Que Jazz É Este? regressa a Viseu em julho

Festival Que Jazz É Este? decorre de 9 a 20 de julho em Viseu, com Camilla George, Tito Paris, oficinas, jam sessions e música em rede.
Carta alusivo ao festival Que Jazz É Este?, em Viseu.

Camilla George, Tito Paris e Mano a Mano cruzam sons, ideias e territórios


Na sua 13.ª edição, o festival Que Jazz É Este? continua a afirmar-se como um lugar de liberdade e descoberta, onde a música serve de ponto de encontro entre diferentes geografias, linguagens e intenções com propostas que expandem o território do jazz e reforçam o seu compromisso com a diversidade

"Onde o jazz encontra a liberdade, a memória e o futuro."
Vimara Porto

No dia 18 de julho, o Parque Aquilino Ribeiro recebe um dos momentos imperdíveis desta edição: o concerto único em Portugal da saxofonista Camilla George, referência incontornável da nova cena londrina. A artista nigeriana traz a Viseu o seu universo onde o jazz se entrelaça com hip hop, afrofuturismo e espiritualidade. A sua música, intensamente política, é também um manifesto sobre identidade, herança e a memória da diáspora africana. Uma atuação que promete marcar a paisagem sonora e emocional do festival — e da cidade.

Teaser vídeo  

Mano a Mano e a sombra luminosa de Lourdes Castro

No dia anterior, a 17 de julho, os irmãos André e Bruno Santos (Mano a Mano) apresentam Trilogia das Sombras nos claustros do Museu Nacional Grão Vasco, num concerto imersivo que parte da obra da artista Lourdes Castro para criar uma experiência sensorial entre luz e sombra, silêncio e som. Às guitarras e cordofones tradicionais da Madeira juntam-se as palavras e o corpo do performer Tiago Martins, num espetáculo que homenageia a poética da artista madeirense, ali mesmo onde o património material da cidade encontra o espírito inquieto da criação contemporânea.

Parcerias em rede: música a circular entre Viseu, Carregal do Sal e Tondela

Que Jazz É Este? volta a alargar as suas fronteiras, afirmando o valor do trabalho em rede e da circulação de projetos que nascem ou se desenvolvem na região centro. A Gira Big Band, coletivo intergeracional com músicos de estruturas e escolas da região de Viseu, sobe ao palco em Carregal do Sal (13 de julho), num concerto-homenagem à cantora Vera Lúcia, natural de Viseu e estrela da rádio e música brasileira nos anos 50 e 60.

Em Tondela, a parceria com o Tom de Festa acolhe o Colectivo Gira Sol Azul e o seu convidado especial Tito Paris, num espetáculo que celebra a lusofonia e a música como linguagem universal — concerto que se repete no dia 19 de julho em Viseu. Estas colaborações intermunicipais sublinham a importância de uma programação cultural em movimento, capaz de criar pontes entre territórios e comunidades.

Oficina Radioactiva: formar pensamento crítico num mundo em ruído

Num tempo marcado pela sobrecarga de informação e pela fragmentação do discurso público, o festival aposta em formatos que devolvem voz e reflexão ao público. A Oficina Radioactiva, integrada na programação da Rádio Rossio, desafia os participantes a criarem programas de autor a partir de uma escuta ativa e consciente do mundo. Numa altura em que se torna urgente pensar criticamente e fazer-se ouvir, esta oficina propõe-se como espaço de construção coletiva e emancipação através da palavra.

O festival conta ainda com o concerto introspectivo da pianista Marie Kruttli (19 de julho, no emblemático Teatro Viriato), a colaboração entre os músicos ciganos Emanuel e Toy Matos e o saxofonista João Mortágua (18 de julho, Casa do Miradouro), o quarteto Analogik liderado por Zé Almeida (20 de julho), e o regresso da energia contagiante das jam sessions e do Workshop de Jazz de Viseu no Carmo’81, bem como o Encontro de Escolas “So What?” que junta jovens músicos de todo o país num espírito de partilha e criação.

A festa encerra em grande no dia 20, com o groove elegante de New Max no Parque Aquilino Ribeiro, num concerto que é tanto uma homenagem à música negra como um apelo a uma cultura portuguesa viva e participada.


Todas as atividades são de entrada livre, com apelo ao donativo consciente. Porque só assim a cultura pode ser realmente acessível e sustentável.

De 9 a 20 de julho, em Viseu (e não só): o jazz continua a ser o lugar onde cabem todas as perguntas e algumas respostas.

Que Jazz É Este? na web:
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