Vinícius Duran transforma fuzilamento de músico carioca no samba “Bandeira Vermelha”

DO TEXTO: Vinícius Duran anuncia o lançamento de seu primeiro disco solo com o impactante single “Bandeira Vermelha”.
“Bandeira Vermelha” - O título faz referência ao brado conservador que teme uma suposta ameaça comunista, enquanto brasileiros - em geral, pretos, pardos e pobres -, têm seu sangue estampado nos noticiários. Duran transforma o trágico episódio do assassinato do músico Evaldo Rosa dos Santos em um samba de letra marcante, com participação especial da cantora Adriana Moreira.

Canção tem participação da cantora Adriana Moreira

Cantor, compositor e violonista paulista, Vinícius Duran anuncia o lançamento de seu primeiro disco solo com o impactante single “Bandeira Vermelha”. O título faz referência ao brado conservador que teme uma suposta ameaça comunista, enquanto brasileiros - em geral, pretos, pardos e pobres -, têm seu sangue estampado nos noticiários. Duran transforma o trágico episódio do assassinato do músico Evaldo Rosa dos Santos em um samba de letra marcante, com participação especial da cantora Adriana Moreira.

Assista ao clipe “Bandeira Vermelha”:

Ouça “Bandeira Vermelha”: https://tratore.ffm.to/bandeiravermelha

Na notícia que chocou o país, Evaldo teve o carro alvejado por mais de 250 tiros de fuzil .62. No veículo, estavam também sua esposa, seu filho de 7 anos de idade, uma amiga da esposa e seu sogro. O músico morreu na hora, e Luciano Macedo, um catador que tentou ajudar a família-alvo, ficou ferido e morreu 11 dias depois. A família do músico, em protesto, carregou uma bandeira do Brasil manchada com sangue e a exibiu às câmeras que cobriam o sepultamento. Uma fotografia dessa bandeira chegou a estampar a capa da revista Veja. 

O atentado ocorreu em 2019, momento em que discursos beligerantes ascendiam aos altos poderes da república e passaram a reverberar nas camadas mais reacionárias e conservadoras da sociedade. Wilson Witzel, na época governador do Rio de Janeiro, bradava ameaças às camadas mais vulneráveis da população e comemorava a morte de criminosos na frente das câmeras. O caso dos “80 tiros”, como ficou conhecido à época, dado a um erro de informação sobre o número de disparos divulgado pela imprensa, tornou-se um símbolo, como tantos outros antes e depois dele, da violência exercida pelo Estado contra as populações periféricas nos grandes centros urbanos.

“A grande contradição, que uso como mote no refrão deste samba, é que a corja que brada o desgastado lema ‘a nossa bandeira jamais será vermelha’, é a mesma que aplaude e corrobora com as políticas de extermínio que ceifam a vida do nosso povo e tingem com sangue a nossa bandeira”, resume Vinícius.

O músico prepara os primeiros passos de sua carreira solo após uma vida inteira dedicada à música. Os sons da zona leste de São Paulo, onde cresceu, povoam seu imaginário, indo da MPB ao samba. Na adolescência, conheceu o rock, aprendeu a tocar violão e passou a integrar a banda de pop rock Atomix. Depois de um hiato da música, que o levou à faculdade de Rádio e TV e a fundar a Rústica Produções, voltou a atuar como instrumentista com um repertório misto de autorais e releituras. 

Em seguida, passou a frequentar a Ala de Compositores do Kolombolo e a Comunidade do Samba da Vela, reconhecidos celeiros de compositores da capital paulista. Em 2018 fundou Fiat Lux, grupo de samba e pesquisa que busca defender músicas e compositores que não tiveram o devido reconhecimento pela indústria mainstream. Com repertório que inclui nomes como Talismã, B. Lobo, Toinho Melodia e Douglas Germano, o grupo teve em 2019 uma pequena turnê de apresentações em Salvador, na Bahia, onde tocou em lugares icônicos, como a Casa de Mãe.

Como compositor, Vinícius Duran teve “Filho”, uma parceria com o amigo Nico Antônio, selecionada para o Festival Musicanto, em 2018. A música foi defendida pelo grupo Nico Antônio e os Filhos do Mar, que posteriormente a incluiu no repertório do disco “O Paquiderme”, lançado em 2021.

Agora, Vinícius se prepara para lançar seu primeiro trabalho solo, o disco “Palavras Marginais”, que conta com 10 canções autorais mesclando as diversas influências do artista. O álbum tem produção musical de Renato Enoki e conta com a participação de músicos como Henrique Araújo, Júlio César e Allan Abbadia, e será lançado em breve. Enquanto isso, é possível ouvir “Bandeira Vermelha” nas principais plataformas.

Ficha técnica
Músicos:
Vinícius Duran: voz.
Adriana Moreira: voz (participação / feat).
Flora Poppovic: coro.
Marina Siqueira: coro.
Tata Alves: coro.
Cadu Ribeiro: coro.
Gregory Andreas: coro e cavaco.
Renato Enoki: Arranjos, Violão 7 cordas, Violão 6 cordas.
Júlio César: Percussão geral.
Cláudio Oliveira: Bateria.
Técnica:
Gravação banda base: Ricardo Martins (Estúdio Sambatá).
Gravação coberturas: Guilherme Lacerda (Biriguibam).
Gravação voz Adriana: Marcos Alma (Nheengatu).
Edição e Mixagem: Pedro Romão.
Masterização: Maurício Gargel.

Arte de capa: Løpz


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