DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - RETRATA DISPUTA PELA MEMÓRIA HISTÓRICA

DO TEXTO:

HOMENAGEM À ZUMBI DOS PALAMARES

Brasília – Comemorou ontem, 20 de Novembro, em 12 estados brasileiros o Dia da Consciência Negra. Celebrado este ano em mais 97 cidades do que no ano anterior, a data pretende lembrar a resistência dos negros à escravidão.

" A Consciência Negra" é um dia para pensar a igualdade de oportunidades. O tema do racismo sempre foi negado dentro e fora do Brasil.

Há 32 anos, o poeta gaúcho, Oliveira Silveira, sugeriu ao seu grupo, que no dia 20 de de novembro, fosse comemorado, " O Dia Nacional da Consciência negra", pois era mais significativa, para a comunidade negra brasileira, do que 13 de maio. " Treze de Maio", traição, leberdade sem asas e fome sem pão, assim definia Silveira em um de seus poemas, " O Dia Nacional da Escravatura".

Espalhou-se por outros movimentos sociais e da luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 70, já aparecia uma proposta nacional do movimento negro unificado. A diversidade de forma da celebração de 20 de novembro, permite ter uma dimensão de como essa data tem propiciado congregar,nos mais diferentes grupos sociais e adeptos das diferentes religiões, que manifestam-se a favor, pois nesta data marcava a morte do maior líder negro do Brasil, Zumbi dos Palmares. Só que esta data seria no ano de 1695.

O ENÍGMA DE ZUMBI

Estudos recentes sobre o herói da luta contra a escravidão mostram que ele próprio pode ter sido dono de escravos no quilombo dos Palmares.

Leandro Narloch

Ontem quinta-feira, 262 cidades brasileiras comemoram o Dia da Consciência Negra, data que evoca a morte de Zumbi dos Palmares. Último líder do maior dos quilombos, os povoados formados por negros fugidos do cativeiro no Brasil colonial, Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695, quase dois anos depois de as tropas do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho praticamente destruírem Palmares. Ao longo dos séculos, Zumbi se tornou uma figura mítica, festejado como o herói da luta contra a escravidão. O que realmente se sabe dele, como personagem histórico, é muito pouco. Seu nome aparece apenas em oito documentos da época, incluindo uma carta do governador de Pernambuco anunciando sua morte. Como ocorre com Tiradentes e outros heróis históricos que servem à celebração de uma causa, a figura de Zumbi que passou à posteridade é idealizada. Ao longo do século XX, principalmente nos anos 60 e 70, sob influência do pensamento marxista, Palmares foi retratada por muitos historiadores como uma sociedade igualitária, com uso livre da terra e poder de decisão compartilhado entre os habitantes dos povoados. Uma série de pesquisas elaboradas nos últimos anos mostra que a história de Zumbi e do quilombo dos Palmares ensinada nos livros didáticos tem muitas distorções. Muito do que se conta sobre sua atuação à frente do quilombo é incompatível com as circunstâncias históricas da época. O objetivo desses estudos não é colocar em xeque a figura simbólica de Zumbi, mas traçar um quadro realista, documentado, do homem e de seu tempo.
Os novos estudos sobre Palmares concluem que o quilombo, situado onde hoje é o estado de Alagoas, não era um paraíso de liberdade, não lutava contra o sistema de escravidão nem era tão isolado da sociedade colonial quanto se pensava. O retrato que emerge de Zumbi é o de um rei guerreiro que, como muitos líderes africanos do século XVII, tinha um séquito de escravos para uso próprio. "É uma mistificação dizer que havia igualdade em Palmares", afirma o historiador Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense e autor do Dicionário do Brasil Colonial. "Zumbi e os grandes generais do quilombo lutavam contra a escravidão de si próprios, mas também possuíam escravos", ele completa. Não faz muito sentido falar em igualdade e liberdade numa sociedade do século XVII porque, nessa época, esses conceitos não estavam consolidados entre os europeus. Nas culturas africanas, eram impensáveis. Desde a Antiguidade e principalmente depois da conquista árabe no norte da África, a partir do século VII, os africanos vendiam escravos em grandes caravanas que cruzavam o Deserto do Saara. Na época de Zumbi, a região do Congo e de Angola, de onde veio a maioria dos escravos de Palmares, tinha reis venerados como se fossem divinos. Muitos desses monarcas se aliavam aos portugueses e enriqueciam com a venda de súditos destinados à escravidão.
Reprodução/Biblioteca Nacional e Museu Paulista
A caça e o caçadorZumbi e o bandeirante Domingos Jorge Velho, que destruiu Palmares: a escassez de documentos favoreceu versões romantizadas de como era a vida no quilombo
"Não se sabe a proporção de escravos que serviam os quilombolas, mas é muito natural que eles tenham existido, já que a escravidão era um costume fortíssimo na cultura da África", diz o historiador carioca Manolo Florentino, autor do livro Em Costas Negras, uma das primeiras obras a analisar a história do Brasil com base nos costumes africanos. Zumbi, segundo os novos estudos sobre Palmares, seria descendente de uma classe de guerreiros africanos que ora ajudava os portugueses na captura de escravos, ora os combatia. Quando enviados ao Brasil como escravos, os nobres africanos freqüentemente formavam sociedades próprias – uma delas pode ter sido Palmares. Para chegar a esse novo retrato de Zumbi e do quilombo, os historiadores analisaram as revoltas escravas partindo de modelos parecidos que ocorreram em outros lugares da América e da África. Também voltaram às cartas, relatos e documentos da época, mostrando como cada historiografia montou o quilombo que queria.
O principal historiador a reinterpretar o que ocorreu nos quilombos é o carioca Flávio dos Santos Gomes. Ele escreve no livro Histórias de Quilombolas: "Ao contrário de muitos estudos dos anos 1960 e 1970, as investigações mais recentes procuraram se aproximar do diálogo com a literatura internacional sobre o tema, ressaltando reflexões sobre cultura, família e protesto escravo no Caribe e no sul dos Estados Unidos". Atendo-se às fontes primárias e ao modo de pensar da época, os historiadores agora podem garimpar os mitos de Palmares que foram construídos no século XX.

O novo quilombo dos Palmares
Estudos recentes mudam a visão que predominouno século XX sobre os povoados
O que se pensava• O quilombo era uma sociedade igualitária, com uso livre da terra e poder de decisão compartilhado• Zumbi lutava contra a escravidão• Zumbi foi criado por um padre, recebeu o nome de Francisco e aprendeu latim• Ganga-Zumba, líder que antecedeu Zumbi, traiu o quilombo ao fechar acordo com os portugueses.

O que se pensa hoje• Havia em Palmares uma hierarquia, com servos e reis tão poderosos quanto os da África• Zumbi e outros chefes tinham seus próprios escravos • As cartas em que um padre daria detalhes da infância de Zumbi provavelmente foram forjadas • Ao romper o acordo com Portugal, Zumbi pode ter precipitado a destruição do quilombo

Fontes de pesquisa:

1- Jornal Digital
2- A Tarde Online
3- Rvista Veja
4- G1> Globo.com
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17 Comentários

Comentários

  1. Interessante.

    Não sabia da história, nem do feriado.

    Bom fim-de-semana!

    Abraços

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  2. Olá, Mazé!

    Olá, malta!

    Costumo dizer, brincando, que este blog é o mais melhor bom do mundo. É claro que não é e nem pra lá caminha. Mas uma coisa é certa, às vezes aparecem por aqui uns post que, esses sim, são dos melhores do mundo, não só pelos temas mas também pela oportunidade.

    É o caso deste post da nossa amiga Mazé a quem eu desde já felicito e muito agradeço.

    Grande abraço

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  3. AVISO AOS ESTIMADOS VISITANTES:

    Apesar do endereço do blog ser o mesmo, a sua denominação "Armindo Guimarães", passou agora a designar-se "Armindo Guimarães & Cª." e, às tantas, não me admira nada que passe a chamar-se simplesmente "& Cª.", tal é a competência das suas colaboradas que de tanto brilharem o ofuscam. eheheheheh Quando tal lá vai o patrão com o carago, despido, digo, despedido pelas suas empregadas! eheheheheh

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  4. Também recebi hoje alguns e-mails sobre as celebrações deste dia, que desconhecia completamente...

    é sempre bom saber e relembrar momentos tão importantes da nossa história!

    (Mas oh Armindo não te armes em preguiças e bê lá se pões ordem nisto.. não tarda tás dominado pelas mulheres... ehehehe :p)

    Abraços :)

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  5. Olá Bernardo!

    Obrigado pela sua presença aqui no blog e no meu post.

    Ainda bem que gostou do assunto, do qual ficou inteirado de alguns pormenores que não sabias.

    Um beijo e bom final de semana também pra você.

    MNazé Silva.

    Mazé Silva.

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  6. Oi, Armindo!

    Ainda bem que gostaste do que postei.

    Obrigada plas suas palavras gentis que sempre faz as minhas matérias postas aqui no seu blog.

    Um abraço.

    Mazé Silva.

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  7. Olá, Tá-se bem!

    Parece que gostas desses assuntos referentes à História e que relamente, tem sua importância e a vale a pena ressaltar.

    Obrigada pelo seu comentário.

    Um abraço!

    Mazé Silva.

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  8. Armindo,

    Obrigada por estar gostando da minha colaboração nas postagens.

    Sempre tento fazer da melhor forma possível, mas sei que não chego aos pés de sua competência.

    Aqui quem brilha é o patrão!

    Um abraço!

    Mazé Silva.

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  9. Oi Mazé,
    muito boa sua matéria.
    Parabéns!
    Concordo com você, aqui quem brilha é o patrão...Somos apenas coadjuvantes...
    Um beijo,
    Carmen Augusta

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  10. Nobre colega Mazé,

    Muito interessante e oportuna esta matéria. Os questinamentos ainda perdurarão por muitos e muitos anos.

    Um grande abraço

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  11. Muito boa materia!!! E concordo com o Marlos. Mas as coisas jah estao comecando a mudar, vide Obama na presidencia dos USA. Isto eh otimo!!!!!

    Beijos carinhosos a todos!

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  12. Nobre colega Marcia,

    Se você estiver se referindo a mim, sou o Marley e não o Marlos, esse grande conhecedor de música e frequentador mais assíduo do blog do maestro Eduardo Lages.

    Um grande abraço

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  13. Olá minha amiga Carmen!

    Que bom você gostou da minha matéria! Obrigada pelo seu comntário como sempre muito gentil e amável!

    Um beijo grande pra você!

    DA amiga que te admira muito!

    Mazé Silva.

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  14. Oi, meu amigão Marley!

    Gosto muito quando você visita aqui o Blog e sempre faz elogios as nossas matérias.

    Você é uma pessoa muito adorável e eu gosto muito de você.

    Realmente esse assunto ainda tem muito pra se comentar e debater no nosso país que sabemos que ainda existe muito racismo.

    Um beijo Marley e obrigada!

    Mazé Silva.

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  15. Olá Marcia!

    É um prazer você aqui no blog visitando e fazendo o seu comentário, que pra nós é muito valioso.

    Obrigada por ter gostado do post. Já mudou muita coisa quanto as igualdades das raças, mas ainda tem muito pra se mudar em nosso país e no mundo inteiro.

    Um beijo pela sua participação.

    Mazé Silva.

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  16. De onde foi que tirei Marlos??!!
    Me perdoe, me refiro a voce Marley - o que estah acontecendo com o blog do maestro? Alguem sabe me dizer?

    Beijos

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  17. Nobre colega Marcia,

    Fiquei Tristão com essa troca de nome, mas ainda Bennett que o engano foi corrigido.

    Um grande abraço

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