No segundo volume da série "Não Branco Não Homem", Toni Grado lança um olhar crítico ao contexto sociopolítico da atualidade
O que você faria se as estruturas de poder estivessem contra você? Você seguiria em frente, recusando-se a se encaixar em qualquer categoria que lhe foi imposta, ou você se adaptaria aos padrões estabelecidos para sobreviver? No segundo volume da série Não Branco Não Homem, escrito por Toni Grado, a protagonista escolhe a primeira opção.
A personagem principal é Chris, uma professora universitária que pesquisa filosofia da ciência. Formada em uma prestigiosa universidade, ela se firmou na carreira acadêmica, apesar de parte da comunidade de pesquisadores recusar a tese que defende. Com opiniões fortes, não se identifica com nenhuma orientação sexual e tem gênero indefinido, mesmo que esteja habituada a utilizar os pronomes femininos.
Durante sua jornada, ela passará por vários problemas que colocarão em risco os ideais que defende. Será, por exemplo, acusada de plágio sem que ninguém fique ao seu lado, exceto por um professor. Também enfrentará violências e se questionará sobre as normas sociais que as pessoas são, muitas vezes, obrigadas a cumprir.
Somado aos conflitos pessoais da protagonista, Não Branco Não Homem também revela os impasses envolvendo a disputa eleitoral na cidade. Em meio a uma campanha política acirrada, a narrativa evidencia que, entre alianças inesperadas e reviravoltas eleitorais, o que menos importa é o bem-estar da população. Toni Grado discute, assim, temas caros aos brasileiros, como as consequências da violência e da polarização política.