Atriz Florence Pugh diz que processo de congelamento de óvulos é cansativo. Entenda como funciona

O Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana, explicou que, embora o procedimento possa ter efeitos colaterais como dores de cabeça e instabi
 Uma médica de bata branca fala para um grupo de mulheres, sentadas em círculo em uma sala, sobre o processo de congelamento de óvulos.

Um planejamento adequado é crucial para o sucesso do congelamento de óvulos


Atriz disse que está achando o processo ‘cansativo e horrível’. Médico especialista explica que, embora o processo não seja tão simples quanto parece e ter efeitos colaterais, o procedimento traz grandes benefícios


São Paulo – 16/04/2025 - Após ser diagnosticada com SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos) e endometriose, a atriz britânica Florence Pugh revelou que iniciou o processo de congelamento de óvulos para preservar a fertilidade, já que as duas doenças causam grande impacto na vida reprodutiva feminina. “Foi tão bizarro [descobrir as doenças], porque minha família é uma máquina de fazer bebês. Minha mãe teve filhos até os 40 anos. Minha avó teve filhos o tempo todo... Então, acho que nunca me preocupei. E então, é claro, aprendi uma informação completamente diferente, aos 27 anos, de que preciso extrair meus óvulos e fazer isso rapidamente, o que foi uma constatação um tanto alucinante”, disse a atriz. Segundo ela, o processo está sendo cansativo e horrível. De acordo com o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo, efeitos colaterais são esperados, apesar da segurança do procedimento. “Devido ao uso dos hormônios necessários para estimulação ovariana, a mulher pode apresentar sintomas como dor de cabeça, instabilidade emocional, inchaço, náusea e dor muscular. Mas esses sintomas, que são muito similares com aqueles apresentados durante a TPM, passam com o fim da estimulação hormonal e podem ser aliviados com o devido acompanhamento médico”, diz o médico.

Segundo o Dr. Rodrigo, o congelamento de óvulos consiste na criopreservação dessas células em nitrogênio líquido na temperatura de -196°C, principalmente por motivos médicos, como antes de tratamentos oncológicos, que podem causar danos aos ovários, ou em casos de doenças que podem provocar falência ovariana prematura, além de motivos pessoais, seja devido à carreira, falta de condições de ter filhos no momento, por ainda não se sentirem prontas ou por não terem encontrado o parceiro certo. Mas o processo não é tão simples quanto parece. Na verdade, todo o ciclo de congelamento de óvulos leva cerca de três semanas. “Além de uma bateria de exames para verificar a qualidade dos óvulos, a mulher, inicialmente, deve fazer uso de pílulas anticoncepcionais por uma a duas semanas para desativar temporariamente os hormônios naturais. Em seguida, realizamos injeções de hormônios por cerca de 10 dias para estimular os ovários e amadurecer vários óvulos. É só após amadurecerem adequadamente que os óvulos são coletados, o que é realizado sob efeito de sedação por meio de uma pequena agulha que é inserida na vagina e é guiada por um transdutor até os ovários para que os óvulos sejam aspirados e congelados imediatamente,” explica o Dr Rodrigo.

Como há uma queda da quantidade e da qualidade dos óvulos com o envelhecimento, com mais erros genéticos, dificultando a gestação e aumentando o risco de abortos espontâneos, o médico explica que o congelamento de óvulos é uma boa estratégia para quem deseja adiar a gravidez, mas não quer correr o risco de perder a fertilidade. Mas ao contrário do que muitas mulheres pensam, o congelamento dos óvulos não é uma garantia definitiva de gestação no futuro e não funciona como uma apólice de seguros. “Isso porque existe uma série de fatores que podem interferir na viabilidade do óvulo durante todo o processo. Por exemplo, alguns óvulos podem não sobreviver ao degelo, enquanto outros podem não ser fertilizados com sucesso. A idade do congelamento também é importante, visto que, apesar dos óvulos estarem congelados, a mulher continua a envelhecer e, consequentemente, terá que enfrentar as realidades da gravidez na idade que possui”, afirma o médico. “Mas, felizmente, já evoluímos muito nesse sentido e, hoje, taxas de descongelamento de óvulos e de fertilização de 75% são esperadas em mulheres de até 38 anos de idade.”

O médico explica que não existe uma idade que contraindique o congelamento de óvulos, mas o ideal é que seja realizado até os 35 anos, pois, quanto mais jovem a mulher no momento do congelamento, maiores serão as chances de o óvulo gerar um bebê. Sobre o custo, o congelamento de óvulos não é um procedimento barato. “Os valores podem variar de clínica para clínica, mas é preciso colocar no planejamento os custos de todo o processo, incluindo as medicações, o procedimento em si, o armazenamento dos óvulos e, claro, a fertilização in vitro para quando a mulher estiver finalmente pronta para engravidar.”

No final das contas, um bom planejamento é o fator mais importante para que o procedimento ocorra com segurança e seja bem-sucedido. “Um bom planejamento deve incluir desde a escolha de um médico experiente e especializado em reprodução humana até a decisão de quantos filhos você quer ter ao longo da vida, o que vai influenciar diretamente na quantidade de óvulos que deverão ser coletados e quantos ciclos serão necessários para alcançar esse número. No geral, recomendamos que 10 óvulos sejam armazenados para cada tentativa de gravidez, sendo que a maioria das mulheres com 38 anos de idade ou menos pode esperar colher de 10 a 20 óvulos por ciclo. Por isso, planeje-se de antemão e conte com a ajuda de seu médico para passar por todo esse processo com tranquilidade”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.

*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa
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