Dr. Caitano Neto fala sobre o índice de analfabetismo no Brasil

DO TEXTO: O Brasil deveria ter atingido, no ano de 2015, a marca de 6,5% de analfabetos, para que em 2024 essa taxa chegasse a zero.
A redução da taxa de analfabetismo no Brasil é uma das principais metas do Plano Nacional de Educação (PNE)
Pelos critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
habitantes de 15 anos ou mais que não são capazes de ler e escrever anotações simples
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A redução da taxa de analfabetismo no Brasil é uma das principais metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece mudanças na melhoria da educação no país até o ano de 2024, abrangendo desde o Ensino Infantil até a Pós-Graduação.


De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação, dados apontam que a taxa de analfabetismo no Brasil passou de 6,8% no ano de 2018, para 6,6% em 2019. Em números, os dados representaram uma queda de 200 mil pessoas, porém mesmo com a queda, o país ainda apresenta um total de 11 milhões de analfabetos.

Pelos critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), habitantes de 15 anos ou mais que não são capazes de ler e escrever anotações simples, se enquadram na questão do analfabetismo. A Região Nordeste do país ainda se mantém como a região de maior concentração do analfabetismo, não havendo progresso nenhum em relação à 2018, enquanto as demais regiões mostram avanços.

Para Dr. Caitano Neto*, professor com 26 anos de experiência em administração e gerenciamento de instituições de ensino superior, uma alta taxa de analfabetismo, influencia não só na capacidade de produção de um país, mas também na formação de aspectos de cidadania que são fundamentais para a construção de uma sociedade democrática e igualitária. 

"Esta é uma característica estruturante e estratural no Brasil. Que precisa ser mudado urgentemento, para não influeniar a formação das próximas gerações de cidadãos e cidadãs em que virão. Prova disso é como o Estado tem lidado com as demandas em que o coronavísrus apresentou para os adminstradores públicos. Se antes da pandemia o sistema educacional no Brasil era precário e desigual, agora o abismo está do tamanho de um cânion."


A pesquisa apresenta padrões já conhecidos do analfabetismo no país, alguns Estados da região Nordeste como Alagoas (17,1%), Paraíba (16,1%) 
e Maranhão (15,6%) mostram taxas relativamente elevadas
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O Brasil deveria ter atingido, no ano de 2015, a marca de 6,5% de analfabetos, para que em 2024 essa taxa chegasse a zero.
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A pesquisa apresenta padrões já conhecidos do analfabetismo no país, alguns Estados da região Nordeste como Alagoas (17,1%), Paraíba (16,1%) e Maranhão (15,6%) mostram taxas relativamente elevadas em relação a Estados do Sul e Sudeste, como Rio de Janeiro (2,1%) e São Paulo (2,6%).

Além de questões etárias e regionalistas, o levantamento apresentado pelo Pnad Contínua Educação mostra que as desigualdades raciais também são fatores importantes a serem analisados. A taxa de analfabetismo entre aqueles com 15 anos ou mais relacionados à etnia branca é de 3,6%, em contraponto a mesma entre pretos e pardos essa taxa é de 8,9%.

A diferença é ainda maior entre a população com 60 anos ou mais, enquanto 9,5% da população branca dessa faixa etária não sabem ler e escrever, entre a população preta e parda esse percentual triplica para cerca de 27,1%.

A redução da taxa de analfabetismo no Brasil é uma das principais metas do Plano Nacional de Educação (PNE), através da Lei 13.005/2014, que estabelece mudanças na melhoria da educação no país até o ano de 2024, abrangendo desde o Ensino Infantil até a Pós-Graduação.

Segundo a coordenadora de pesquisa do IBGE Adriana Beringuy: “É uma taxa que vem baixando ao longo do tempo. O analfabetismo está mais concentrado entre as pessoas mais velhas, uma vez que jovens são mais escolarizados e, portanto, vão registrar indicador menor. O Nordeste é o grande desafio no alcance da meta do analfabetismo”, acrescenta.

O Brasil deveria ter atingido, no ano de 2015, a marca de 6,5% de analfabetos, para que em 2024 essa taxa chegasse a zero. Outro ponto abordado por Adriana Beringuy no que diz respeito ao projeto de lei da PNE é que há a percepção de que chegou em 2019 com a taxa nacional próximo à de 2015, isso significa que o Brasil está atrasado quatro anos sob esta perspectiva.

De acordo com dados coletados entre pessoas com 25 anos ou mais e divulgados pela Pnad Contínua Educação, a média de estudo no mercado educacional brasileiro é de 9,4 anos. Em 2016 a média era de 8,9 anos, enquanto em 2018, 9,3 anos.

Regionalmente, Sudeste (10,1), Centro-Oeste (9,8) e Sul (9,7) apresentam médias de anos de estudo acima da média nacional, enquanto as regiões Norte (8,9) e Nordeste (8,1) ficam abaixo da média.

A proporção dos que concluíram o Ensino Médio com 25 anos ou mais passou de 47,4% no ano de 2018 para 48,8% no último ano de 2019. O índice aumenta para 57% apenas com entre a etnia branca. Entre pretos e pardos o índice fica em 41,8%. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa diferença entre os anos de 2016 para 2019 caiu pouco, “porém se manteve em patamar elevado, indicando que as oportunidades educacionais eram distintas para esses grupos”.

Apesar dos avanços, o IBGE alega que mais da metade da população de 25 anos ou mais no Brasil não completaram a Educação Escolar Básica.

*Os dados da Pnad Contínua Educação do IBGE são referentes ao segundo trimestre de 2019*

*Dr. Caitano Neto
Nascido em Barra do Corda, um município do estado do Maranhão, Dr. Caitano Neto cresceu em meio à pobreza, alfabetizou-se em escola rural e por vivenciar uma realidade precária e sem acesso à direitos básicos, sempre teve contato com organizações beneficentes. Na início da decada de 1980, Caitano viajou para São Paulo para desbravar a selva de pedra com o objetivo de se desenvolver e mudar o seu status de vida.
Hoje ele é o CEO da Saphir Educ, uma holding mista com mais de 10 empresas no grupo. Atualmente a Saphir Educ por meio do Planejamento de Aceleração, busca investidores e parceiros para contribuir com a educação de qualidade no Brasil.

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