Diabetes: investigamos se a condição pode prejudicar a fertilidade e como proteger o sistema reprodutivo

DO TEXTO: O especialista em Reprodução Humana destaca que o controle medicamentoso da doença aliado a novos hábitos de vida formam uma relação de fundamental...

Taças de cereais e de fruta e uma fita métrica.


Brasil é o quinto país do mundo em incidência da Diabetes, uma doença que pode causar desequilíbrios hormonais, afetar as células reprodutivas e minimizar as chances de gravidez

São Paulo – dezembro 2022 - O Brasil é o quinto país no mundo em incidência da Diabetes, uma doença que pode provocar inúmeros transtornos metabólicos e está aumentando mundialmente: dados da Federação Internacional de Diabetes dão conta de que o número de pessoas com a doença aumentou em 74 milhões, totalizando 537 milhões de adultos no mundo em 2021 - no Brasil cerca de 7% da população contam com a doença. “Diabetes é um termo genérico para condições que envolvem níveis elevados de açúcar no sangue. Ela pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser utilizada em diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta, portanto, em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia. A condição, quando não controlada, pode trazer consequências negativas para a visão, rins, coração, nervos e membros inferiores, além de provocar desidratação, dificuldade de cicatrização e complicações respiratórias”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez*, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Além disso, o problema, quando não controlado, também pode causar infertilidade e até complicações gestacionais”, explica o Dr. Fernando Prado*, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

Apesar de serem diferentes, tanto a diabetes tipo 1, uma condição caracterizada pela deficiência na produção de insulina, quanto a tipo 2, em que há resistência à atuação da insulina, podem interferir na fertilidade e dificultar a concepção de um bebê. “O tipo 2 é o mais comum em incidência e está ligado a uma deficiência hormonal na mulher, além de ciclos menstruais irregulares, o que pode favorecer a infertilidade. Os hormônios, na verdade, ficam em desequilíbrio, de forma que quanto menor for a ação da insulina, maior será a produção de hormônios masculinos. No caso do tipo 1, órgãos endócrinos como os ovários podem ser prejudicados, o que pode impossibilitar a gravidez também. Mas em ambos os casos o controle da doença é determinante para aumentar as chances de gravidez”, destaca o Dr. Fernando Prado.

No homem, o descontrole nos níveis de insulina em pacientes diabéticos pode alterar os níveis de testosterona, reduzindo-os, o que dificulta a fabricação e maturação de espermatozoides. “Além disso, pode ocorrer redução significativa do volume do sêmen, piora na motilidade dos espermatozoides, dificultando a fecundação, e formação de um embrião com má formação por conta de espermatozoides com DNA fragmentado, o que aumenta os riscos de aborto. Há casos de disfunções na ejaculação, em que parte dos espermatozoides no sêmen são lançados para a bexiga em vez de sair pela uretra, o que dificulta ainda mais a fecundação”, diz o médico.

O especialista em Reprodução Humana destaca que o controle medicamentoso da doença aliado a novos hábitos de vida formam uma relação de fundamental importância para aumentar as chances de gravidez – e ter mais saúde no geral. “Os principais sinais da doença, que muitas vezes é silenciosa, são: cansaço sem explicação, fome e sede excessiva, perda de peso (no caso de diabetes tipo 1), ganho de peso (diabetes tipo 2), vontade constante de urinar e infecções constantes. Mas o ideal é buscar fazer o check-up anual com o médico, com exames de sangue”, argumento o Dr. Fernando. “Quanto antes for tratado, menores as chances de desenvolver problemas metabólicos e maiores as chances de gravidez”, afirma o especialista.

Pacientes diagnosticados com o que ficou conhecido como “pré-diabetes” também devem se preocupar, segundo o médico. “Se os exames laboratoriais mostrarem que uma pessoa tem pré-diabetes, é sinal de que já existem alterações no metabolismo dos açúcares e que estratégias para retardar ou prevenir o aparecimento do diabetes tipo 2 são necessárias. É sempre importante lembrar que diabetes é doença crônica, que pode ser controlada, mas não tem cura”, acrescenta a médica nutróloga.

No caso de pacientes pré-diabéticos, o melhor caminho é não medir esforços para prevenir ou retardar a doença. “A modificação intensiva do estilo de vida continua sendo a melhor maneira de reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2. Pode ajudá-lo a evitar ou retardar o diabetes, obter benefícios adicionais associados à perda de peso e reduzir o risco de doenças cardíacas e derrames. Com relação às mudanças no estilo de vida, é necessário melhorar hábitos alimentares, incluir exercícios físicos, melhorar hábitos de sono, evitar alcoolismo e tabagismo. Na prevenção e tratamento da síndrome metabólica, o exercício físico é considerado de grande importância. Tal intervenção, comprovadamente, melhora a tolerância à glicose e reduz a resistência à insulina. A prática moderada tanto de exercícios aeróbicos como de força é indicada para todos, mais ainda para pré-diabéticos e portadores de síndromes metabólicas, desde que seja frequente e obedeça a uma periodicidade. Atividades de flexibilidade e relaxamento, associadas às de força e aeróbicas, também trazem impactos positivos. O mais importante é sair do sedentarismo”, explica a Dra. Marcella Garcez. Com relação à dieta para a melhora da condição do pré-diabético, independente da prática de atividades físicas, o ideal é limitar o consumo de calorias, carboidratos simples como açúcares e farináceos refinados, gorduras, sal em excesso, alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas. “É recomendado consumir mais carboidratos complexos, aqueles que têm maior quantidade de fibras, proteínas e gorduras saudáveis, nutrientes responsáveis por diminuir os picos de glicose no sangue; exemplos de alimentos com alta quantidade de fibras são frutas (como abacate, mamão, ameixa, melão e melancia), vegetais (agrião, alface, abóbora, aipo, aspargo e beterraba), grãos (arroz integral e aveia) e leguminosas (feijão e ervilha). Além disso, também é indicado ingerir micronutrientes, principalmente as vitaminas, minerais e substâncias com atividades antioxidantes, responsáveis por combater os radicais livres induzidos pelo excesso de açúcar no sangue”, diz a médica.

Por fim, o médico enfatiza que, mesmo com todos os cuidados com a saúde, muitos casais em que um dos parceiros é portador de diabetes tipo 2 precisam recorrer a um especialista em reprodução assistida, com o objetivo de engravidar, e ter um acompanhamento ginecológico pré-natal para minimizar o risco de outros problemas metabólicos para a mãe e que afetam o desenvolvimento saudável do bebê.

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*DR. FERNANDO PRADO: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres - Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita - Reprodução Humana.

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez

 


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