilidade governativa.

O PS irá promover durante a tarde uma acção de rua com o secretário-geral, José Sócrates, na zona do Chiado, em Lisboa. O comício de encerramento será no Centro de Congressos de Lisboa, à hora de jantar.

O PSD escolheu a região de Lisboa para finalizar a campanha. Após um almoço em Sintra com militantes, dirigentes partidários e candidatos, Manuela Ferreira Leite irá contactar com a população de Lisboa à tarde e fechar a campanha com um comício à noite, no Pavilhão Atlântico, também na capital.

Já o Bloco de Esquerda escolheu o Coliseu do Porto para o seu comício de encerramento e o PCP fará uma acção de rua no Porto, um jantar em Alcobaça e um comício de fecho em Braga (aqui com o líder do partido, Jerónimo de Sousa).
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25-09-2009

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1 Comentários

Comentários

  1. Nobre colega Armindo,

    O acerto no voto presente evita muitos erros no futuro.

    Um grande abraço

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