Uma criação física e emotiva de Victor Hugo Pontes com a Companhia Maior
Celebrando memórias, corpos maduros e 15 anos de percurso
"Quando o palco chama, a memória dança com tudo o que ainda somos"
Vímara Porto
A Companhia Maior regressa ao Centro Cultural de Belém com “A esta hora, na infância neva”, uma nova criação de Victor Hugo Pontes que assinala também os 15 anos da companhia. O espetáculo sobe ao palco do Pequeno Auditório nos dias 7 e 8, 10 e 11 de dezembro, com sessões às 17h00 ao domingo e às 20h00 nos restantes dias. A apresentação de 10 de dezembro contará com audiodescrição para pessoas cegas e com baixa visão e será igualmente filmada pela RTP2.
O título nasce dos dois primeiros versos do poema X de Cuidados Intensivos (1994), de Manuel António Pina. É deste ponto que a criação se expande, procurando a fisicalidade dos corpos que guardam décadas de vivências. Para Victor Hugo Pontes, esta colaboração com intérpretes mais velhos abre um território completamente distinto daquele que encontrou em trabalhos com performers jovens: onde antes havia energia em excesso e falta de domínio, aqui há intenção, memória, detalhe e um domínio de palco depurado pelo tempo.
O elenco — Angelina Mateus, Beatriz Mira, Carlos Nery, Cristina Gonçalves, Dinis Duarte, Du Nothin (Duarte Appleton), João Silvestre, Kimberley Ribeiro, Michel e Paula Bárcia — transporta para o palco muito mais do que movimento. Transporta histórias. Transporta um corpo que já perdeu velocidade, mas ganhou definição. Um corpo que sabe estar. Ao lado dos mais jovens, surge o contraste entre o que fomos, o que ainda somos e o que talvez ainda possamos vir a ser. Um espelho em movimento.
A criação assume-se como um diálogo entre o físico e o poético, cruzando memória artística, imaginação e ludicidade. Pontes questiona as idiossincrasias inscritas na idade, transformando limitações em matéria cénica. E deixa claro que a maturidade não retira força ao corpo em cena — apenas o redefine. O espetáculo integra ainda o poema de Boris Vian escrito para a canção Le déserteur (1954), ampliando o universo poético que o atravessa.
Toda a equipa técnica e artística contribui para a densidade desta composição: F. Ribeiro na cenografia, Wilma Moutinho na luz, Cristina Cunha nos figurinos, Miguel C. Tavares no vídeo, além de uma vasta equipa de consultoria, confeção e figuração. A produção envolve a Companhia Maior, Nome Próprio, CCB, RTP, Cineteatro Louletano, Theatro Circo e Theatro Gil Vicente, com apoios institucionais variados.
Nesta obra, a infância não é representada como passado irrepetível, mas como algo que insiste em regressar — às vezes com suavidade, outras com a intensidade das cicatrizes que, como escreveu Manuel António Pina, «permanecem». No palco, esse regresso é filtrado pela experiência, tornando-se gesto e presença.
Nota do Editor – Portal Splish Splash
Uma criação como esta lembra-nos que o corpo não perde valor com o tempo — transforma-o. Entre memória, poesia e palco, “A esta hora, na infância neva” abre espaço para pensarmos o que permanece em nós, mesmo quando julgávamos já não o reconhecer.
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Uma criação física e emotiva de Victor Hugo Pontes com a Companhia Maior
Redatora Permanente do luso-brasileiro Portal Splish Splash. Uma sonhadora que acredita no verdadeiro amor, no romantismo e na felicidade, que carrega a fé em cada detalhe da vida. VER PERFIL
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