MSF alerta para sofrimento causado por políticas da UE para refugiados na Grécia

DO TEXTO: Relatório detalha grave crise humanitária provocada por políticas de contenção à migração nas ilhas gregas vigentes há cinco anos
Em relatório divulgado hoje, Médicos Sem Fronteiras (MSF) mais uma vez pede aos líderes da União Europeia (UE) que mudem completamente sua abordagem à migração e que parem de intensificar suas atuais políticas de contenção e dissuasão, que estão causando danos evitáveis à saúde e ao bem-estar dos solicitantes de asilo, refugiados e outros migrantes.


Relatório detalha grave crise humanitária provocada por políticas de contenção à migração nas ilhas gregas vigentes há cinco anos


Em relatório divulgado hoje, Médicos Sem Fronteiras (MSF) mais uma vez pede aos líderes da União Europeia (UE) que mudem completamente sua abordagem à migração e que parem de intensificar suas atuais políticas de contenção e dissuasão, que estão causando danos evitáveis à saúde e ao bem-estar dos solicitantes de asilo, refugiados e outros migrantes.


“Por mais de cinco anos, a política da UE de conter pessoas em campos e processar os seus pedidos de asilo nas ilhas gregas criou uma crise sem precedentes e um enorme sofrimento humano. Essas não são consequências inesperadas”, disse Reem Mussa, consultor humanitário de MSF sobre migração e um dos autores do relatório. “Esse modelo da UE (de concentrar as pessoas nestes locais) é projetado não apenas para processar os pedidos de asilo de migrantes, mas também para dissuadir outros que se atrevam a buscar segurança na Europa.”


O relatório, "Construindo a Crise nas Fronteiras da Europa", mostra como as políticas de migração da UE colocam em risco a saúde, o bem-estar e a segurança das pessoas presas nas ilhas gregas. As pessoas que sobreviveram à violência e às adversidades estão presas em condições terríveis, sem informações sobre sua situação legal e submetidas a rigorosos procedimentos de fronteira e de asilo. Este sistema provocou miséria, colocou vidas em perigo e corroeu o direito de asilo.


Durante 2019 e 2020, clínicas de saúde mental de MSF em Chios, Lesbos e Samos trataram 1.369 pacientes, muitos dos quais sofriam de graves problemas de saúde mental, incluindo transtorno de estresse pós-traumático e depressão. Mais de 180 pessoas tratadas por MSF causaram ferimentos em si mesmas ou tentaram suicídio. Dois terços delas eram crianças e a mais nova tinha apenas seis anos.


Pacientes de MSF citaram o estresse diário e os medos constantes como os principais fatores que afetam seu bem-estar e saúde mental. Isso inclui viver em condições precárias, procedimentos administrativos e de asilo complicados, exposição à violência e insegurança, separação familiar, necessidades médicas não atendidas e medo de deportação.


Além disso, durante anos, até os fundamentos mais básicos da vida foram negligenciados nas ilhas gregas. MSF e outras ONGs têm sido continuamente forçados a intervir para fornecer serviços essenciais, desde cuidados de saúde à água. Entre outubro de 2019 e maio de 2021, as equipes de MSF transportaram mais de 43 milhões de litros de água potável para as pessoas no superlotado acampamento de Vathy em Samos, onde a água não é segura para beber.


“Apesar de alegar uma mudança para melhor, a UE e o governo grego estão gastando milhões de euros para padronizar e intensificar políticas que já causaram muitos danos”, disse Iorgos Karagiannis, coordenador-geral de MSF na Grécia.


“É chocante ver que o campo de Moria, em Lesbos, que não era apenas disfuncional, mas mortal, tornar-se agora o modelo para um novo centro semelhante a uma prisão em Samos. A nova instalação fica em uma área remota e exposta da ilha e irá manter as pessoas em contêineres, cercadas por arame farpado, com entrada e saída controladas. Isso não pode ser considerado uma melhoria nas condições de vida das pessoas. Pelo contrário, isso continuará a causar danos na saúde mental das pessoas, uma nova crise de proteção e tornará o sofrimento dos migrantes presos nas ilhas gregas ainda mais invisível.”

A UE e o governo grego estão intensificando a crise com o planeamento de novos Centros de Recepção e Identificação em locais remotos nas ilhas gregas. Um desses centros restritivos já está sendo construído em Samos e pode estar funcionando em junho de 2021.


“Não é tarde para compaixão e bom senso. A UE e os seus Estados-Membros devem acabar com as políticas de contenção e garantir que as pessoas que chegam à Europa tenham acesso a assistência urgente e que seu acesso à proteção e à realocação para um acolhimento e integração seguros nas comunidades em toda a Europa seja facilitado”, finaliza Mussa. 


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