Violência compromete acesso a cuidados de saúde em região de Moçambique

DO TEXTO: Ataques em Cabo Delgado forçam milhares de pessoas a fugir e danificam instalações de MSF. O centro de saúde onde Médicos Sem Fronteiras (MSF) presta apoio médico na localidade foi atingido.

Ataques em Cabo Delgado forçam milhares de pessoas a fugir e danificam instalações de MSF


Um grupo armado invadiu na última semana o vilarejo de Macomia, localizado na província de Cabo Delgado no norte Moçambique, e incendiou casas, lojas, escolas e edifícios religiosos e governamentais. A população local conseguiu fugir para a mata próxima ao povoado e para aldeias vizinhas. O centro de saúde onde Médicos Sem Fronteiras (MSF) presta apoio médico na localidade foi atingido.

“MSF tinha 27 profissionais apoiando o Centro de Saúde de Macomia. Esconderam-se nas matas durante quase dois dias, com muito medo de saírem. Felizmente ninguém foi ferido e hoje todos foram localizados”, confirmou a coordenadora de projeto de MSF, Caroline Gaudron Rose. “Este ataque e os que o antecederam forçaram milhares de pessoas a fugir. A nossa capacidade para chegar a quem precisa de ajuda é prejudicada por este aumento da violência e pela destruição do Centro de Saúde.”

Depois de anos de episódios de violência, a região sofre com o aumento no número de ataques desde março deste ano. As investidas dizimaram vilas e afugentam populações locais. Em Macomia já habitavam grande número de pessoas de outras regiões de Cabo Delgado que deixaram suas casas por causa de ataques anteriores na província. Esse número de deslocamentos na região continua crescendo.

“Ainda há ainda milhares de pessoas deslocadas que estão escondidas nas matas, assustadas demais para regressarem às suas aldeias. Estão aterrorizadas com a violência constante”, afirmou Gaudron Rose. “A situação pode ser extremamente terrível para quem foi forçado a fugir de Macomia e de outras aldeias vizinhas – sem abrigos, nem água potável ou acesso a cuidados médicos, estão profundamente vulneráveis.”

O acesso à região norte de Moçambique tornou-se cada vez mais difícil desde que a violência eclodiu no final de 2017. A assistência humanitária se tornou crucial para as populações deslocadas por esses eventos e que já sofrem com surtos de malária e de cólera além de difícil acesso a cuidados de saúde para HIV e tuberculose. As condições médicas são agravadas pela violência na província.

MSF já teve de suspender o apoio médico prestado em Mocimboa da Praia, na esteira de ataques a esta vila ocorridos em março passado. Devido a este mais recente ataque, a MSF suspendeu também o apoio em Macomia. A MSF está revendo ativamente a sua estratégia com o objetivo de continuar a oferecer apoio às milhares de pessoas que perderam meios de subsistência, casas e as próprias comunidades.

MSF em Moçambique

MSF em Moçambique MSF está presente em Moçambique desde 1984. Na cidade de Pemba, MSF presta apoio às autoridades de saúde na melhoria do acesso a água e a saneamento, assim como dando resposta a possíveis surtos de doenças diarréicas e cólera. A MSF está também presente em Maputo e na Beira, providenciando cuidados a pessoas com HIV avançado, tuberculose, hepatites e a populações vulneráveis. Em todos os projetos, MSF apoia o Ministério da Saúde de Moçambique na sua resposta à COVID-19 através da concretização de medidas de prevenção que incluem o controle, triagem e vigilância de contágio.

Sobre Médicos Sem Fronteiras
Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária internacional criada em 1971 na França por médicos e jornalistas para levar cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência médica. Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos.

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