Enxaqueca: inteligência artificial prevê quais pacientes se beneficiam da cirurgia, diz estudo de Harvard

DO TEXTO: O Dr. Paolo Rubez enfatiza que as cirurgias são realizadas em ambiente hospitalar e sob anestesia geral e em alguns casos sob anestesia local.

Mulher com a mão na cabeça


Pesquisadores de Harvard desenvolveram uma estrutura de aprendizado de máquina capaz de interpretar automaticamente os desenhos de padrões de dor de cabeça para prever os melhores resultados cirúrgicos

São Paulo — fevereiro 2023 - A cirurgia para desativação dos pontos-gatilho para dores de cabeça, conhecida como cirurgia de enxaqueca, é feita no Brasil e estudada em todo o mundo, de forma que a técnica conta com uma série de publicações científicas que a comprovam como opção segura e eficaz no tratamento da enxaqueca. Mas como qualquer outra dor crônica, é complexo saber quem se beneficiará da intervenção cirúrgica, cessando ou diminuindo os quadros de dor. Por esse motivo, um grupo de pesquisadores de Harvard publicou um estudo em fevereiro no qual o desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial pode ajudar a prever e antecipar quais pacientes mais se beneficiarão da cirurgia da enxaqueca. “Os desenhos de padrões de dor do paciente podem prever resultados ruins na cirurgia. Essa estrutura de aprendizado de máquina criada pelos pesquisadores foi capaz de interpretar automaticamente os desenhos de dor para prever os resultados cirúrgicos. Esta plataforma permitirá que cirurgiões com menos experiência, neurologistas, médicos de cuidados primários e até mesmo pacientes entendam melhor a seleção para cirurgia de dor de cabeça”, explica o Dr. Paolo Rubez*, cirurgião plástico, membro da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons), da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca dos EUA e idealizador do Migraine Surgery Academy, que ensina e estimula cirurgiões plásticos de todo mundo a realizarem as cirurgias de enxaqueca a fim de beneficiar mais pacientes com o tratamento.

Evidências recentes mostraram que os desenhos de dor do paciente podem prever resultados ruins na cirurgia de cefaléia. Dado que a interpretação dos desenhos de dor requer alguma experiência clínica, os autores desenvolveram um algoritmo de aprendizado de máquina treinado em 131 desenhos de dor fornecidos prospectivamente por pacientes de cirurgia de dor de cabeça antes de serem submetidos à cirurgia de desativação do local de dor. Especificamente 24 recursos foram usados para descrever a distribuição anatômica da dor em cada desenho para interpretação pelo algoritmo de aprendizado de máquina. E o resultado cirúrgico medido pelo cálculo da porcentagem de melhora no Índice de Dor de Enxaqueca foi feito pelo menos 3 meses após a cirurgia. “A avaliação do conjunto de teste de dados demonstrou que o algoritmo foi consistentemente mais preciso (94%) do que avaliadores clínicos treinados. A inteligência artificial ponderou dor difusa, dor facial e dor no vértice da cabeça como fortes preditores de mau resultado cirúrgico. Este estudo indica que a análise algorítmica é capaz de correlacionar os padrões de dor desenhados pelos pacientes com os bons resultados da cirurgia, com a melhora percentual do Índice de Dor de Enxaqueca com boa precisão (94%)”, diz o médico.

As Cirurgias para Enxaqueca podem ser de sete tipos principais nas seguintes regiões: Frontal, Rinogênico, Temporal e Occipital (nuca). Segundo o Dr. Paolo Rubez, para cada um dos tipos de dor existe um acesso diferente para tratar os ramos dos nervos, sendo todos nas áreas superficiais da face ou couro cabeludo, ou ainda na cavidade nasal. O médico explica que cada cirurgia foi desenvolvida para gerar a menor alteração possível na fisiologia local. “Em todos estes tipos, o princípio é o mesmo: descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo ou occipital, que são irritados pelas estruturas adjacentes ao longo de seus trajetos”, detalha o médico. A cirurgia pode ser feita em qualquer paciente que tenha diagnóstico de Migrânea (Enxaqueca) feito por um neurologista, e que sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês que não consigam ser controladas por medicações; ou em pacientes que sofram com efeitos colaterais das medicações para dor ou que tenham intolerância a elas; ou ainda em pacientes que desejam realizar o procedimento devido ao grande comprometimento que as dores causam em sua vida pessoal e profissional.

O Dr. Paolo Rubez enfatiza que as cirurgias são realizadas em ambiente hospitalar e sob anestesia geral e em alguns casos sob anestesia local. “A duração da cirurgia, para cada nervo, é de cerca de uma a duas horas, e o paciente tem alta no mesmo dia para casa”, conta. “A cirurgia da enxaqueca é responsável por diminuir a intensidade, frequência e duração das dores e, também, o uso de medicamentos”, finaliza o médico.

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*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico formado pela UNIFESP, é membro da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons), da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca dos EUA. Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico tem 8 Observerships com o Dr. Bahman Guyuron em Cirurgias Plásticas Faciais, em Cleveland – EUA. É idealizador do Migraine Surgery Academy, que ensina e estimula cirurgiões plásticos de todo mundo a realizarem as cirurgias de enxaqueca a fim de beneficiar mais pacientes com o tratamento. Instagram: @drpaolorubez

 


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