Cientistas conseguem reverter envelhecimento do óvulo e aumentar chance de fertilidade

DO TEXTO: Resultado do estudo foi publicado no fim de fevereiro no periódico Aging Cell

O tempo é implacável e, quando pensamos em fertilidade, essa é uma verdade que requer muito planejamento, afinal, a qualidade do óvulo das mulheres diminui com a idade – o que reduz as chances de gravidez.

 

Estudo mostrou que os pesquisadores conseguiram identificar os mecanismos de envelhecimento do óvulo e de que forma há a ativação de partes prejudicais do material genético


Resultado do estudo foi publicado no fim de fevereiro no periódico Aging Cell. Essa é a primeira vez que cientistas recuperam óvulos envelhecidos - e conseguiram elevar sua maturação em até 28,6%

São Paulo – maio de 2022 - O tempo é implacável e, quando pensamos em fertilidade, essa é uma verdade que requer muito planejamento, afinal, a qualidade do óvulo das mulheres diminui com a idade – o que reduz as chances de gravidez. “Com o processo de envelhecimento, há mais danos ao DNA do óvulo, o que prejudica a sua maturação”, explica o Dr. Fernando Prado*, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. Mas um novo estudo , publicado em fevereiro no periódico científico Aging Cell, mostrou que uma novidade impressionante: pela primeira vez, cientistas conseguiram recuperar óvulos envelhecidos, por meio do uso de um antiviral indicado para o tratamento do HIV, a Zidovudina ou AZT.

O estudo mostrou que os pesquisadores conseguiram identificar os mecanismos de envelhecimento do óvulo e de que forma há a ativação de partes prejudicais do material genético, o que colabora para que esses danos impeçam a capacidade reprodutiva. “Os cientistas decidiram testar, então, o antiviral chamado inibidor da transcriptase reversa, usado para prevenir danos ao DNA em infecções virais. Eles queriam saber se poderiam impedir a atuação dessas partes danosas do material genético do óvulo que se assemelham a fragmentos de vírus”, explica o Dr. Fernando.

Para testar a hipótese, eles adicionaram doses baixas do antiviral AZT, indicado para tratamento da aids, em óvulos envelhecidos de camundongos. “Nesse processo, houve um resgate parcial dos gametas envelhecidos e o índice de maturação foi elevado em até 28,6%. Esse é um importante achado, foi a primeira vez que se conseguiu reverter o processo de envelhecimento dos óvulos. No entanto, os testes também precisam ser feitos em óvulos humanos e ter uma continuidade, já que, no estudo, os gametas que tiveram seus danos revertidos não foram fecundados como parte do trabalho. Isso gera dúvidas sobre a capacidade final do procedimento”, explica o médico.

O médico espera que novos testes sejam feitos. “É cada vez mais real que as mães adiem os planos de gravidez. Dados do IBGE, entre 2008 e 2018, apontam que o número de nascimentos cujas mães tinham menos de 30 anos diminuiu, ao passo que aumentou a quantidade de mulheres que se tornaram mães após essa idade. E o mais perigoso é que esse processo de envelhecimento do óvulo começa a acontecer após os 30 e se intensificar após os 35”, diz o médico. “Por esse motivo, esperamos mais estudos para que seja possível aumentar a fertilidade entre mulheres mais velhas utilizando medicamentos antivirais. Isso irá aumentar muito as chances destas mulheres engravidarem e também pode reduzir os riscos de síndromes genéticas, que são bem mais altos após os 35 ou 40 anos", finaliza o médico.

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*DR. FERNANDO PRADO Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres - Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita - Reprodução Humana.
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