Inovação científica brasileira auxilia no diagnóstico diferencial de demência reversível

DO TEXTO: O trabalho conjunto de Emílio Moriguchi e Carla Rynkowski começou há cerca de um ano. Nesse período vários pacientes se beneficiaram da técnica.

Foto de entrevista e de paciente.

Esse é um dos temas do bate-papo dos médicos Emílio Moriguchi, referência em geriatria no país, e Carla Rynkowski, intensivista e neurossonologista que utiliza a tecnologia brain4care de monitorização não invasiva da pressão e complacência intracraniana, no AMIBcast. 


Atuando em parceria há cerca de um ano, eles contam como a possibilidade de monitorizar a pressão e a complacência intracraniana de pacientes idosos, com sintomas de demência, entre outros, tem ajudado a chegar a diagnósticos mais assertivos e desfechos mais positivos. Segundo o Ministério da Saúde, as demências são a principal causa de morbidade entre idosos.

Dados do Ministério da Saúde apontam a demência como a principal causa de morbidade dos idosos.  Entre 80% e 90% são diagnósticos de Alzheimer e demência vascular. Mas a literatura médica estima que, desses diagnósticos em pessoas com mais de 80 anos, entre 10% e 30%  podem ter causas reversíveis, como a hidrocefalia de pressão normal. A informação é do médico geriatra e pesquisador Emílio Moriguchi, referência na especialidade no país, durante sua participação com a médica intensivista  e neurossonologista Carla Rynkowski, no AMIBcast, podcast da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).

O episódio 11, já disponível no Spotify e no canal da AMIB no youtube, trouxe como tema Multimodalidade muito além da UTI. No bate-papo, os especialistas contaram como estão utilizando uma tecnologia brasileira, aprovada pela Anvisa e FDA e respaldada por estudos científicos para fazer diagnóstico diferencial de demência reversível, possibilitando a muitas pessoas com declínio cognitivo e outros sintomas, recuperarem sua saúde e qualidade de vida.

Emílio Moriguchi e Carla Rynkowski referem-se à tecnologia brain4care que dá acesso a dados sobre a pressão e a complacência intracraniana de maneira totalmente não invasiva. Em tempo real, as informações são captadas por um sensor posicionado externamente na cabeça do paciente com uma banda de fixação. Os dados são enviados via internet para a nuvem da brain4care, onde são processados por algoritmos e devolvidos no formato de relatórios na tela de um tablet ou smartphone comum. Para ter uma ideia da importância que essa possibilidade representa, basta lembrar que o padrão ouro de acesso a informações da pressão intracraniana é invasivo, entre eles a inserção cirúrgica de um cateter na caixa craniana, o que limita sua utilização.

Resgate da qualidade de vida

O trabalho conjunto de Emílio Moriguchi e Carla Rynkowski começou há cerca de um ano. Nesse período vários pacientes se beneficiaram da técnica. “Estamos fazendo diagnósticos incríveis por meio de um método não invasivo, extremamente seguro e fácil para os pacientes fazerem”, afirma Moriguchi. Entre os exemplos, estão casos de pacientes idosos que começam a apresentar declínio cognitivo e incontinência urinária, sem qualquer alteração nos exames de imagem, mas com hipertensão intracraniana alterada na monitorização brain4care. Tratado com medicamento, um desses pacientes deixou de ter incontinência urinária na primeira semana e logo os sinais de declínio cognitivo desapareceram. “Um caso típico de demência reversível, em que a pessoa volta a ter vida normal”, explicou o médico.

Outra paciente com cefaleia e que já havia passado por vários médicos sem chegar a um diagnóstico foi examinada pela dupla de especialistas e na monitorização apresentou hipertensão intracraniana. O próximo passo foi solicitar um exame de imagem que revelou um neuroma acústico (tumor no nervo auditivo). A paciente foi encaminhada para tratamento com neurocirurgião. O médico lembra de outra paciente, também com cefaleia aguda, mas com desfecho totalmente diferente. A monitorização mostrou uma hipertensão intracraniana grave e ela precisou ser internada para realizar uma punção liquórica (tap test) para aliviar a pressão do cérebro.

Carla explica que na punção a monitorização não invasiva foi importante. “Pelo protocolo, a retirada é de 50 ml de liquor, mas monitorizamos a paciente durante o tap test e vimos que ao chegar em 30 ml, a pressão intracraniana se normalizou e interrompemos a punção”,  informa. Essa paciente fez uma cirurgia para colocação de válvula de derivação e não teve mais cefaleia.

Emilio Moriguchi chama a atenção para o fato do envelhecimento da população. “Estamos falando de milhões de pessoas que envelhecem e começam a ter declínio cognitivo, que atrapalha a sua vida e da família. Imagine se 1 em cada 3 deles ou mesmo que 1 em cada 10 tenha o diagnóstico correto de demência reversível,  o benefício que vamos trazer  para o paciente, a família e a sociedade”, reflete.

AMIBcast – Multimodalidade muito além da UTI, a monitoração cerebral não invasiva

Confira o episódio





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Sobre o AMIBcast
A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) é uma sociedade médica sem fins lucrativos, que reúne profissionais que trabalham na Terapia Intensiva Brasileira. O quadro de associados reúne médicos e multiprofissionais que formam a equipe que atende os pacientes críticos internados na UTI. Em 2022, a entidade lançou  o AMIBcast, uma conversa ao vivo com médicos e multiprofissionais brasileiros e internacionais, abordando temas atuais, pesquisas e troca de opiniões e experiências em assuntos em destaque na área. Coordenado pelos médicos titulados da AMIB, Caio Vinicius Gouvêa Jaoude (área de atuação adulto) e Regina Grigolli Cesar (área de atuação pediátrica), os episódios estão disponíveis em áudio e vídeo no Spotify e no canal da AMIB no Youtube

Sobre a brain4care
A brain4care é uma healthtech brasileira que desenvolve e oferta tecnologia pioneira de monitorização não invasiva de variações de pressão (PIC) e complacência (CIC) intracraniana. Seu dispositivo wearable (um sensor posicionado na cabeça do paciente com uma banda de fixação) é conectado a uma plataforma analítica que gera um relatório com informações adicionais que auxiliam na qualificação do diagnóstico, orientação da terapêutica e indicam a evolução de distúrbios neurológicos. Fundada em 2014 por Sérgio Mascarenhas e acelerada no Vale do Silício pela Singularity University (2017), a healthtech conta com liberação da tecnologia pela Anvisa (2019), no Brasil — onde está presente em mais de 60 clínicas e hospitais —, pela FDA (2021), nos Estados Unidos, e atualmente se prepara para expansão internacional. A tecnologia brain4care conta com mais de 60 artigos e estudos científicos publicados em centros renomados e possui escritórios em São Paulo, São Carlos e Atlanta. Para mais informações, visite: https://brain4.care/

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