LAGO LIBIDINAL > instalação/concerto de Jonathan Uliel Saldanha - CCB 2 e 3/7

DO TEXTO:
Este trabalho colossal transforma o palco do Grande Auditório do CCB num sistema de múltiplas escalas em que o palco é ocupado pela superfície de um lago artificial


Lago Libidinal
Carta Branca a Jonathan Uliel Saldanha

Coprodução Centro Cultural de Belém e Teatro Municipal do Porto

CCB . 2 e 3 julho . sábado e domingo . 19h00 . Palco do Grande Auditório


Direção e música Jonathan Uliel Saldanha
Dramaturgia Catarina Miranda, Lendl Barcelos, Francisco Antão, Letícia Skrycky, Jonathan Uliel Saldanha
Coreografia Catarina Miranda, Jonathan Uliel Saldanha, Aurora Katana, Daniela Cruz, Deeogo Oliveira, Só Filipe
Performance Aurora Katana, Daniela Cruz, Deeogo Oliveira, Só Filipe

Este trabalho colossal transforma o palco do Grande Auditório do CCB num sistema de múltiplas escalas em que o palco é ocupado pela superfície de um lago artificial que serve como um interface reflexivo onde os performers-milícia, o público e os músicos são parte de um ecossistema viral. O corpo aquático é uma matriz habitada por lítio, por mercúrio vermelho e por fungos bioluminescentes que se interrelacionam com mecanismos de luz, para revelar contaminações ocultas e transformá-las em vetores de contágio. Todos estes aspetos têm o seu lugar na composição, consciente ou inconscientemente, e são revelados pouco a pouco durante a performance.

Em paralelo com a dinâmica inorgânica em jogo, desenvolve-se um sistema esotérico de elementos alquímicos e combinações numéricas. Estes processos são o interior mineral do Lago Libidinal e entram em conflito com a tapeçaria sincrónica que revela a sua inquietante circulação néon. Os segredos abertos escondem-se à vista de todos. Nada age como esperado: perceções desfiguram-se numa geometria distorcida, e a temporalidade modula-se em sobreposições dilatadas e contraídas, as paletas harmónicas extrapolam-se numa orquestração semissintética. Lago Libidinal arrasta o público para uma dimensão paralela e algo disfuncional.

Uma rede linfática de derivados inorgânicos alimenta-se do fluxo contínuo e constante de dados referentes às flutuações da bolsa de valores. O Lago torna-se numa sedução infraestrutural de organismos humanóides polifórmicos que se tornam numa carcaça tóxica. A modelação de culturas de germes deforma ainda mais qualquer leitura linear da despesa. Aqui só há valor acrescentado. Mecanismos de feedback positivo de longo alcance sobrepõem-se à contenção segura de uma restrição normativa, estendendo os fantasmas de uma formulação cibernética de terceira vaga. O realismo hiper-capitalista torna-se numa mutação estética de uma não tão distante ficção científica económica do Lago Libidinal.

Lendl Barcelos

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Carta Branca a Jonathan Uliel Saldanha

Jonathan Uliel Saldanha, compositor, artista visual e encenador, investiga a interseção dos campos da pré-linguagem, da alteridade e da ficção científica, servindo-se do som como um vetor de contágio entre eles, alcançando uma zona de tensão entre o artificial e a paisagem. É desafiado pelo CCB a realizar a curadoria de uma série de concertos envolvendo músicos do Uganda, Brasil, Turquia, França, Haiti e outras geografias. Uma Carta Branca que nos revela novos mundos-possíveis. 

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