Verão: 7 dicas para gestantes que sofrem com inchaço, cansaço e varizes nas pernas

Durante os nove meses de gestação, mudanças radicais acontecem com o corpo das gestantes. O médico ginecologista lembra que no primeiro trimestre, por

Criação IA sobre inchaço, cansaço e varizes nas pernas das gestantes.


Questão hormonal e crescimento do feto colaboram para o aparecimento das varizes na gravidez


O calor dilata as veias superficiais e torna as pernas pesadas e dolorosas. Médicos dão dicas para minimizar o problema

São Paulo – 17/02/2025 - Carregar uma vida tem um peso emocional muito forte para a gestante, mas também há uma sobrecarga física que facilita problemas como inchaço nas pernas, cansaço e varizes. Apesar da genética ser preponderante, as varizes costumam surgir em gestantes por dois motivos: "Um dos fatores que fazem com que as futuras mamães apresentem o problema nas pernas é hormonal: a progesterona aumenta a dilatação de todas as veias do organismo. Além disso, o crescimento do feto eleva a pressão nas veias das pernas”, explica o Dr. Nélio Veiga Junior*, ginecologista e obstetra, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela UNICAMP. “E para completar, as estações mais quentes do ano provocam alteração na circulação, já que os vasos sanguíneos passam por uma vasodilatação para favorecer a transpiração e equilibrar a temperatura do organismo estável", acrescenta a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita*, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. “No caso do inchaço nas pernas na gravidez, apesar de normal, ele deve ser monitorado pelo médico obstetra. O inchaço é causado pelo acúmulo de líquidos nos tecidos, principalmente nos pés, tornozelos e parte inferior das pernas”, diz o Dr. Nélio.

Durante os nove meses de gestação, mudanças radicais acontecem com o corpo das gestantes. O médico ginecologista lembra que no primeiro trimestre, por exemplo, embora a barriga ainda não tenha crescido tanto, os hormônios já estão à flor da pele. “Nesse período, existe um aumento importante da volemia (quantidade de sangue circulante no corpo), afinal a mulher precisa formar uma placenta. O aumento da progesterona pode causar uma flacidez das veias o que pode levar a inchaço, dor nas pernas, tonturas e sensação de queimação", comenta a Dra. Aline. “Os sinais de alerta incluem inchaço repentino ou assimétrico, ou seja, com mais intensidade em um dos lados do corpo; dor de cabeça intensa, enjoos e visão turva ou embaçada; pressão arterial acima de 140/90 mmHg; além de calor, rubor ou dor, unilateral, em membro inferior, com ou sem febre”, diz o ginecologista.

No segundo trimestre, o corpo começa a se adaptar. "Costumo dizer que é a melhor fase da gestação: a barriga ainda não está muito grande, o corpo já se adaptou ao aumento da volemia e variação hormonal, enfim, três meses de relativo sossego. Nessa fase, só é comum a queixa de câimbras à noite", explica a cirurgiã vascular.

Porém, no terceiro trimestre, a Dra. Aline explica que a barriga atinge seu apogeu e há uma compressão importante da Veia Cava. "Isso prejudica terrivelmente o retorno do sangue das pernas e vai ser responsável por aquele pé pãozinho no final da gestação. Claro que quanto maior for o ganho de peso durante a gestação, mais sofrido será esse período”, diz a Dra. Aline. “Apesar de termos essas diferenças entre as fases da gestação, há uma tendência individual muito forte”, comenta o Dr. Nélio. “Tenho pacientes que terão manifestações gravíssimas, com piora das varizes, tromboflebites, trombose, e por outro lado, existem mulheres que vão passar uma gestação supertranquila, sem lembrar que o vascular existe", diz a Dra. Aline. Aliás, não necessariamente problemas prévios de circulação pioram as varizes, mas o acompanhamento durante a gestação é essencial. "Para minimizar o problema, muitas vezes a recomendação é o uso de meias de compressão a partir do segundo mês de gravidez. O ideal é colocar pela manhã e tirar apenas na hora de dormir", explica. Abaixo, os médicos dão 7 dicas práticas para evitar o inchaço, cansaço e varizes nas pernas durante a gestação:

1) Cuidado com o excesso de ganho de peso;

2) Beba bastante líquido, mantenha-se hidratada, e, ao mesmo tempo, evite o consumo excessivo de sódio (que piora o inchaço);

3) Faça alongamentos para melhorar as câimbras à noite e drenagem linfática manual para ajudar na retenção de líquido;

4) Use meias elásticas (o médico vascular pode indicar um modelo adequado);

5) Após 14 semanas existem medicações que podem melhorar os sintomas de dor, cansaço e edema;

6) Tente dormir de lado, de preferência o esquerdo (isso tira o peso do útero de cima da Veia Cava, liberando a circulação das pernas e melhorando o fluxo de sangue para a placenta);

7) Pratique atividade física regular, se não houver contraindicação pelo seu médico obstetra.

No entanto, mesmo se todas as orientações forem seguidas, não é incomum que pacientes observem uma piora no aspecto de suas pernas, com vasinhos e veias dilatadas, de acordo com a médica. "Grande parte disso diminui depois do parto, por isso a necessidade de esperar pelo menos três meses após o parto, com retorno do útero ao seu tamanho original, para cogitar qualquer tratamento", pontua o obstetra. “Passado esse período, uma avaliação completa da circulação pode ser feita e o melhor tratamento será escolhido", finaliza a Dra. Aline Lamaita.

*DR. NÉLIO VEIGA JUNIOR: Médico ginecologista e obstetra, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). Atua em consultório privado e já foi médico preceptor no curso de Medicina da UNICAMP e médico pesquisador no Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva de Campinas. Participa periodicamente de congressos, eventos e simpósios, além de ser autor de diversos artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. CRM 162641 | RQE 87396 | Instagram: @neliojuniorgo
*DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018) e pós-graduação em Medicina Integrativa e Longevidade saudável. A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular
 
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