Cirurgia pode dar fim a ciclo vicioso em que estresse alimenta enxaqueca (e vice-versa)

DO TEXTO: Enxaqueca, afeta cerca de 15% da população brasileira

Crises constantes de enxaqueca também podem alimentar o estresse

Crises constantes de enxaqueca também podem alimentar o estresse, que é um dos principais gatilhos da dor de cabeça. Minimamente invasiva, cirurgia pode dar fim ao problema

São Paulo –Fevereiro/2022 - O estresse já foi apontado como um dos principais gatilhos para a enxaqueca, cujas crises podem durar até 72 horas, aparecer mais de 15 dias por mês e apresentar sintomas como dor intensa e pulsátil em um ou nos dois lados da cabeça, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som. Segundo estimativas, a doença crônica Migrânea, conhecida popularmente como Enxaqueca, afeta cerca de 15% da população brasileira, sendo que a faixa etária dos 20 aos 45 anos é a mais acometida. “Muitas pessoas que já possuem algum tipo de predisposição podem sofrer com crises de enxaqueca maiores em períodos de estresse. Isso porque nosso comportamento, emoções e estado mental influenciam fortemente no aparecimento do problema, já que, durante essas situações de alteração do humor, ocorrem mudanças na liberação das substâncias que o cérebro utiliza para minimizar a dor. Além disso, esse ciclo pode tornar-se vicioso, no qual a própria enxaqueca alimenta o estresse – o que pode fazer com que os sintomas perdurem”, explica o Dr. Paolo Rubez*, cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Migraine Surgery Society. O médico afirma que, para esses casos, é recomendada a cirurgia da enxaqueca. “Pacientes com dores de cabeça crônicas sofrem de dores debilitantes, que frequentemente levam ao uso de vários medicamentos. A cirurgia surgiu como um tratamento eficaz para pacientes com cefaléia refratária. Um estudo de Harvard, publicado ano passado, comparou o uso de medicamentos no pré e pós-operatório de pacientes submetidos ao procedimento e constatou que mais de 2/3 deles diminuíram o uso de medicamentos prescritos, sendo que do total de pacientes que passaram pelo procedimento, 23% não precisaram mais tomar medicamento algum”, acrescenta o médico.

Segundo o geneticista Dr. Marcelo Sady*, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene, laboratório especializado em análise genética e exames de genotipagem, o ponto principal da enxaqueca é o fato de ser um problema crônico, ou seja, vai e volta com frequência. “Enxaqueca é um transtorno neurológico multifatorial e poligênico associado a fatores ambientais, genéticos, hormonais e, também, alimentares”, afirma. “O controle do estresse é uma forma de diminuir as crises, mas alguns pacientes não conseguem ter esse controle justamente porque há vários gatilhos para a dor de cabeça crônica”, diz o Dr. Paolo.

O médico destaca que a realização de uma cirurgia pode, muitas vezes, colocar um fim definitivo às fortes crises de enxaqueca. “A Cirurgia de Enxaqueca vem sendo realizada por diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo e em mais de uma dezena das principais universidades americanas, como Harvard. Os resultados positivos e semelhantes das publicações dos diferentes grupos comprovam a eficácia e a reprodutibilidade do tratamento”, afirma o Dr. Paolo Rubez. De acordo com o especialista, o procedimento é pouco invasivo e visa descomprimir e liberar os ramos periféricos dos nervos trigêmeo e occipital, que podem sofrer compressões das estruturas ao seu redor, como músculos e vasos sanguíneos, gerando a liberação de substâncias que desencadeiam a inflamação dos nervos e membranas ao redor do cérebro e, consequentemente, favorecem o aparecimento dos sintomas da enxaqueca, como dor intensa, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz a ao som. “Ao todo, são sete tipos de cirurgias de enxaqueca, pois para cada um dos tipos de dor existe um acesso diferente para tratar os ramos dos nervos, sendo todos nas áreas superficiais da face ou couro cabeludo, ou ainda na cavidade nasal. Mas em todos estes tipos o princípio é o mesmo: descomprimir e liberar os ramos do nervo trigêmeo ou occipital, que são irritados pelas estruturas adjacentes ao longo de seu trajeto”, afirma o cirurgião.

A cirurgia para enxaqueca pode ser feita em qualquer paciente que tenha diagnóstico de Migranea (Enxaqueca) feito por um neurologista e que sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês que não consigam ser controladas por medicações. Além disso, pacientes que sofrem com efeitos colaterais das medicações para dor, que tenham intolerância a estas medicações ou ainda que têm sua vida pessoal e profissional comprometida devido às dores também podem passar pelo procedimento. “As cirurgias são realizadas em ambiente hospitalar e sob anestesia geral ou, em alguns casos, sob anestesia local, durando cerca de uma a duas horas para cada nervo. E o melhor é que o paciente tem alta no mesmo dia, podendo voltar para casa”, finaliza o Dr. Paolo Rubez.

*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico formado pela UNIFESP, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico tem 7 Observerships com o Dr. Bahman Guyuron em Cirurgias Plásticas Faciais, em Cleveland – EUA.. Instagram: @drpaolorubez
*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.

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