Após os 50, mulheres têm risco dobrado de fraturas ligadas à osteoporose na menopausa
Além disso, após uma fratura de quadril, de 20 a 24% morrem no primeiro ano após o episódio e 40% não conseguem andar de forma independente, segundo dados do International Osteoporosis Foundation. Risco é maior nas mulheres pela queda de estrogênio durante a menopausa
São Paulo – setembro 2025 - A osteoporose castiga mais mulheres do que homens. Segundo o International Osteoporosis Foundation (IOF), após os 50 anos, uma em cada 3 mulheres sofre fratura de fragilidade.“Essa fratura óssea ocorre após uma queda de baixa energia ou um trauma mínimo, que normalmente não causaria fratura em um osso saudável. Geralmente está associada à osteoporose, uma condição que enfraquece os ossos. E um dos principais motivos pelos quais as mulheres estão mais suscetíveis à osteoporose e, consequentemente, fraturas é a menopausa. Isso porque o estrogênio é fundamental para a manutenção da saúde e densidade óssea. Então, conforme sua produção começa a diminuir após os 40 anos, há um aumento do risco de osteoporose, doença caracterizada pela perda progressiva de massa óssea, elevando o risco de fraturas”, explica o ginecologista Dr. Igor Padovesi*, autor do livro 'Menopausa Sem Medo' (Editora Gente), especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS). Segundo dados do Ministério da Saúde, 50% das mulheres com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida contra apenas 20% dos homens. "A perda de massa óssea por falta do estrogênio acelera a perda de cálcio nos ossos e é um dos efeitos mais silenciosos e perigosos da menopausa; é uma doença oculta e uma das complicações mais temidas por nós ginecologistas. Muitas mulheres só descobrem quando já está instalada a osteopenia e muitas vezes a osteoporose com sérios riscos de fraturas ou até mesmo só descobre quando tem queda com fraturas ósseas ", esclarece a Dra. Ana Paula Fabricio*, ginecologista, com Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO).
A ginecologista Dra. Patricia Magier*, formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), explica que a queda do estrogênio na menopausa desregula a atividade osteoblasto-osteoclasto. “Osteoblasto é quem produz osso, osteoclasto quem absorve. Com a queda hormonal, você aumenta a atividade de quem absorve osso e diminui o turnover, que é a produção desse osso. Então, sem terapia de reposição hormonal, a paciente vai sofrer da perda dessa densidade óssea, aumentando o risco da osteopenia e osteoporose”, comenta a Dra. Patricia. “Mas realmente não é só o hormônio. Pacientes que sempre foram sedentárias, que tem baixa massa muscular, com sarcopenia, baixos níveis de vitamina D, baixa ingestão de cálcio, história familiar, tabagismo, consumo excessivo de álcool, alimentação inflamatória e doença autoimune tem um risco maior de fragilidade óssea. Então, tem uma série de fatores que contribuem, que podem aumentar muito o risco de fratura na menopausa. Mas a gente sabe que a deficiência hormonal também é um fator acelerador por conta da perda de massa óssea”, comenta a ginecologista.
O quadril é uma das áreas mais afetadas. Os dados da IOF apontam que, após uma fratura no quadril, de 20 a 24% das mulheres morrem no primeiro ano após o episódio; 40% delas não conseguem andar de forma independente; 60% precisam de assistência um ano depois. “Além disso, até 80% das mulheres que sofrem uma fratura no quadril têm restrições em outras atividades, como dirigir e fazer compras; e 33% são totalmente dependentes ou vão para casa de repouso no ano seguinte após o acidente, conforme os dados do IOF”, diz o Dr. Igor, um dos três únicos médicos no Brasil com o Menopause Society Certified Practitioner. “Para mulheres após os 50, as fraturas de quadril apresentam uma taxa de mortalidade mais elevada no curto prazo do que o próprio câncer de mama, que tem taxas de mortalidade significativamente reduzidas com o diagnóstico precoce. A fratura exige internação, com riscos de cirurgia e complicações no pós-operatório”, comenta o Dr. Igor. “Fraturas de quadril são particularmente graves, pois podem levar a complicações como imobilidade prolongada, trombose venosa profunda, e até mortalidade aumentada”, explica o ortopedista Dr. Fernando Jorge*, especialista em cirurgias do Joelho e cirurgias do Quadril (HSL-RP).
Além da questão das fraturas, na menopausa, as mulheres também tem maior risco de sofrerem com problemas nas articulações. “Conforme a produção hormonal é alterada na menopausa e os níveis de estrogênio diminuem, as articulações ficam mais inflamadas, o que causa dor em regiões como mãos, joelhos e ombros e favorece o surgimento de condições como a artrite e artrose”, explica o ortopedista Dr. Marcos Cortelazo*, especialista em joelho e traumatologia esportiva do hospital Albert Einstein e da Rede D’Or, membro da Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte (SLARD) e sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho. O médico ainda afirma que o risco é maior de lesões na articulação do joelho devido a anatomia natural das mulheres. “De maneira geral, as mulheres possuem uma bacia mais larga (ginecoide), tendem a ter joelhos valgos (arqueados para dentro) e apresentam um ângulo do quadríceps maior. Esses fatores causam alterações biomecânicas e de alinhamento, especialmente nos membros inferiores, aumentando assim a suscetibilidade das mulheres de sofrerem com condições como a condromalácia patelar, caracterizada pelo amolecimento da cartilagem da patela”, diz o especialista Dr. Marcos.
Der acordo com o Dr. Fernando Jorge, os sinais precoces de osteoporose são geralmente silenciosos, mas alguns indícios podem incluir: diminuição da estatura ao longo do tempo, postura encurvada ou cifótica, fraturas ósseas que ocorrem mais facilmente do que o esperado, especialmente no quadril, coluna ou pulso, mesmo sem histórico de quedas ou traumas, e dor nas costas, que pode ser causada por uma vértebra fraturada ou colapsada. “A identificação precoce e o manejo adequado são cruciais para prevenir complicações graves associadas à osteoporose”, completa o Dr. Fernando.
Para minimizar os riscos, é necessário tratar a queda estrogênica ocasionada pela menopausa com a terapia hormonal. “A terapia hormonal consiste na reposição dos hormônios que passam a faltar no corpo da mulher depois da menopausa. Dessa forma, atua diretamente na principal causa do problema: a falta do estrogênio. É cientificamente comprovado que, quando realizada corretamente, a terapia hormonal, além de ser muito segura, é eficaz na prevenção dessa perda óssea e na redução do risco de fraturas em todos os locais do esqueleto”, diz o médico, que afirma que, por esse motivo, a terapia hormonal é recomendada para quase todas as mulheres, com raras contraindicações. “Para se ter uma ideia da importância da terapia hormonal na prevenção da osteoporose, estima-se que após a publicação do estudo Women's Health Initiative (WHI) em 2002, um estudo repleto de falhas que associou o uso da TH ao risco aumentado de doenças, houve uma grande diminuição na prescrição da terapia hormonal no mundo e hoje sabemos que isso levou a um enorme aumento na incidência de fraturas e mortes por essa causa em mulheres mais velhas”, destaca o ginecologista.
Mas o médico reforça que a prevenção de osteoporose e fraturas em mulheres na menopausa requer uma abordagem multifacetada que vai além da terapia hormonal. “Manutenção do peso, prática regular de atividade física com fortalecimento muscular e alimentação balanceada, principalmente rica em cálcio e vitamina D, são cuidados fundamentais para prevenir a perda de massa óssea durante e após a menopausa. Em alguns casos, suplementos e medicamentos também podem ser prescritos para reduzir a perda óssea e o risco de fraturas”, aconselha o Dr. Igor Padovesi, que, por fim, reforça a importância de as mulheres na menopausa buscarem um médico especialista para receberem o tratamento adequado de acordo com suas características e necessidades.
*DR. IGOR PADOVESI: Médico ginecologista, autor do livro 'Menopausa Sem Medo' (Editora Gente), especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS). Formado e pós-graduado pela USP, onde foi preceptor da disciplina de Ginecologia. Também é especialista em cirurgias ginecológicas minimamente invasivas e criador do Instituto de Cirurgia Íntima, sendo reconhecido internacionalmente por sua liderança nessa área. É membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG) e em 2024 conquistou dois prêmios de primeiro lugar em congressos mundiais com sua técnica de ninfoplastia a laser, realizada em consultório. Também é palestrante e mentor de médicos nas áreas de menopausa e cirurgias íntimas. Instagram: @dr.igorpadovesi
*DR. MARCOS CORTELAZO: Ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva do hospital Albert Einstein e da Rede D’Or. Graduado em medicina e pós-graduado em ortopedia e traumatologia pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o Dr. Marcos Cortelazo é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte (SLARD) e da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina do Esporte (ISAKOS). Também é sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e da Sociedade Brasileira de Artroscopia. CRM 76316 Instagram: @dr.marcos_cortelazo
*DR. FERNANDO JORGE: Médico ortopedista, especialista em cirurgias do Joelho e cirurgias do Quadril (HSL-RP), em Medicina Regenerativa (Orthoregen-BR/USA), em Intervenção em Dor (Hospital Albert Einstein) e em Medicina Intervencionista em Dor (Faculdade de Medicina da USP - Ribeirão Preto). Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionista da Dor (SOBRAMID), da Associação Brasileira de Medicina Regenerativa (ABRM), da Sociedade Americana de Medicina Regenerativa (ASRM) e do Conselho Americano de Medicina Regenerativa. Especialista em Tratamento Médico por Terapia por Ondas de Choque e membro da SMBTOC (Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque). Além disso, é membro efetivo da SBED (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor) e Mestre em Biomecânica do aparelho locomotor (BIOENGENHARIA) pela Faculdade de Medicina da USP. Professor, palestrante e mentor nas áreas em que atua. @dr.fernandojorge
*DRA. PATRICIA MAGIER: ginecologista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com residência médica pelo IASERJ e pós-graduação pela Universidade do Rio de Janeiro – UNIRIO, e Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia – TEGO; também possui especialização em Medicina Integrativa e Funcional. Criadora do Método Plena para cuidado da mulher de forma completa, profunda e individualizada. Além disso, é mentora de médicos na formação Plena Master’s. CRM-RJ 54925-6 | RQE 34538 | Instagram: @drapatriciamagier
*DRA. ANA PAULA FABRICIO: ginecologista, com Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO). Graduada em Medicina pela Unoeste de Presidente Prudente, com Residência em Ginecologia e Obstetrícia pela Santa Casa de Araçatuba. Possui Pós-graduação em Nutrologia pela ABRAN, Pós-graduação em Medicina Estética e Pós-graduação com Dr. Lair Ribeiro em Prevenção e Tratamento de Doenças Relacionadas com a Idade. Instagram: @dra.anapaulafabricio
Após os 50, mulheres têm risco dobrado de fraturas ligadas à osteoporose na menopausa
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