Às 16h30 do domingo, 22 de agosto de 1965, estreou na TV Record canal 7 o primeiro programa Jovem Guarda. A gravação ocorreu no auditório do Teatro Record, localizado na Rua da Consolação, 2036, no bairro do mesmo nome, em São Paulo.
Vale contextualizar que o programa surgiu após a proibição da transmissão ao vivo dos jogos do Campeonato Paulista de Futebol, que era a principal atração da emissora nas tardes de domingo. Para preencher essa lacuna na grade de programação da TV Record, surgiu a ideia de se criar uma atração jovem para fazer frente às concorrentes.
A agência de publicidade Magaldi, Maia & Prosperi apresentou à direção da Record uma proposta para um programa inovador. A proposta recebeu o sinal verde da direção.
Inicialmente, foram pensados dois nomes para o programa: “Os Reis do Iê-Iê-Iê” (alusão aos Beatles) e “Festa de Arromba” (RC/EC, 1965), título de um dos primeiros sucessos de Erasmo Carlos, lançada meses antes do programa, cuja letra descreve uma festa imaginária tendo como personagens os principais ídolos da juventude musical da época, que se tornou o elenco da Jovem Guarda.
Os primeiros nomes pensados para apresentar o programa Jovem Guarda foram dos cantores que ainda eram referência do rock no Brasil: Celly Campelo – que declinou do convite – e Sergio Murilo – que foi descartado. Outros nomes foram sugeridos, mas também recusados. No final das contas, o escolhido foi Roberto Carlos, na época com 24 anos e aquele ar de moço bom, mas já emplacando um sucesso atrás do outro desde 1963. Ao ser consultado sobre os colegas que dividiriam o palco com ele, os nomes designados foram os dos amigos Erasmo Carlos e Wanderléa. Esse trio, sob o comando de Roberto Carlos, seria o dos apresentadores do programa.
Sobre a escolha do nome “Jovem Guarda” como título do programa, existem algumas versões. A primeira delas é que a expressão teria sido tirada de um discurso do líder comunista Lênin, em que ele afirmou: “A Velha Guarda está ultrapassada, o futuro pertence à Jovem Guarda”. Outra explicação: a Jovem Guarda seria o movimento que sucedeu a Velha Guarda, expressão que designava a geração de cantores representada pelos ídolos da era do rádio. A terceira versão é que, nessa época, o jornalista Tavares de Miranda tinha na Folha de São Paulo uma coluna denominada Velha Guarda. No Rio de Janeiro, Ricardo Amaral denominou sua coluna no jornal Última Hora de Jovem Guarda.
O programa comandado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa contou, na estreia, com as presenças de Tony Campello, Rosemary, Ronnie Cord, Prini Lorez e as bandas The Jet Blacks e Os Incríveis (ex-The Clevers).
O programa Jovem Guarda deu a Roberto Carlos a oportunidade de se tornar um ídolo nacional. Surgiram produtos criados à sua imagem, todos usados e associados aos artistas do movimento.
A Jovem Guarda não foi só um movimento musical. O movimento mobilizou música, comportamento jovem, moda, o incremento na comercialização de discos e revistas, além de outros segmentos.
Apesar do pouco tempo de existência (1965 a 1968), quem viveu aquela época guarda boas lembranças das músicas de letras inocentes, mas de ritmos dançantes que empolgavam qualquer ambiente.
“Eu me lembro com saudade o tempo que passou” (Roberto Carlos/Erasmo Carlos).
Jovens Tardes de Domingo – Roberto Carlos e a Turma da Jovem Turma
*Carlos Marley,
nasceu na cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará – Brasil, onde reside. Formado em Ciências Contábeis, pela Universidade Federal do Ceará, com especialização em Auditoria. Auditor Fiscal aposentado da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará. Leia Mais sobre o autor...
A estreia que marcou a música, a televisão e a juventude brasileira dos anos 60
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